Outubro Rosa, alerta vermelho

Por Larissa Cabral.

Movimento busca conscientização sobre o câncer de mama, mas atualmente, trinta e duas mulheres morrem por dia no Brasil por causa da doença

A cor é rosa, mas a ação é de alerta. No mês de outubro, além de monumentos e prédios iluminados por essa cor, diversas atividades pretendem chamar a atenção para o câncer de mama, doença que acomete 49 mil mulheres por ano, no Brasil. O Outubro Rosa, movimento de caráter mundial, também busca a conscientização acerca da prevenção, detecção precoce e, principalmente, sobre a importância da realização da mamografia.

Cerca de 30% das mulheres descobrem a doença já em estágio avançado, mas sua prevenção é relativamente simples, por meio da mamografia. O exame deve ser feito com uma periodicidade de um a dois anos e pode ser agendado nas Unidades Básicas de Saúde, por meio do SUS. A mamografia, contudo, é realizada em clínicas conveniadas, por ser um exame de alta complexidade, que não é oferecido nas próprias Unidades. Se o câncer de mama for descoberto no início, pode ter até 95% de chances de cura. De acordo com o Programa Saúde da Mulher, atualmente, o tempo de espera por um exame desse tipo é de 15 dias a um mês.

Em Florianópolis, o Outubro Rosa é promovido em Florianópolis pela Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUCC) e sua programação abrange, entre outras atividades, palestras in company e abertas ao público e distribuição de material informativo nos postos de saúde da rede pública municipal. Qualquer pessoa pode contribuir, participando da programação ou adquirindo camisetas e adesivos, cuja venda será revertida para os projetos da AMUCC.

Programação solidária

Um dos destaques da programação será o início da Campanha de Cirurgias de Reconstrução Mamária. A AMUCC, clínicas e médicos de Florianópolis se mobilizam para realizar a reconstrução mamária para 35 mulheres mastectomizadas, ou seja, que tiveram as mamas retiradas devido ao câncer. Todas são pacientes do Centro de Pesquisas Oncológicas (CEPON) e não têm condições de pagar por uma cirurgia.

Os profissionais envolvidos na Campanha atuarão gratuitamente. Porém, para as demais despesas, a AMUCC e o Grupo de Apoio à Mulher Mastectomizada (GAMA) estão arrecadando recursos. Para isso, realizam o 1º Festival Solidário de Santa Catarina, com apresentações artísticas e almoço, dia 30 de outubro no CTG Os Praianos, em São José.

Dia 15 de outubro haverá o Abraço Rosa, no Parque de Coqueiros, das 9h às 18h, com distribuição de material informativo à população. Outra data importante para o movimento é 29 de outubro, quando será realizada a Caminhada Rosa, com concentração em frente à Catedral Metropolitana às 10h e caminhada pelas principais ruas do Centro até o Mercado Público e Ticen.

O que é

O Movimento Outubro Rosa foi criado em 1997 nos Estados Unidos e atualmente é comemorado em todo o mundo. O objetivo é dar visibilidade e estimular a participação da população e entidades na luta contra o câncer de mama, bem como sensibilizar o poder público sobre a importância de dar atenção adequada à doença. A marca principal do Outubro Rosa é a iluminação de monumentos históricos com a cor rosa. Em vários países, locais famosos recebem a cor da campanha, como a Torre de Pisa, na Itália, e o Arco do Triunfo, na França. No Brasil, são iluminados monumentos como o Cristo Redentor e o Congresso Nacional.

O Outubro Rosa chegou ao Brasil em 2008 por iniciativa da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama). Em Florianópolis, o evento surgiu em 2009, por iniciativa da AMUCC. Em 2011, os parceiros da AMUCC no Outubro Rosa são Voluntários em Ação Santa Catarina, Grupo de Apoio a Mulheres Mastectomizadas, Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC), Roche, Unimed Grande Florianópolis, Sonitec, Climama Clínica Integrada e Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA).

Problemática

Apesar da forte mobilização de incentivo à prevenção do câncer de mama, é possível perceber o grande déficit nas políticas de atenção integral à saúde da mulher, como por exemplo, a dificuldade de acesso a serviços nessa área. Entre os problemas enfrentados, observa-se a extinção da Unidade de Atenção Básica à Saúde da Mulher. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde os assuntos relativos a essa área serão tratados, após uma reformulação gerência, por unidades responsáveis por macro-regiões, juntamente com outros serviços.

A Lei Federal 11.664/2008, que entrou em vigor em abril de 2009, garante a mamografia gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para mulheres com mais de 40 anos. De acordo com a lei, as mulheres com o diagnóstico de câncer de mama passam ter direito a toda assistência pelo SUS, como: prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. Mas o tratamento posterior a cirurgia inicial ainda é precário na rede pública de Saúde. Segundo a presidente da Rede feminina de Combate ao Câncer, Sonia Mastela, muitas mulheres chegam a esperar de dois a três anos por uma cirurgia de reconstrução mamária. “Esse procedimento é muito importante para a auto-estima da mulher, que muitas vezes ainda é jovem, sexualmente ativa, mas tem que enfrentar essa espera, que é muito difícil”, explica ela.

Números da doença

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o câncer de mama é a maior causa de óbitos por câncer na população feminina, principalmente na faixa etária entre 40 e 69 anos. O Inca estima que este ano cerca de 50 mil mulheres vão ter a doença no país. Entretanto, é importante enfatizar que as chances de cura também são altas, se a enfermidade for descoberta precocemente.

De acordo com especialista em mastologia e presidente da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de apoio à Saúde da Mama, Dr Máira Caleffi, no Brasil, 32 mulheres morrem diariamente por causa do câncer de mama e a causa disso é, principalmente, a descoberta tardia da doença por falta de acesso à serviços e informação. “Precisamos de um sistema público mais ágil e acessível. Além disso, faltam especialistas (mastologista) e o sistema de saúde da família ainda é ineficiente”, disse.

Em sessão na Câmara, na quarta-feira (5), a deputada-federal Rose de Freitas (PMDB/ES) pediu mais investimentos públicos, especialmente na aquisição de mamógrafos, equipamentos essenciais para o diagnóstico da doença. Segundo a parlamentar, em consequência da falta de mamógrafos e de diagnóstico precoce, o número de mortes de mulheres por causa dessa doença não tem reduzido. Rose citou o caso da Região Norte, em que o aumento de óbitos foi de quase 21%, em 2010.

Mais informações

ABC da Saúde: http://www.abcdasaude.com.br/artigo.php?611

Rede feminista de Saúde: http://www.redesaude.org.br/portal/home/

Associação Casa da Mulher Catarina
Coordenadora: Clair Castilhos Coelho
E-mail: [email protected]
Endereço: R. Dom Joaquim, 757 – Sala 8 – Centro
88.015-310 – Florianópolis – SC
Coordenadora Adjunta: Simone Lolatto – UBM – SC
E-mail: [email protected]

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