Os piratas modernos: golpistas e ladrões sem charme

Os novos personagens dos golpes de Estado e de outras modalidades de intervenção não precisam de exércitos, não lançam mísseis; vestem paletó e calça jeans, dão palestras milionárias misturando técnicas de coaching e stand-up; têm rostos insossos e aspecto irrelevante. Em geral são bilionários, a maioria são donos ou gerentes das grandes empresas transnacionais de tecnologia, não tem pudor, são imorais profissionais, baseiam nisso sua ascensão social e o controle político sobre governos e nações, e mais, estão orgulhosos de serem o que são, piratas e ladrões.
Um deles, Elon Musk e outras superestrelas de frequente aparição nas páginas da revista Forbes, são muito ativos na arte de acabar com a democracia. Segundo a publicação estadunidense, a maioria dessas figuras é ilustre residente do estado da Califórnia. A antiga geopolítica golpista para América Latina e o Caribe se deslocou de Miami para a costa oeste do império. A grosseira máfia cubana antirrevolucionária tem que assistir pela internet os avanços dos novos protagonistas das rupturas constitucionais na região.
 
Musk, de 49 anos, é chefão da Tesla, uma jovem empresa norte-americana automotiva e de armazenamento de energia, fundada em 2003, cujo nome lembra o engenheiro eletricista Nicola Tesla. O principal produto de venda da Tesla são carros elétricos que funcionam com baterias de lítio.
 
Juntos,a Argentina, a Bolívia e o Chile, possuem 75% da produção mundial de lítio. Em 2019, o único governo desses países que não era amigo dos interesses norte-americanos era o da Bolívia de Evo Morales. Então, era a vez da Bolívia ser excluída da democracia, e foi, de forma fraudulenta e violenta. Como o golpe de estado era promovido pelos Estados Unidos, seus acólitos internacionais, Luis Almagro, o uruguaio secretário-geral da OEA, e a alta comissária de direitos humanos da ONU, a chilena Michelle Bachelet, cumpriram seu papel de apoio ao golpe, de forma ativa ou por omissão.
 
Desde Barack Obama e seu plano de Emergência Energética, centrado na produção e circulação de um milhão de carros elétricos nos Estados Unidos até 2015, o império estava de olho no lítio da Bolívia. Portanto, a Tesla, de Elon Musk precisava se apropriar do lítio boliviano. Por isso, Musk achou legítimo ser protagonista do golpe que produziu e produz violência e morte no país pelo qual tanto lutaram Juana Azurduy e Domitila Chungara. Com a desfaçatez própria desde tipo de novo bilionário, Musk afirmou que daria “golpe em quem ele quisesse”, como o fez na Bolívia. Não pediu desculpas, como o jovem Mark Zuckerberg, fundador da rede Facebook que, quando foi preciso, também interveio despudoradamente na política interna dos países.
 
Eles são assim, jovens de sucesso, intocáveis, imutáveis, invasores e saqueadores. Esse é o novo perfil dos piratas mundiais. Estão definitivamente acima dos Estados, da democracia, da liberdade e da vida.
 
#Editorial #Desacato13Anos #AOutraInformação

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