Os personagens da corrupção no governo Witzel em contratos ilícitos

Apresentamos alguns desses nomes e o papel que detinham nas operações de corrupção recentemente deflagradas.

Foto: Marcelo Camargo

O esquema de corrupção dentro do governo de Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, junto a contratos da Saúde e órgãos estatais, como o Detran-RJ, traz diversos personagens do meio político e empresarial que possibilitaram, segundo as investigações, que a cadeia de ilícitos fosse assegurada na gestão Witzel.

Abaixo, apresentamos alguns desses nomes e o papel que detinham de influência no governo ou nas operações de corrupção recentemente deflagradas.

Mário Peixoto

A Operação Favorito, iniciada no mês de março, girou em torno deste empresário, acusado de manter esquemas de corrupção em contratos da Saúde do Rio de Janeiro, desde a gestão de Sérgio Cabral, em 2012, e mantidos até o atual governo de Wilson Witzel. Leia mais aqui e aqui.

Ele foi preso preventivamente no último dia 14 de maio, acusado de se beneficiar em até R$ 647 milhões de contratos na Saúde para o combate ao Covid-19 e também com órgãos como o Detran-RJ e a Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), por meio de suas empresas, principalmente a Atrio Rio, e Organizações Sociais, entre elas o Instituto Data Rio (IDR) e a IABAS.

Luiz Roberto Martins

Também preso na semana passada, foi acusado de ser o “chefe da organização criminosa” da Operação Favorito. Ex-presidente do Instituto Data Rio e como atual presidente do Conselho de Administração da organização, tem poder de decisão. Os investigadores estimam um desvio de R$ 3,95 milhões da Saúde pelo IDR com pagamentos superfaturados. Ao todo, o IDR fechou 10 contratos no Rio para a gestão de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), recebendo mais de R$ 760 milhões do Fundo Estadual da Saúde entre 2012 e 2019.

Uma transcrição de conversa obtida por interceptação telefônica mostra que Martins acusou diretamente Peixoto de ser beneficiado de maneira ilícita. “Mas botou uma tropa de choque para trabalhar, e tá pagando um cachezinho, aquele cachezinho básico 500 mil para um 1 milhão para outro. Ele não é brincadeira não. Só de janeiro e fevereiro são dois emergenciais. Um na CST tecnologia, na FAETEC de 35 milhões de reais na Atrio e outro de 26 milhões no DETRAN. Ele não tem jeito, é do c*, aquele”.

Alessandro Duarte

Apontado como o operador financeiro de Mario Peixoto, Duarte também foi preso juntamente com o empresário. Ele teve mensagens eletrônicas interceptadas, que levantam as suspeitas dos esquemas corruptos.

Juan Neves

Ao lado de Duarte, Neves seria o contador de Peixoto, que organiza as planilhas enviadas por Alessandro com as contratações. Trecho dos despachos judiciais mostram o envio a Juan Neves das “”planilhas referente ao controle de implantação dos hospitais pela OS [Iabas], planilha detalhada com os custos do projeto, e cronograma de implantação; documentos esses que normalmente são manuseados por administradores ou diretores da empresa”.

Lucas Tristão

O secretário de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda do Rio seria o elo entre Peixoto e Witzel. Além disso, Tristão já advogou para a Atrio Rio, uma das principais fornecedoras do governo do Rio no esquema investigado. Ele e Peixoto teriam sido os responsáveis pela nomeação da presidência do Detran-RJ, cujas licitações também teria favorecido o empresário. Tristão também foi acusado por parlamentares de criar um arsenal de grampos ilegais contra 70 políticos da Alerj para intimidação e chantagens.

Em interceptação telefônica, os investigadores gravaram diálogo entre o filho de Mário Peixoto com sua mãe, em que menciona encontro do pai com o secretário, em plena quarentena, no dia 12 de abril, domingo de Páscoa. Em resposta, Tristão afirmou que a reunião não tratou de assuntos de governo, mas pessoal. “Eu sou secretário de Desenvolvimento Econômico e me relaciono com a classe empresarial em geral”, justificou.

Leonardo Rodrigues

O secretário de Ciência, Tecnologia e Informação do governador Witzel também entra na mira das investigações, uma vez que passa sobre a sua caneta os contratos da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica) e da Cecierj (Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância).

Ambas mantêm contratos em modalidade que dispensam licitação com a Atrio Rio, de Peixoto, até os dias de hoje. Somente a Faetec gerou mais de R$ 91 milhões à Atrio Rio. Leonardo Rodrigues é suplente do senador Flávio Bolsonaro e foi indicado ao governo de Witzel quando o político mantinha boa relação com o presidente Jair Bolsonaro.

Da mesma forma que foi constatada o poder do empresário dentro do Detran-RJ, o MPF do Rio já apontou a influência de Mario Peixoto sob a Faetec.

Gilson Rodrigues

O vice-presidente da Faetec até julho de 2019, Gilson Rodrigues, aparece nas investigações, acusado de atuar no esquema tanto na Faetec, quanto na Cicierj. Ele mantinha contato com Alessandro Duarte e teria sido levado aos cargos por influência de Peixoto.

Em trecho da investigação, o MPF mostra essa relação: “Destaca-se que a aparente influência de MARIO na FAETEC é corroborada pelo diálogo entre ALESSANDRO e GILSON, vice presidente da FAETEC até julho de 2019, quando assumiu o cargo de Presidente da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior à Distância do Estado do Rio de Janeiro – CECIERJ. Na aludida conversa, eles debatem sobre os cargos de direção da escola, quem iria ocupá-los e se o ‘chefe’ iria concordar, fazendo alusão, em tese, a MARIO PEIXOTO”.

Pastor Everaldo

A relação do governador Wilson Witzel com o empresário Mário Peixoto também tem como elo o pastor Everaldo, do PSC de Witzel, que se durante a campanha eleitoral estavam lado a lado, dentro do governo supostamente criaram uma disputa de poder por nomeações de secretarias e órgãos públicos. Leia mais aqui.

Paulo Melo

Ex-deputado pelo MDB, Paulo Melo foi alvo de novo pedido de prisão juntamente com Peixoto. Foi Presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e já estava cumprindo prisão domiciliar, condenado na Operação Cadeia Velha, em 2019, uma das investigações que originou a Favorito. Ele vem de outra sequência de acusações que também recaem contra Peixoto, que envolve o pagamento a conselheiros do Tribunal de Contas do Estado para obter vantagens nos contratos.

Essa investigação partiu do Ministério Público estadual, que apontou que eles “alavancaram seus negócios com contratações públicas realizadas por meio de inúmeras pessoas jurídicas, entre elas cooperativas de trabalho e Organizações Sociais, a maioria em nome de outras pessoas, a fim de permitir a lavagem dos recursos públicos indevidamente desviados e disfarçar o repasse de valores para agentes públicos envolvidos.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.