Os oceanos estão ficando sem oxigênio

O oxigênio dos oceanos, fundamental para a sobrevivência dos animais marinhos, para a manutenção das cadeias alimentares e para a regulação do ciclo do carbono, está acabando. O teor da substância vem diminuindo substancialmente há pelo menos 50 anos em oceano aberto e em águas costeiras, mostra estudo da revista Science.

As consequências para os ecossistemas são dramáticas. Contudo, antes de ocorrerem a mortandade de espécies marinhas e impactos sobre populações humanas, um efeito paradoxal deve ser verificado em curto prazo: uma proliferação de peixes, que sobreviverão espremidos em áreas onde ainda ocorre alterações de componentes.

A principal causa desse “sufocamento” são as atividades humanas. A explicação da redução do oxigênio nas águas possui como elemento determinante a elevação das temperaturas globais e o aumento da descarga de nutrientes nos mares provenientes da agricultura e do esgoto das cidades.

Mais quente e com mais nutrientes, os mares têm seu consumo de oxigênio elevado pela respiração microbiana. Além disso, as mudanças provocam a redução da solubilidade do oxigênio na água, o que leva a um menor fluxo do gás da atmosfera para o interior dos oceanos.

“O oxigênio é fundamental para processos biológicos e biogeoquímicos no oceano. Seu declínio pode causar mudanças importantes na produtividade do oceano, na biodiversidade e nos ciclos biogeoquímicos”, diz o estudo feito pela equipe liderada por Denise Breitburg, do Centro Smithsoniano de Pesquisa sobre Meio Ambiente, em Maryland (EUA).

O estudo ainda diz que “a diminuição da biodiversidade altera as cadeias alimentares e coloca em risco a segurança alimentar e a subsistência das populações do mundo”.

De acordo com os pesquisadores, as áreas em que restam quantidades mínimas de oxigênio nos mares “expandiram-se por vários milhões de quilômetros quadrados e por centenas de locais costeiros”. Nessas áreas, a concentração de oxigênio restante é tão baixa que já limita a distribuição e abundância de populações de animais e altera o ciclo de nutrientes importantes.

Menos oxigênio, mais nitrogênio

Além da elevação das temperaturas provocadas pelo aquecimento global, outro fator determinante para a mudança de componentes dos mares é o despejo de nutrientes como nitrogênio e fósforo. Isso ocorre principalmente em áreas costeiras, que recebem águas de bacias hidrográficas dos continentes.

Segundo o artigo da Science, essas substâncias, além de compostos orgânicos, são provenientes principalmente da agricultura e do despejo de esgoto. “Em muitas regiões, novos aumentos nas descargas de nitrogênio em águas costeiras são esperados à medida que as populações humanas e a produção agrícola aumentam”, afirmam os autores.

Segundo a pesquisa, a redução de oxigênio leva ao aumento da produção de óxido nitroso, um potente gás agravador do efeito estufa.

Boas pescarias não serão bons sinais

Há, contudo, um inusitado paradoxo nesse processo de sufocamento dos mares. É que a concentração de nutrientes como nitrogênio e fósforo em áreas costeiras e a redução de oxigênio eleva momentaneamente a produtividade de peixes.

“No curto prazo, alguns efeitos compensatórios podem resultar em melhorias na pesca local, como nos casos em que os estoques são espremidos entre a superfície e zonas mínimas de oxigênio”, diz o artigo.

Para os autores, pesquisas adicionais são necessárias para entender alterações de oxigênio a longo prazo em escala regional e global e seus efeitos sobre pescarias e ecossistemas.

Fonte: Controvérsia. 

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