Os desaparecidos do México marcam presença em livro nas Jornadas Bolivarianas na UFSC

Foto: Luara Wandelli Loth/Ítalo Padilha

O livro Sepultura de palavras para os desaparecidos – Histórias dos buscadores do México, da jornalista Luara Wandelli Loth, publicado pela Editora Insular, e que aborda o drama das famílias dos desaparecidos na busca de fossas clandestinas, será disponibilizado, em primeira mão, na 14ª edição das Jornadas Bolivarianas, evento internacional organizado pelo Instituto de Estudos Latino-americanos da UFSC (IELA), marcado para o auditório da Reitoria no período de 7 a 9 de maio. Nesta segunda-feira, dia 7, a partir das 19 horas, a autora estará presente para autografar ou conversar sobre a pesquisa.

O livro também enfatiza o sequestro e desaparecimento, em 2014, de 43 alunos da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos, no vilarejo de Ayotzinapa, no estado mexicano de Guerrero, cujos corpos ou restos mortais jamais foram encontrados. A tragédia, que continua mobilizando famílias e movimentos sociais, provocou o surgimento de grupos de buscadores de valas e fossas clandestinas por todo país. A divulgação, na opinião da autora, pode ser considerada uma “arma contra a banalização dos desaparecimentos, já que a violência manteve curva crescente, mesmo após o escândalo de Ayotzinapa.

Os grupos de buscadores, embora politicamente divididos, desafiam um Estado dominado pelo narcotráfico, onde polícia, políticos e organizações criminosas andam de mãos dadas ou atadas.

A autora, na época estudante de Jornalismo da UFSC e intercambista da Universidade Estadual do México (UEM), testemunhou o desaparecimento dos 43 normalistas. A violência indignou e chamou a atenção do mundo. De volta ao Brasil, Luara não teve dúvidas: escolheu a tragédia dos desaparecidos como tema para desenvolver o seu trabalho de conclusão de curso.

Retornando ao México em 2015, onde permaneceu até março de 2016, a jovem exerceu perigosamente o jornalismo investigativo, acompanhando pessoalmente o trabalho do grupo de buscadores. São histórias, fotos e depoimentos que emocionam até os leitores mais insensíveis.

A grande reportagem, ora transformada em livro pela Editora Insular, denuncia e reabre uma ferida que nunca vai cicatrizar e para qual a humanidade jamais poderá fechar os sentidos. Até porque, como avisa a autora, o mundo não conseguirá dormir um “sono tranquilo” enquanto não devolver os corpos dos normalistas e demais desaparecidos. Essa é, aliás, a pena que o livro Sepulturas de palavras sentencia para a humanidade!

O trabalho que resultou em livro foi orientado pelo professor Carlos Locatelli, do curso de Jornalismo da UFSC. Com apresentação do historiador Waldir Rampinelli e “orelha” da professora de Jornalismo Daise Vogel, o lançamento oficial de Sepulturas de palavras ainda não tem data definida.

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