Organizações realizam ato contra tentativa de retirada do IFC do assentamento José Maria

Por Claudia Weinman, para Desacato. info. 

O Instituto Federal Catarinense (IFC)  está em funcionamento há aproximadamente três anos no assentamento José Maria, em Abelardo Luz/SC, onde estão localizados 23 assentamentos e mais de 1400 famílias assentadas. São mais de mil estudantes desde a educação infantil ao ensino médio que frequentam o IFC. Ontem, dia 15 de setembro de 2017, as organizações sociais e populares realizaram um ato em frente ao Fórum da cidade de Abelardo Luz/SC em defesa do IFC, considerando que existe a tentativa de retirada do campus de dentro do assentamento.  

Denúncia às perseguições de deputados, senadores e do Governo na retirada do IFC do assentamento.

Durante a mobilização, as lideranças prestaram solidariedade ao professores Ricardo Velho, Diretor do IFC, e Maicon Fontaniva, Coordenador Geral Pedagógico, que foram afastados do Instituto em operação do Ministério Público Federal no dia 16 de agosto e tiveram seus celulares e computadores apreendidos além da quebra do sigilo destes. “O Instituto precisa ficar dentro do assentamento porque as pessoas que vivem ali é que precisam dele, são as pessoas que mais precisam do aparato do Estado. Sabemos que existe a tentativa de retirada dessa conquista histórica de dentro do assentamento e que também está presente a tentativa de reprimir nossos diretores, agentes e professores. Por isso dessa mobilização”, disse o Deputado Estadual Pe. Pedro Baldissera.  

 A assessora da Pastoral da Juventude Rural (PJR) e Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Jociani Pinheiro destacou que o IFC é uma conquista dos movimentos e organizações e que não se pode aceitar retrocessos diante dessa conquista. “Quando ameaçam, colocam em dúvida ou em perigo qualquer companheiro ou companheira nós estaremos por perto. Não é possível aceitarmos as perseguições. Nós estamos aqui pelo IFC, mas especialmente pelo Ricardo e pelo Maicon que são educadores de gentes, capazes de fazer história e é por isso que eles se dedicam à educação. Dentro do assentamento José Maria está o IFC e é nesse lugar que deve permanecer, é aí que tem que estar a educação popular, no meio do povo. Ministério público não se faz isso! O nome  ‘Ministério Público’ existe para que esteja do lado do povo, é ao lado dos educadores e educadoras que vocês devem estar”. 

Ato realizado ontem, em Abelardo Luz

 O assentado e Vereador Vilmar Baumgratz, enfatizou ainda que as denúncias feitas aos profissionais do IFC demonstram perseguição. “Fizeram denúncias contra os trabalhadores de que sofriam influência do MST. Nós sabemos que não é isso, que o objetivo é tirar o IFC do nosso município e levar para outro lugar. Por isso nós fomos para a rua, para denunciar esses conservadores, políticos de Abelardo Luz que representam deputados do PMDB que vem aqui só em tempos de eleição para fazer confusão. Não vamos deixar que o IFC saia do assentamento porque ele uma das maiores conquistas nossas”, frisou.   

Entrega de documento no fórum 

 

Assinatura de recebimento do documento.

 

O representante do MST, Vilson Santin, falou sobre a entrega de documentos à assessoria do Judiciário e do Ministério Público no ato em frente ao Fórum. ” Repudiamos o que fizeram com o Maicon e com o Ricardo. Entregamos um documento no fórum, de maneira simbólica para que as autoridades levem adiante essa carta, situem as demais autoridades sobre o que significa a educação no campo, o IFC e que saibam que o que está acontecendo é uma atitude discricionária, ditatorial, injusta”, disse ele.  

 

Minutos antes da entrega do documento, policiais que estavam em jornada de trabalho no fórum foram aplaudidos por representantes das organizações após esses parabenizarem os movimentos e organizações pela mobilização e defesa ao IFC.  

 Ao final do ato, aconteceu uma mística. Dentro de um caixão simulado, as pessoas colocaram a foto dos deputados e senadores, além do presidente Michel Temer, queimando em seguida as imagens simbólicas. ” Reafirmamos através da queima simbólica o nosso posicionamento contra esses deputados, senadores, presidente impostor. Não aguentamos mais tanta corrupção e tanta retirada de direitos, tanta perseguição”, finalizou.   

Confira algumas entrevistas e imagens da mobilização:

Fotos: Claudia Weinman e Paulo Fortes.

Imagens em vídeo: Paulo Fortes, Wesley Padilha e Claudia Weinman.

Com informações de Florentino Camargo.

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