Organização do Mais Bela Negra toma medidas após injúria racial

Z a

Fonte: Nação Z.

Uma comemoração de título se tornou caso de polícia nesta segunda-feira, 9. O concurso Mais Bela Negra do RS elegeu na noite do último sábado, 7, Márcia Regina Campos, de 26 anos (foto). No entanto, a representante de Santa Cruz do Sul foi agredida com comentários racistas no post publicado pelo Portal Gaz no Facebook. A diretora do departamento cultural da Sociedade União, Cíntia Luz, comenta que a organização do evento já toma medidas contra o crime.

Segundo Cíntia, a primeira ação foi tirar prints e registrar os comentários preconceituosos e racistas. Como os insultos foram publicados por meio de um perfil falso na rede social, o mais importante é registrar o caso junto à Polícia Civil, que vai efetuar uma investigação para descobrir o computador que originou os comentários.

A Sociedade União está preparando uma nota de repúdio e já planeja uma ação. “Não vamos ficar calados”, explica Cíntia. “Em pleno novembro, mês da Consciência Negra, depois de um evento tão bonito, esse ato nos abalou muito. A gente vê muitos relatos de casos em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas quando acontece com a gente é muito difícil”, desabafa.

Márcia se formou em agosto deste ano, em Direito. Em 2014, foi eleita princesa do Carnaval de Santa Cruz. Conforme a jovem, a vontade de participar do concurso Mais Bela Negra do RS estava guardada há alguns anos, devido aos compromissos com a universidade. Para ela, a competição serve para valorizar a cultura afro-brasileira. A vitória, segundo santa-cruzense, representa a beleza integral da mulher negra e, principalmente, lutar pelos direitos junto à sociedade.

É a primeira vez que Márcia sofre preconceito pública e diretamente. “A gente sente na convivência, alguém que não cumprimenta ou olha de forma diferente”, conta. Ela relata que após a manifestação na rede social se sentiu ofendida e envergonhada. “Fiquei com vergonha de viver em um País que não compreende as diferenças. Eu senti por todo mundo que sofre com isso”, aponta.

De acordo com a jovem, ela nunca imaginou que aconteceria com ela, apesar de ainda perceber o racismo muito presente na sociedade brasileira. “A história do povo negro na luta pelos seus direitos é muito linda. Mas não é lindo ter que lutar por igualdade, algo previsto na constituição federal”, enfatizou. Agora, Márcia e a família – a mãe é advogada e o irmão policial civil – estão colhendo as provas necessárias para entrar com uma ação e rastrear o endereço do computador do autor dos comentários.

A mobilização contra o caso de injúria racial já recebe o apoio de vários órgãos de direitos humanos, incluindo o Conselho Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Compir). A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Santa Cruz do Sul também já manifestou apoio à entidade.

COMO DENUNCIAR

No site da Polícia Federal há uma página para denunciar Crimes Contra os Direitos Humanos na Internet. O internauta deve clicar no item ‘Crimes de Ódio’ que definem a prática a qualquer tipo de preconceito, seja de cor ou religião. O site ainda instrui que caso o crime não tenha sido cometido na internet, o serviço Disque 100 deve ser utilizado.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.