Obra de John Lennon, que faria 78 anos nesta terça-feira, é atualizada pelo avanço da extrema direita

Imagem: Dvulgação

John Lennon, o mais politizado e engajado dos Beatles, faria 78 anos nesta terça-feira (9), não tivesse sido assassinado, em dezembro de 1980, na porta do prédio onde morava, em Nova Iorque. A sua obra, aclamada pela crítica e pelo público, é consagrada nos quatro cantos do planeta como uma ode ao pacifismo, ao desarmamento e à igualdade.

O compositor se engajou também na luta pelo feminismo, contra o racismo, contra a guerra do Vietnã, pela libertação de líderes políticos como Angela Davis e John Sinclair e denunciou tiranias tanto de direita quanto de esquerda mundo afora.

A militância de Lennon incomodou tanto, sobretudo dentro dos EUA, que ele sofreu um longo processo de extradição, sob o pretexto de um inquérito que respondia por porte de pequena quantidade de maconha.

Lennon era cidadão inglês e optou, a partir da década de 70, depois da dissolução dos Beatles, por viver na América, ao lado de sua segunda esposa, Yoko Ono. Conseguiu a sua permanência graças a um longo processo, onde a população americana promoveu um enorme abaixo assinado a seu favor. Além disso, várias personalidades se posicionaram também a favor do músico e um grande movimento mundial garantiu o seu green card, o visto de permanência.

Ironicamente, no momento em que acabava de lançar seu primeiro disco em cinco anos, o excelente “Double Fantasy”, de 1980, em parceria com Yoko, Lennon foi morto com quatro tiros por um ‘fã’, na porta de sua casa, quando voltava de uma gravação.

O mundo ficou consternado com a morte brutal do ex-Beatle. Vigílias foram feitas em todas as partes e a sua canção “Imagine” virou o hino pacifista mais executado do planeta. A canção, com um clamor quase ingênuo pela paz mundial, o desarmamento, a compreensão entre os homens, a luta contra o fanatismo religioso e o apelo pelos desabrigados, passou a ser executada de forma unânime em todos os tipos de manifestações humanistas. Desde igrejas, partidos políticos, manifestações pela paz entre tantas outras, “Imagine” é sempre lembrada em várias línguas e interpretações diferentes.

A partir do fim da guerra fria e um momento de relativa paz – em algumas partes do planeta – e estabilidade democrática, sobretudo em alguns países do mundo ocidental, a canção passou a ser acusada de ingênua e, até mesmo piegas, por alguns críticos.

Com o avanço da extrema direita em várias países do mundo, sobretudo nos EUA, a eleição de Donald Trump e a candidatura de Jair Bolsonaro no Brasil, “Imagine” volta a ser um hino necessário e urgente.

E a obra de Lennon, quase 40 anos depois da sua morte, se mantém intacta e visionária.

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