O que se sabe sobre a nova mutação do coronavírus

Nova forma do vírus levou a Inglaterra a novo lockdown e países da Europa a cancelarem voos oriundos do país; existe o risco de algumas vacinas perderem efetividade

Foto: Pexels

Por Marcelo Hailer.

No último sábado, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, em pronunciamento à população, declarou que estava colocando o país sob novo lockdown, pois, uma nova variante do coronavírus estava circulando no país. E esta mutação do vírus se espalha mais rápido do que a anterior.

De acordo com os principais epidemiologistas britânicos, a nova variante do coronavírus seria até 70% mais transmissível do que a forma anterior do vírus.

Segundo informações da BBC, os estudos sobre a nova forma do coronavírus ainda estão em fase inicial, contém grandes incertezas e “uma longa lista de perguntas”.

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Vírus passarem por mutações é algo que acontece o tempo e é importante, o mais rápido possível, entender se essas mutações estão ou não mudando o comportamento do vírus e alterando a doença.

Todavia, a variação do coronavírus encontrada na Inglaterra está causando preocupação por três motivos: 1) ela está substituindo rapidamente outras versões do vírus; 2) ela possui mutações que afeta partes do vírus que são provavelmente importantes; 3) já se verificou em laboratório que algumas dessas mutações podem aumentar a capacidade do vírus de infectar células do corpo.

Essas características constroem um cenário que preocupa médicos e governantes, mas ainda há incerteza. De acordo com o levantamento da BBC, novas cepas podem se tornar mais comuns simplesmente por estarem no lugar certo na hora certa. Por exemplo, a cidade de Londres, que estava com poucas restrições de circulação.

A nova variante do coronavírus se espalha mais rápido?

A nova forma do vírus foi detectada, pela primeira vez, em setembro. Já em novembro, cerca de um quarto dos casos de Londres eram causados por essa nova cepa do vírus, que elevou para quase dois terços dos casos em meados de dezembro.

Boris Johnson, durante a sua fala para anunciar o novo lockdown, afirmou que a nova mutação do coronavírus pode ser até 70% mais transmissível. Esse dado foi apresentado, na última sexta-feira (18) pelo pesquisador Erik Volz, do Imperial College de Londres.

Volz afirmou que ainda é “muito cedo para dizer”, mas, que os estudos têm mostrado, até agora, é que essa nova variante “está crescendo mais rápido do que uma variante anterior jamais cresceu” e que por conta disso, é importante ficar de olho, informa a BBC.

A origem

A nova variante do coronavírus surgiu em algum paciente do Reino Unido ou pode ter sido trazida por alguém de um país com menor capacidade de monitorar as mutações do vírus.

Neste momento, ela pode ser encontrada em toro o Reino Unido, menos na Irlanda do Norte. Essa nova forma do vírus ainda está fortemente concentrada em Londres, sudeste e lesta da Inglaterra.

Informações da Nextstrain, que monitora os códigos genéticos das amostras virais no mundo, sugere que a variante já está presente na Dinamarca, Austrália e Holanda. Há desconfiança da presença dela na África do Sul.

A nova variante do coronavírus é mais mortal?

Especialistas ouvidos pela BBC afirmam que ainda não é possível afirmar que essa nova variante seja mais mortal, mas, tal questão está sendo monitorada.

Porém, o fato de ser potencialmente mais transmissível, levanta o sinal amarelo para a ocupação dos hospitais, o que poderia levar países a enfrentarem colapsos hospitalares piores do que aqueles vivenciados na primeira onda da pandemia.

E as vacinas, vão continuar a funcionar?

Por hora, acredita-se que sim.

Essa mutação do vírus provocou mudanças na proteína spike — que é a ‘chave’ que o vírus usa para abrir a porta de entrada nas células do nosso corpo e sequestrá-las. A mutação N501 altera a parte mais importante do spike, conhecida como “domínio de ligação ao receptor”. É aqui que o spike faz o primeiro contato com a superfície das células do nosso corpo.

Quaisquer alterações que tornem mais fácil a entrada do vírus provavelmente serão uma vantagem para o patógeno. E é aqui que reside a preocupação com as vacinas da Pfizer, Moderna e Oxford. Pois, essas vacinas treinam o sistema imunológico para atacar a proteína spike.

Porém, o corpo humano aprende a atacar várias partes da proteína spike e, por conta disso, as autoridades sanitárias acreditam que as vacinas vão continuar a funcionar.

“Mas se deixarmos essa variante se espalhar e sofrer mais mutações, isso pode se tornar preocupante. Este vírus está potencialmente em vias de se tornar resistente à vacina, ele deu os primeiros passos nesse sentido”, disse Ravi Gupta, professor da Universidade de Cambridge, à BBC.

 

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