O preço de uma dívida moral

Por Victor Caglioni.

Diante da greve do professorado em muitos estados brasileiros, com especial atenção ao estado de Santa Catarina, por razões óbvias de pertencimento a essa terra e que nos envolve, cada um como parte de uma totalidade de nossa cultura. É quase inevitável não realizar uma reflexão sobre esse tema.

Durante os últimos meses, uma quantidade enorme de informações “atravessou” o mundo, pelos mais diversos meios de comunicação, em especial as redes sociais e os endereços de email. Dentre elas, um sucesso de visitas ao site Youtube.com de uma professora no México, que em meio a um tiroteio que acontecia na rua em frente a sua escola, começou a cantar uma canção popular daquele país, chamada “Gotas de lluva”(Gotas de chuva, em que o refrão se refere a: “se as gotas de chuva fossem de chocolate” – http://www.youtube.com/watch?v=g4m8IohKdFQ) enquanto fazia as crianças se abaixarem ao piso, para não serem atingidas pelas balas que partiam em todas direções. No Brasil, Youtube também foi responsável pela ampliação de um protesto sincero e realista de uma professora, frente à inércia da classe política as suas problemáticas (http://www.youtube.com/watch?v=88DTRymDa_g).

Dias depois foi divulgado um relatório, das Nações Unidas, hoje parte de uma matéria disponível na BBC Brasil (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/06/110616_nakba_escolas_israel_guila_rw.shtml), sobre um grupo de os professores em Israel, que ensinam sobre as perdas históricas dos palestinos e israelenses, frente ao conflito histórico, um lado da história que é veementemente proibido pelo governo daquele país, que tem como base um sonho, mas que se rege sobre grandes contradições, em especial militares.

Professores estes que agora “encaram” a fúria de parte da comunidade política israelense. Para não nos estendermos muito, chegamos a Santa Catarina, em meio a lutas por direitos, por respeito, professores fazem doação de sangue. O que cada exemplo dado corresponde ao tema em voga? Bom, de forma geral (embora sempre existam exceções) quando alguém opta em ser professor, assume uma responsabilidade frente ao mundo, como uma dívida impagável para com a cultura em que está inserido, seja para perpetuá-la e de alguma forma promover pequenas alternativas ao vigente, seja para dar acesso ao desenvolvimento dos diversos setores que a sustenta. Nesse sentido, de dívida, de compromisso, nunca vão alcançar pagar essa dívida de forma completa, mas vão tentar, e para isso é preciso que eles estejam motivados e organizados/planejar (qualquer especialista em psicologia e/ou recursos humanos, sabe o quanto o desenvolvimento de uma empresa, por exemplo, está ligado a esses fatores) quem dirá uma sociedade complexa como a nossa.

Mais uma vez, é preciso compreender que o que está em jogo, é algo muito importante, uma das rodas do desenvolvimento de nossa sociedade, social e material e que é preciso estar em apoio aos professores, de forma moral, com respeito a alguém que nos ajuda a criar novas alternativas de vida, com respaldo econômico e não os “criminalizando” enquanto movimento (que neste momento ocorre em diversos locais do mundo) em nome da responsabilidade que assumem frente a aquilo que nos sustenta (deveria) enquanto sociedade.

Imagem: dignow.org

 

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