O mercado livreiro brasileiro ainda precisa ser inventado

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A fundação instituto de pesquisas econômicas, o sindicato nacional de editores de livros e a câmara brasileira do livro divulgaram pesquisa que mostra uma retração de 7,63% no mercado de livros no brasil em 2012 em relação a 2011.

As causas detectadas foram um aumento médio de 12,46% no preço de capa e uma diminuição de 10% nas compras do governo.

Como se sabe, o governo brasileiro é o maior comprador de livros do planeta principalmente através do Pnld (Plano Nacional do Livro Didático) e com ele distribui gratuitamente obras para a rede pública de ensino. O projeto é realmente relevante mas acaba por criar distorções.

Num exercício de ficção, se essas compras deixassem de acontecer, o mercado livreiro simplesmente desapareceria. As editoras estrangeiras que vieram para o brasil atrás desse filão iriam embora e para quem ficasse, seria um deus-nos-acuda.

Num país com 200 milhões de habitantes, a tiragem média de um livro é de 3.000 exemplares que devem ser vendidos em cerca de dois anos e meio.

Com esse números, não podemos dizer que existe um mercado vigoroso nessas paragens, não é?

Existem as excessões como o toda poesia, do leminsky, paulo coelho, jorge amado e mais algumas dúzias de auto-ajuda. Mas a exceção, assim como a andorinha, não faz verão.

O brasileiro lê mais, isso é fato, mas ainda é pouco. Algo em torno de 5 livros por ano.

Ele gasta dois mil reais num iphone mas acha R$40 caro para um livro. e na verdade é.

Por 20 doletas vc compra um livro na amazon com capa dura, todo colorido e com bom papel. Qualquer livro de arte aqui bate nos R$120.

Evidentemente a matemática esbarra na tiragem e tiragens grandes diminuem o preço unitário.

Não fiz administração mas acho que é isso.

Mangás são vendidos por duas moedas no japão. São alguns milhões de exemplares à disposição e com dezenas de títulos diferentes.

No brasil as editoras de quadrinhos apostam nos álbuns. Custam entre R$40 e R$90.

Se eu sou um moleque, dificilmente vou dispor de minha parca mesada pra pagar um valor desses.

E o erro é que editoras não formam novos leitores. quem forma são os fanzineiros, os independentes.

Editoras fazem quadrinhos para 300 ou 400 compradores.

Se eles estiverem todos no mesmo avião e este cair, miau pro mercado de quadrinhos…

Talvez seja hora de se rever esse projeto editorial brasileiro.

Leitores devem ser formados ainda na infância e a leitura deve se tornar um hábito, não uma imposição.

Edições econômicas (como os da gaúcha l&pm, por exemplo) vendidas em bancas de jornal, distribuídas em eventos escolares, iniciativas como a primavera dos livros com descontos substanciais e até mesmo a bienal que antes oferecia descontaços e hoje nem papéis de promoção têm.

Os jornais, que apostaram em cadernos infantis e adolescentes, também desistiram. tá, vc vai dizer que os jornais desistiram de todo o tipo de leitor, mas a folha por exemplo, está focando a propaganda de sua edição digital nos jovens.

Globinho e estadinho foram pro saco. o folhateen acabou de ser enterrado (sem explicação ou justificativa a seus leitores, se é que existia algum…).

Resta a folhinha que, inexplicavelmente resiste.

Maurício de Sousa talvez seja a grande contra-mão desta história toda. Reergueu seu império investindo nos gibis para crianças, em outros para adolescentes e, claro, também em álbuns caros e luxuosos que serão, no futuro, comprados pela garotada que começa lendo Mônica e Cebolinha na revista de papel vagabundo.

Quem disse que o papel morreu?

Reinventar um mercado seria exagero já que ele mal existe.

O mercado livreiro brasileiro precisa ser inventado quase do zero, formar leitores e se tornar, de fato um mercado que viva de consumidores e não de benesses deste ou daquele governo.

Imagemwww.brasilescola.com

Fonte: Blog de Orlando

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