O incrível caso do espaço cultural transformado em praça de alimentação

A reforma promovida pelo ex-prefeito Cesar Souza Jr. promoveu uma elitização que excluiu o povo do Novo Mercado Público de Florianópolis, descaracterizando completamente o lugar. E foi além na perversidade: permitiu a privatização do vão central do mercado, instituído como Espaço Cultural Luiz Henrique Rosa pela administração de Édison Andrino nos anos 1980. Tomado por mesas e cadeiras dos sedentos bares e restaurantes com cardápios gourmetizados desde 2015, ali não há mais lugar para a capoeira, para as rodas de samba, para o reggae de noite, para o teatro, a poesia, o acaso e as manifestações espontâneas da população.

Ficou proibitivo frequentar o Mercado que, como o nome ainda promete mas não cumpre, era Público. O pitoresco, os sotaques, os sons e os cheiros que dão forma à alma de uma cidade foram trocados pela uniformização de sua estética careta e de seu público branco classe média alta. As mesas quase sempre vazias assaltaram o chão que deveria ser da arte.

A exploração econômica e a esterilização de um espaço que deveria abrigar a diversidade cultural de uma capital de estado é um sinal evidente dos tempos em que vivemos. Para onde vais, Florianópolis?

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