O impacto da campanha ‘Brasil não pode parar’ de Bolsonaro

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Apoiadores de Bolsonaro fazem passeata em Manaus contra quarentena (Foto: Bruno Kelly/Reuters)

Por Estêvão Bertoni.

O governo do presidente Jair Bolsonaro decidiu lançar uma campanha publicitária que contraria as recomendações das principais autoridades sanitárias do mundo e defende o afrouxamento das medidas de isolamento social adotadas no país para conter o novo coronavírus.

A campanha, que tem como slogan a frase “o Brasil não pode parar”, foi lançada dois dias depois de o presidente minimizar os riscos da doença durante um pronunciamento em rede nacional, na terça-feira (24). Ele questionou o fechamento de escolas e pediu para que o país retornasse à normalidade. Os vídeos da campanha começaram a circular na noite de quinta-feira (26) em contas do governo e de filhos do presidente.

No material, um narrador cita várias categorias profissionais e diz que o país não pode parar por elas. “Para quem defende a vida dos brasileiros e as condições para que todos vivam com qualidade, saúde e dignidade, o Brasil não pode parar. Para todos os demais, distanciamento, atenção redobrada e muita responsabilidade. Vamos, com cuidado e consciência, voltar à normalidade”, diz trecho da peça.

A campanha defende o chamado isolamento vertical, em que apenas os grupos de risco, como maiores de 60 anos e pessoas que já possuem outras doenças, ficariam em quarentena. A eficácia do método, porém, não é comprovada cientificamente. Para a Organização Mundial da Saúde, em recomendação seguida pelo próprio Ministério da Saúde, o isolamento social é a melhor maneira de frear a disseminação do vírus.

Segundo a revista Época, o governo alegou urgência e contratou uma agência de comunicação sem licitação para produzir a campanha, com um gasto de R$ 4,8 milhões. A Secom (Secretaria Especial de Comunicação) nega que tenha gasto o valor na campanha. E diz que o vídeo que está circulando foi “produzido em caráter experimental, portanto, a custo zero e sem avaliação e aprovação da Secom”.

A comunicação do governo passou a ser conduzida informalmente pelo vereador do Rio Carlos Bolsonaro, filho do presidente, desde que o chefe da Secom (Secretaria Especial de Comunicação), Fábio Wajngarten, se afastou do cargo depois de ter contraído a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.

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