Ô Frente, chegou a hora de escutar as bases sociais – #Editorial

Leitores e leitoras do Portal Desacato e audiência do JTT Agora, bom dia.
 
Será que a tão esperada Frente de Esquerda de Florianópolis “vai morrer atrapalhando o público” como cantou o Chico Buarque? Parece que não consegue superar o marasmo criado na hora das decisões pra valer. Marasmo previsível na lógica institucional casuísta e conchavista que impera na prática de boa parte do reformismo brasileiro. Este enredo da capital catarinense parece que só poderá ser resolvido se houver boa disposição do PSOL e do PT, e se eles ouvirem suas bases.
 
Não será avacalhando-se mutuamente que se encontrarão saídas aos impasses que pretendem dissimular com um biombo furado. Os impasses e o possível racha da Frente serão da conta dos dirigentes, dos negociadores, da falta de interesse crível na população indefesa frente à destruição e o crescimento da injustiça na cidade.
 
Espera-se bastante mais de um conjunto de dirigentes que estão reunidos há dois anos para levantar esta construção que a sociedade reivindica. Deixar as soluções nas mãos das convenções partidárias poderá ser legítimo do ponto de vista institucional e jurídico, mas, é um ato de irresponsabilidade política que explicitará a insensibilidade dos dirigentes perante os anseios das pessoas que acumularam esperanças na construção dessa Frente. Esperanças que foram desenhadas pelos mesmos dirigentes que agora podem ser capazes de destruí-las. Pode ser legítimo que as convenções decidam, mas, não necessariamente a legalidade e a legitimidade de uma decisão a torna mais justa e necessária.
 
Uma série de documentos e manifestos serviu para que, com nome e sobrenome, os militantes do PSOL e do PT expressassem seu sonho, desejo e vontade. Serão ouvidos? Para a história da esquerda, sem querermos reivindicar atitudes basistas, a palavra dos movimentos sociais, do militante do chão de fábrica, da mulher agricultora, dos excluídos, negros e negras, indígenas, lgbts, sempre teve um valor central, porque daí, da vida real, se construía o eixo decisivo dos programas locais. Sabia-se escutar. Se aprendia escutando. Tomavam-se as decisões só depois de escutar.
 
Os tempos mudaram, as instâncias fechadas, os gabinetes, as assessorias, foram ocupando o lugar da sociedade. O cachimbo entortou a boca e se perdeu a conexão com a realidade. A direita aprendeu, escutou, se aliou aos setores mais retrógrados da sociedade e ofereceu compensações, atalhos e não houve reação da esquerda encastelada. Agora as pessoas reclamam serem ouvidas, de novo, pelas esquerdas.
Se a Frente não acontecer, se um excluir o outro, se ambos se excluírem, não teremos esperanças para os próximos anos em Florianópolis. Por isso se exige que sejam escutados os atores sociais, que seja ouvida a vida real, que não se transforme o sonho de unidade num pesadelo eleitoral. Não queremos que a direita levante de novo sua taça de champanha enquanto a esquerda fragmenta as migalhas da sua derrota.
 
#Editorial #SemanaDeAniversário #SemprePresente

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