“O Exército não foi feito para combater o narcotráfico”, afirma Roberto Requião

Para o senador, “a intervenção pode ser o prenúncio do fim das eleições. O que está acontecendo é muito ruim para a democracia, para o Exército e para o Rio de Janeiro”

“O fundamental em tudo isso é que essa medida não vai a lugar nenhum. Depois dessa, vão promover outra intervenção no Rio Grande do Norte?”, questiona Roberto Requião – Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Por Lucas Vasques.

Uma das vozes mais eloquentes contra o atual governo, o senador Roberto Requião (MDB-PR) fez duras críticas à intervenção do governo federal no Rio de Janeiro. Para ele, o grande problema é a crise de autoridade: “Sob o ponto de vista freudiano, quando não há referências de comando acaba o cumprimento das leis”, avalia. “E para combater esse cenário é preciso informação e inteligência”, diz.

Como avaliou a intervenção do governo federal no Rio de Janeiro?

Roberto Requião – Primeiramente, o que deve ficar claro é que hoje há uma crise de autoridade no Brasil. Não há confiança nos governos tanto do Rio de Janeiro quanto federal. Este último, aliás, acusado de mil infrações, se esconde atrás do foro privilegiado e de artifícios jurídicos para se manter. A crise de segurança se passa pelo policial, que é mal pago, o que facilita que haja infiltração de criminosos na corporação. E, por conta do cenário atual, esse governo comete um ato espetáculo e promove a intervenção. O Exército não foi feito para combater o narcotráfico. O que o Exército pretende fazer? Atirar nas favelas com armamento pesado? Para tentar mudar a situação é preciso inteligência, informação e isso não se consegue de uma hora para outra. É preciso contar com policiais bem preparados infiltrados no crime e não o contrário, entre outros fatores.

Existe base legal para essa medida?

Roberto Requião – A Constituição de 1988 prevê que esse tipo de intervenção tenha de passar pela aprovação do Conselho da República, que é um órgão superior de consulta da presidência da República, criado para assessorar o presidente em momentos de crise. Além disso, precisa ser aprovado pelo Congresso, o que vai acabar acontecendo. Mas o fundamental em tudo isso é que essa medida não vai a lugar nenhum. Depois dessa, vão promover outra intervenção no Rio Grande do Norte? E em outros estados? E eles são bem capazes de interromper a intervenção só para votar a reforma da Previdência.

Em sua opinião, de quem é a responsabilidade pelo Estado ter chegado a esse ponto?

Roberto Requião – É inaceitável que o país esteja sendo comandado por quem liderou o golpe. Esse pessoal está sendo acusado de coisas muito piores, uma vez que contra a Dilma não havia nenhum crime. Volto a dizer: a crise maior é de autoridade. Sob o ponto de vista freudiano, quando não há referências de comando acaba o cumprimento das leis.

Quais as consequências disso tudo?

Roberto Requião – Essa intervenção pode ser o prenúncio do fim das eleições. O que está acontecendo é muito ruim para a democracia, para o Exército e para o Rio de Janeiro. Corremos o risco de ver novamente invasões e saques de mercados, ações que não acontecem há muitos anos, desde a criação do Bolsa Família e outros programas sociais. Isso é resultado da barbárie e da selvageria provocadas pelo liberalismo

1 COMENTÁRIO

  1. Vou além do que a matéria induz a pensar e digo que sou contrário a existência também do exército! Pra que tal instituição? Que eu saiba o exército está plenamente a favor dos governos, sejam eles bons ou ruins ao povo (e destaque-se: quanto pior o governo para o povo mais defeso pelo exército ele resta), geradores de gastos que, se colocados na saúde, na Justiça Social braZileira, na Educação, em hospitais e escolas, tornariam esse país o maior em dignidade e Justiça do planeta! Narcotráfico é resolvido nos três poderes que o criaram e o mantém aceso, vivo! Judiciário, Legislativo e Executivo são os principais beneficiários do tráfico e o exército não fica atrás não. A cúpula do poder braZileiro está mais envolvida em crimes do que todo o contingente carcerário deste país.

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