O cinema de horror explora o passado sangrento do Halloween

Imagem: Reprodução.

No cinema de horror, o Halloween é uma festa em que o passado volta para assombrar o presente. Entre os pedidos de doces ou travessuras, a origem pagã e bastante sombria da celebração é um elemento narrativo que remonta o histórico de caça às bruxas na Nova Inglaterra durante o século XVII.

Em Abracadabra (1993), de Kenny Ortega, um trio de feiticeiras amaldiçoa a cidade de Salem, no Massachussetts, prometendo voltar para matar os descendentes dos aldeões que as mataram. Quando um jovem insolentemente desafia as tradições, as três acordam e estranham que sua noite de rituais macabros tenha virado um feriado, celebrado por crianças e adultos fantasiados.

Esses enredos surgem como uma ponte de diálogo entre o aspecto alegre e carnavalesco dos rituais contemporâneos do Halloween e o conservadorismo que um dia rodeou a percepção da festa no Ocidente.

O mesmo choque cultural parece sofrer a personagem de Jonelle Allen no pouco conhecido telefilme A Hora do Terror (1985). Despertada por adolescentes que roubam seu livro de magia e encenam um ritual de feitiçaria em um cemitério, a feiticeira vai atrás de uma descendente para formar uma aliança de mortos, vampiros e lobisomens que parecem planejar dominar o mundo (essa parte é meio confusa). O plano é interrompido porque os monstros vão parar em uma festa de Halloween, em que todos parecem se divertir com suas presenças.

Levemente similar, A Noite dos Demônios (1988) mostra um grupo de amigos fantasiados que decide festejar o dia das bruxas dentro de um casarão abandonado. Depois de fazer rituais macabros em frente a um espelho, um a um eles são possuídos por entidades demoníacas que viveram na região da Nova Inglaterra antes mesmo do período colonial.

Esses enredos surgem como uma ponte de diálogo entre o aspecto alegre e carnavalesco dos rituais contemporâneos do Halloween e o conservadorismo que um dia rodeou a percepção da festa no Ocidente. Ainda que sejam tramas fictícias, essas histórias falam sobre o preço das tradições norte-americanas, que se solidificaram de forma religiosa e, muitas vezes, sangrentas.

A antologia Contos do Dia das Bruxas (2007), de Michael Dougherty, vai além e incorpora uma série de elementos mais recentes presentes no imaginário da festa. É o caso do assassino que envenena doces para se livrar dos pedidos dos filhos dos vizinhos, inspirado pelo assassino Ronald “Candy Man” O’Bryan, famoso pelo mesmo crime na década de 1970. Com a presença dessa, e de outros causos, o diretor parece querer expandir a representação da macabra celebração, marcando bem o jogo de máscaras e as brincadeiras com a morte que anualmente empolgam os americanos.

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