O catarina Eike Batista, o Governo do Estado de SC e nós, estrangeiros, no Farol de Santa Marta


Por Raul Longo.

Acabo de ser anonimamente esculhambado pelo telefone. Ainda não foi uma ameaça, mas do jeito que o sujeito estava irritado, não falta muito. Um dos reclamos, afora os impropérios, foi:

“- É por causa de burgueses estrangeiros que defendem essa ilha de merda como você, que esse estado é tão atrasado!”

Cáspita! E eu que antes nunca imaginei que a Ilha pudesse vir a ser o troço em que a querem transformar! Tampouco que Santa Catarina fosse um estado atrasado. Que se dirá me incluírem entre os traidores da Revolução Francesa.

Pensei em falar que a culpa não é minha se os catarinenses sempre votam no cafetão errado pra governador, mas achei melhor ficar quieto enquanto lembrava de meu amigo Ito quando uma turba ensandecida e eleitora da Ângela Amin o acusou de estrangeiro por reclamar, num domingo, de um trator derrubando as árvores da entrada do bosque da Ponta da Sambaqui. Área que pertence à Marinha, mas a arma de defesa nacional larga na mão da prefeitura. Não sei se a prefeitura é a dona do trator, mas Ângela era a prefeita.

Hoje Ângela é candidata ao governo, como o são todos os demais que defendem o estaleiro do Eike Batista. Inclusive o que, sem querer, apontei no parágrafo anterior.

Essa boca ainda será meu túmulo!

Dane-se! Sei é que ouvi dizer que o Eike é baiano, como Daniel Dantas. Também já fui baiano antes do ACM virar moda e, ainda muito antes de virar fantasma à assombrar o Brasil inteiro. E estou na idade, ou na fase, em que a morte é lucro.

Além de que fui — e sou, porque o viver não se descarta — baiano com muito orgulho e devoção expressa num livro a ser lançado no Rio de Janeiro. Também sou carioca.

Mas o Ito nasceu no alto da serra catarinense, em São Joaquim. Não entendi a qualificação de estrangeiro a ele. Me senti um ET e imprimi um poema do Facundo Cabral para distribuir pela vizinhança.

Cabral — cantor, compositor e poeta argentino. Não o descobridor do Brasil. – naqueles versos pede que não o chamem de estrangeiro. Afinal – explica – nasceu entre as mesmas dores de parto que sentem todas as mulheres do mundo.

Também tentei explicar ao anônimo do telefone as razões de minha veneração pela vida, pela Mulher e pela natureza, mas não permitiu argumento. Vociferava me acusando de ser contra o estado e o progresso.

A coisa toda era muito engraçada, mas consegui me conter até que falou: “ – Se a OMX previu estes riscos ambientais todos no RIMA do estaleiro que vai montar em Biguaçu, é porque tem competência e consciência para se responsabilizar pelo que aconteça. E se não tiver, as instituições e o governo de Santa Catarina dão conta do recado.”

Aí eu ri. Confesso que ri.

O sujeito ficou ainda mais nervoso e bateu o telefone na minha cara. Nem me deu tempo de explicar porque estava rindo.

E o chato é que não estava rindo dele. Pior ainda, é que nem sei quem é e não tenho seu endereço para explicar porque ri. Mas posso imaginar que é um da lista de meus correspondentes, ou um de meus correspondentes lhe repassou algum texto que escrevi a respeito do assunto que, a cada dia mais, está nos encabulando com nossos candidatos ao governo do estado e até com reflexos às proposituras à presidência.

Como quero explicar a esse anônimo que não ri de seu anonimato nem de sua pessoa, venho a todos pedir que divulguem os ingentes cuidados de nosso governo de estado com o estado e as coisas públicas de Santa Catarina, através dessa matéria do meu amigo Celso Martins:

Querem acabar com o Farol de Santa Marta

Imagem: okylocyclo.blogspot.com

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