O abuso de prisões, o momento estranho que estamos vivendo e a Defesa da Pátria

Por Roberto Requião.

Atrás desse necessário movimento da operação Lava-Jato – necessário porque desvenda e expõe a corrupção – existe o entreguismo que tem que ser combatido.

O Paraná me conhece, em profundidade. Sou paranaense, nasci em Curitiba, tenho 75 anos de idade, e a minha atividade pública começou nos bancos do colégio estadual do Paraná.
 
Eu tenho lado, e o meu lado é conhecido, sempre fui um combatente a favor dos interesses nacionais e contra a corrupção. Mas a minha obrigação vai além.  Tenho que tentar dar uma visão nacionalista a tudo que está acontecendo no pais para que as pessoas não percam a perspectiva nessa avalanche de notícias tristes que estamos presenciando.
 
Recentemente, por exemplo, prenderam Paulo Bernardo, ex-ministro da comunicação, eu considerei a prisão nesse momento desnecessária, não vejo motivo para a prisão do Paulo Bernardo nesse momento.
 
Mas isso não significa a defesa do Paulo Bernardo. Eu mesmo fiz uma denúncia de uma proposta do Paulo Bernardo, que me levou quando eu era Governador e eu recusei com veemência, posteriormente, denunciei publicamente. Denunciei Paulo Bernardo, inclusive ao Ministério Público Federal. O Ministério Público no Brasil hoje faz o que quer. Nada aconteceu. Não havia o interesse na época. Ele me processou pelo que eu disse e hoje não temos nenhuma relação, para dizer o mínimo.

Mas hoje eu vejo com clareza que a prisão dele nesse momento é para enfraquecer os Senadores nacionalistas que defendem o plebiscito e um mandato tampão com compromisso do plebiscito da Presidente Dilma Rousseff.
 
É claro que nós temos um partido nesse processo e o nosso partido é o Brasil, o direito dos trabalhadores, os avanços sociais, a defesa do Estado-Social é clara para nós.
 
Nós não defendemos a Presidente Dilma Rousseff. Nós defendemos um plebiscito para que o povo decida o que quer, não é possível que pessoas lúcidas não vejam o que o governo interino está fazendo com o pais e o horror que eles querem implantar.
 
As propostas que se sucedem querem acabar com a possibilidade do Brasil se constituir como uma nação soberana, querem acabar com o Mercosul e a nossa aliança aduaneira com os países que conosco fazem limite e agora querem entregar 100% da aviação área brasileira a estrangeiros.
 
Isto não existe no mundo. Os Estados Unidos admitem, se não me engano, 49%. E, mesmo assim, só se houver contrapartida, o direito por exemplo no nosso caso de que uma empresa americana entrar lá também em condições iguais. E lembrem-se, que as empresas deles são gigantes.
 
Todos os países cedem 25%, 30%, 10%. Essa entrega do espaço aéreo é para acabar com a soberania dos ares do Brasil. Isso compromete a nossa defesa área, compromete o crescimento da nossa aviação, nossa indústria, compromete a soberania brasileira e isso está acontecendo em todos os setores.
 
O Banco Central e o Meireles fazem a jogada dos banqueiros, nós estamos escravizados por uma dívida pública que nunca foi auditada e com juros rigorosamente absurdos. Enquanto a economia é entregue ao interesse dos banqueiros, tanto a Fazenda, quanto o Banco Central.
 
Minha gente temos que defender o Brasil! E todos nós queremos a punição dos corruptos. Quer seja Paulo Bernardo, quer seja qualquer um deles. Mas tente entender que atrás dessa sanha contra a corrupção, tem um governo interino que  está entregando tudo e que visa a inviabilização do Brasil como país independente.
 
O José Serra propõe a entrega do petróleo, atrás disso vem o domínio das águas, a entrega da Amazônia sucedera a esse processo todo, aos interesses geopolíticos dos grandes países.
 
O Brasil tem que ser amigo dos seus vizinhos, tem quer ser companheiro de todos os países do mundo isso para mim deveria ser a verdadeira globalização. As relações internacionais em nome da solidariedade.
 
Solidariedade não é submissão, nós não podemos ser reduzidos a uma condição de Porto Rico, Estado-associado a uma grande potência sem nenhuma autonomia. É isso o que está sendo proposto no Brasil hoje.
 
Atrás desse necessário movimento da operação Lava-Jato – necessário porque desvenda e expõe a corrupção – existe o entreguismo que tem que ser combatido. Lava-Jato é uma coisa, o interesse nacional é outra. Essa é a posição que eu tomo.
 
Longe de mim defender corruptos, mas se eu fechar os olhos às absurdas afrontas que estão sendo cometidas contra ao interesse nacional, na área de petróleo, energia nuclear e indústria de defesa, eu estarei pondo meu mandato em jogo, a minha carreira política de forma completa na defesa dos interesses nacionais.
 
Se eu fechar os olhos aos desmandos que estão sendo cometidos no Brasil em nome da corrupção, eu estaria negando a honra da minha família, uma família que sempre serviu esta Pátria.  Eu aprendi a amar esse país e esse povo, independente de qualquer coisa. Isso eu aprendi com meu pai, que aprendeu com seu pai, e com seu avô, e que eu ensinei a meus filhos. É uma história de família: a defesa dos interesses nacionais.
 
Mesmo que todos estejam desiludidos com o Brasil, que a imprensa menospreze e humilhe diariamente nosso país, nosso povo e nossos símbolos, que escondam nossas conquistas. Nós sempre vamos amar essa terra, essa gente e ter a certeza absoluta que faremos dela algo mais próximo às utopias que humanidade já sonhou. E não somente para nós. O Brasil está destinado a ser uma luz e um caminho para a humanidade como referência para a paz, tolerância e generosidade. Isso tudo o que está acontecendo hoje é apenas um teste para nossas convicções e para nossa vontade.
 
[1] Roberto Requião é Senador no segundo mandato. Foi governador do Paraná por três mantados, prefeito de Curitiba e deputado estadual. É graduado em direito e jornalismo com pós graduação em urbanismo e comunicação.

Foto: Reprodução/Carta Maior

Fonte: Carta Maior

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