Novas polêmicas e mobilizações na Venezuela

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Por Elaine Tavares

O principal nome da oposição, Henrique Capriles, criou mais uma polêmica essa semana para o governo da Venezuela, buscando caracterizar a atual administração do país como autoritária. Ele convidou os ex-presidentes Sebastián Piñera, do Chile, Andrés Pastrana, da Colômbia, e Felipe Calderón para uma vista ao ex-prefeito de Chacao, Leopoldo Lopez, um dos presos por participação direta no chamamento e organização das “Guarimbas”, como ficaram conhecidas as manifestações violentas promovidas pela extrema direita venezuelana pouco depois da eleição de Nicolás Maduro e que deixaram mais de 20 mortos. Nesses protestos houve trancamento de ruas, queima de pneus, incêndios de prédios públicos, destruição de centros de saúde nos bairros e uso de armas de fogo contras as forças policiais.

Os ex-presidentes, que estavam na Venezuela para um fórum promovido pela oposição chamado “Poder Cidadão e a Democracia de hoje” chegaram até o local onde está encarcerado Lopez e não puderam entrar. Segundo os dirigentes governamentais ninguém comunicou sobre a visita ou pediu autorização, como acontece com qualquer outra pessoa que queira encontrar algum prisioneiro. Mas, Capriles foi aos jornais acusar Maduro de autoritário e antidemocrático. Na verdade, mais um factoide promovido pela oposição nesses dias em que a população segue acossada com os problemas de falta de produtos nas prateleiras.

Naqueles dias das “guarimbas” em que os protestos promovidos pela oposição se expressaram de forma violenta, quem esteve à frente das manifestações foram a deputada Maria Corina Machado, que segundo se soube depois, recebeu financiamento dos Estados Unidos para a organização que dirige, a Súmate, o governador do estado de Miranda, Henrique Capriles, que tinha acabado de perder as eleições e Leopoldo López, ex-prefeito de Chacao, o que convocou abertamente os protestos com o objetivo de derrubar o governo. Também os meios de comunicação que fazem oposição ao governo bolivariano divulgaram a exaustão imagens e informações falsas sobre o que diziam ser violações de direitos humanos por parte do governo.

A visita dos ex-presidentes e todo o protesto que fizeram gerou indignação junto às forças populares bolivarianas que trataram de se expressar nos meios de comunicação públicos e estatais defendendo a posição do governo. “Não é porque eles foram presidentes de países que vão ter tratamento diferenciado. Tinham de ter pedido autorização para a visita como qualquer pessoa faz. Tudo isso foi mais uma tentativa de criar problemas para o governo. Não funcionou”.

O presidente Maduro também se manifestou dizendo que esses três presidentes estavam na Venezuela com o dinheiro do narcotráfico e que tinham vindo ostensivamente apoiar um golpe contra o governo bolivariano. Também falou à nação sobre como esses mandatários dirigiram seus países quando estavam no poder.

O mantra da oposição é de que o governo bolivariano não permite a liberdade de expressão. Pode-se dizer tudo do governo da Venezuela, menos isso. Todos os canais de televisão e de rádio que estão na mão da oposição fazem a crítica sistemática ao governo bolivariano. Ninguém é impedido de falar. O mesmo acontece com os jornais. O que acontece é que o governo tem seus canais de comunicação de massa e a luta se dá também nesse campo da comunicação. Assim, tudo o que a oposição divulga, é imediatamente explicado pelos jornalistas e apresentadores dos canais públicos. A população tem, o tempo todo, a possibilidade de acessar as duas ou mais versões dos fatos. Outra coisa importante no campo da comunicação é que os canais estatais divulgam as falas completas, sem edição, permitindo que a opinião pública conheça a totalidade das informações. O que acontece, cotidianamente, é a luta de classe se expressando também no campo da comunicação.

Mas, apesar de toda a publicidade que a mídia deu ao episódio da visita não-realizada, o tema acabou se esgotando. No dia seguinte ao frustrado intento, os familiares dos que morreram durante as “guarimbas” foram procurar os ex-presidentes para falar de sua dor e explicar o que foram aqueles protestos, mas também não conseguiram o encontro. Os políticos não aceitaram conversar. Essa recusa acabou colocando a eles como os que se negaram ao diálogo.

No meio de todos esses conflitos e tentativas de desestabilização, a população venezuelana segue vivendo os problemas de desabastecimento. Ainda se podem ver longas filas nos mercados populares e seguem faltando alguns produtos importantes para as famílias. Nas ruas, a vida segue na azáfama de ganhar o dia, mas a população espera respostas mais efetivas do governo. Uma boa parte não está muito preocupada com quem está no comando, o que quer é a comida na mesa e a certeza de que poderá encontrar os produtos necessários para sua sobrevivência. Esses estão no silêncio. Por outro lado, seguem atuando as máfias que controlam a distribuição de produtos, 70% na mão privada, e as que especulam com o dólar, provocando o aumento sistemático da inflação.

São dias tensos, mas, ao que parece, nada muito diferente do que tem sido desde 1998 quando Hugo Chávez venceu as eleições. Na noite de hoje (27), o presidente Maduro convocou os representantes de movimentos sociais, missões, militantes, que lotaram o teatro Tereza Carrenho e pediu vigilância contra os que atentam contra a revolução bolivariana. Segundo ele, o governo está no controle, tem garantido uma união cívico-militar, e vencerá a guerra econômica. Ao mesmo tempo anunciou uma séria de medidas para aumentar a produção de alimentos, com a garantia de insumos e financiamento. “Nós estendemos a mão aos bons empresários, chamamos ao trabalho. Vamos ganhar essa guerra nas ruas, junto ao povo”.

Fonte: Iela

Foto: Elaine Tavares

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