Natal: Ei! Caridoso! Por que não desce do carro no qual passa sorrindo?

Por Eliezer A. de Oliveira e Paulo Fortes, para Desacato.info.

A classe trabalhadora explorada e empobrecida, comemora o Natal, porém de um jeito simples, poucos trocam presentes. Para a maioria das famílias pobres, o dia 25 de dezembro é visto como dia especial, pois comemora-se o nascimento de Jesus de Nazaré, mas sem luxo, se reúnem, partilham o que tem, mesmo com pouco, continuam sorrindo e os pequeninos e pequeninas perseguem seus sonhos.

Normalmente nesta data, o maior prazer é poder fazer um churrasco e dar doces para as criancinhas. Na casa da Helena Tomaz da Silva, que tem 38 anos, e é moradora da comunidade Vila Nova I, em São Miguel do Oeste\SC, o natal é celebrado assim, em família, em uma comunidade periférica esquecida pelos governos. “Apesar de nem sempre ter como presentear entes queridos, o natal é sempre comemorado em família, na maioria das vezes com um grande churrasco.

Natal significa o perdão, compaixão e amor, mas todos estão esquecendo o verdadeiro significado do natal, que é o nascimento de Jesus, e só pensam em dar ou receber presente”, disse ela. Na casa da Helena, se faz churrasco, porém, na grande maioria das famílias que moram na Vila Nova I, não há condições financeiras e especialmente nesses momentos, surgem os caridosos da classe média, que nada fazem pelos marginalizados o ano inteiro, não lutam com eles, tão pouco por eles, mas fazem questão de passar jogando balas e chocolates na terra, pelas ruas das favelas, e as crianças correm atrás dos carros querendo um brinquedo, correm até de pé no chão, correm atrás por fome de chocolates, brinquedos e abraços. Por que não descem do carro no qual passam sorrindo?

Onde estavam os caridosos ao longo dos mais de 350 dias do ano em que essas famílias carentes sempre passaram necessidades? O natal capitalizado ataca de maneira muito forte as pessoas em todas as faixas etárias. São afetadas mais fortemente pelo Capitalismo travestido de Papai Noel, um personagem criado para fazer propaganda e vender seus produtos. “Natal é um exercício de todos os dias, e não apenas um simples evento festivo no calendário, que passa a ideia de comprarmos várias coisas”, defendeu a moradora de periferia, Jessica Vitória da Silva, 15 anos, que também reside na comunidade Vila Nova I. Para ela, é necessário parar para refletir sobre o real significado do natal. “Temos que entender que apenas consumir bens materiais, não traz presente o verdadeiro significado, que é celebrar o nascimento de Jesus. Apesar de não termos dinheiro para presentear familiares ou amigos, é a data mais importante do ano, um dos poucos momentos que a família se reúne pra comemorar”, comentou.

Considerando esses depoimentos, é possível perceber que, realmente, o capital não se importa para qual classe social dispara suas mercadorias, direciona para todos os lados e que se danem os desprovidos, excluídos\as, os ninguéns, aqueles que não tem poder aquisitivo para adquirir suas ‘porcarias’. Pouquíssimas famílias têm verba para comprar presentes e quem não tem para pagar à vista, abre um crediário e passa todo o próximo ano pagando parcelas.

A exemplo do natal que acontece nas periferias, quem mora na roça também percebe o quanto o natal é comercial e propaga seu sentido massificado. O jovem Leonardo Lucas Vilanova, 16 anos, que reside na linha 25 de maio, em Barra Bonita\SC, diz que apesar de celebrar a data em família, sente que a influência do Capitalismo é muito forte. “O natal deixou de ser uma data para se comemorar o nascimento de Jesus e sim, é uma data para enriquecer cada vez mais o capital! Procuro passar o natal reunido com minha família na casa da minha avó, porém muito influenciado pelo natal capitalizado”, disse ele.

É importante que todas as pessoas parem para refletir sobre ‘que tipo’ de natal estão vivendo. Hoje em dia, o Capitalismo tem massificado tanto essa data que até mesmo as criancinhas são influenciadas. Antigamente, o desejo era por uma bicicleta, uma bola, mas atualmente, com todo esse desenvolvimento tecnológico e mais a interferência midiática, estão querendo celulares, e outros produtos caros que seus pais não tem condições de comprar e a gente sabe que o sistema não dá nada de graça. Seja no campo ou na cidade, vamos pensar que natal queremos construir este ano, de que maneira estamos vivendo o nascimento de um grande revolucionário e político, que foi e é, Jesus, Camponês e Operário de Nazaré.

Via Claudia Weinman

 

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