‘Não importa o tipo de câmera, tem que ter olhos e saber contar a história’, diz diretor do Lens Culture

Por Guilherme Santos/Sul21

Por Débora Fogliatto. Um dos convidados da oitava edição do Festival Internacional de Fotografia (FestFoto 2015) é o diretor de uma das mais importantes organizações fotográficas do mundo, a Lens Culture. O norte-americano Jim Casper, que atualmente vive na França, edita também a revista online da entidade, em que explora e divulga fotografia, mídia e cultura de forma internacional. Ele desembarcou em Porto Alegre para realizar leituras de portfólios, com o objetivo de conhecer talentos brasileiros e sul-americanos.

Jim conversou com o Sul21 sobre o Lens Culture, organização que realiza concursos de fotografia e tem como objetivo descobrir e divulgar talentos no ramo, com abrangência mundial. “A nossa missão é descobrir as melhores fotografias e compartilhar com o maior público possível. Todo mês, temos audiência de 1,3 milhão. Eu quero encontrar pessoas que consideram a fotografia uma forma de arte e comunicação”, apontou.

Antes de iniciar o Lens Culture, ele, que é jornalista de formação, foi diretor de uma marca de design gráfico na Califórnia durante 20 anos. “Mesmo 30 anos atrás, a fotografia era a parte mais poderosa de uma comunicação e eu quis estudar os motivos disso. Acho que é porque as pessoas são atraídas instantaneamente pela foto. E eu queria entender como isso funcionava”, relata.

Jim, que não é um fotógrafo profissional, trabalha como uma espécie de curador, descobrindo talentos e fornecendo uma plataforma online gratuita para eles. O americano é um entusiasta da fotografia, que acredita ser “a linguagem mais universal do mundo”. A comunicação pela imagem foi facilitada com o avanço da internet, que permite que conteúdos sejam facilmente compartilhados. “A internet mudou tudo. Para mim, é a época mais excitante, porque a internet permite que todo mundo compartilhe [fotos] instantaneamente em todos os lugares do mundo”, pondera.

Para ele, as tecnologias facilitam o acesso à fotografia, pois “o equipamento não importa” para que uma foto seja boa. “Não importa o tipo de câmera, tem que ter olhos e saber contar uma história, além de um bom coração e pés, para caminhar por aí”, brinca. Jim citou o caso de fotógrafos que colaboram com a revista National Geographic, que criaram a conta no Instagram “The Photo Society“, onde compartilham fotos dos mais diversos locais para onde viajam.

Esta, ele aponta, é uma boa forma dos fotógrafos conseguirem agendar cada vez mais trabalhos. “Eles têm um milhão e meio de seguidores em seu Instagram. E isso tudo é de graça, eles fazem isso porque sabem que eles estão sempre olhando e descobrindo novas histórias e, talvez, alguém do New York Times, por exemplo, vai ver que estão em determinado lugar e vai dizer ‘eu quero ver todas as outras fotos’ e vai comprar”, argumenta.

Mas estabelecer um nome e tornar-se um fotógrafo conhecido não é tarefa fácil numa época em que qualquer um pode tirar fotos. “O desafio é que todo mundo é fotógrafo, mas quem usa essa linguagem visual com fluência? Quem consegue contar uma história complicada apenas com fotos?”, indaga Jim. É para possibilitar que estes fotógrafos tornem-se conhecidos que ele iniciou o Lens Culture.

A organização foi iniciada em 2004, já com a ideia de descobrir talentos fotográficos, mas em 2012 aconteceu um “grande salto”, de acordo com o diretor. Foi a partir daí que a instituição fez parcerias com pessoas especializadas em internet e tecnologia, começando a investir em mídias sociais. O carro-chefe do Lens Culture são os concursos, que têm chamadas para inscrições em 15 línguas diferentes e prêmios de cerca de U$ 25 mil.

Mas Jim acredita que o mais importante não seja o prêmio em dinheiro, mas sim a divulgação que o vencedor consegue. “O mais importante é mostrar seu trabalho para todo o mundo. Quem tem seu trabalho no Lens Culture acaba sendo conhecido e é chamado para exposições, fica conhecido por revistas, pode ser descoberto e conseguir trabalhos internacionalmente”, aponta. Por isso, há uma grande procura: no último concurso, foram pessoas de 184 países que enviaram fotos relacionadas à natureza.

Além dos concursos para descobrir fotógrafos, Jim viaja por todo o mundo para participar de festivais como o FestFoto. E que tipo de pessoa ele procura? “Fotógrafos são um tipo de pessoa muito especial, que têm grandes corações. Eles têm um dom e trabalham muito. Porque, hoje em dia, não é suficiente ser só um bom fotógrafo, tem que também saber sobre marketing, vendas e redes sociais”.

Ele se mostrou muito animado com a vinda ao Brasil, destacando que o coordenador do FestFoto, Carlos Carvalho, integra o time de colaboradores do Lens Culture, em quem “acredita muito”. Jim conhecerá cerca de 36 fotógrafos e espera que sejam “ótimos”. “É uma excelente oportunidade para conhecer fotógrafos brasileiros e ver meus amigos da América Latina”, comemorou ele, que já se mostrou apaixonado por Porto Alegre, onde chegou na última segunda-feira (11/05). “As pessoas são muito simpáticas e a cidade é linda, pena que eu não entendo uma palavra de português”, brincou.

A Lens Culture deve abrir, nos próximos dias, inscrições para seu próximo prêmio, com temática ainda não anunciada. Jim conta, orgulhoso, que no último concurso um dos jurados, internacionalmente reconhecido, afirmou que queria “dar o primeiro lugar para cem candidatos”. “Ele achou muito bonito. Assim como ele, eu também acho que existem muitas pessoas que podem usar a fotografia para contar uma história para o mundo”, disse.

Foto: Reprodução/SUL 21

Fonte: SUL 21

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