“Não adianta acusar a gente de ser ‘PT’, estamos defendendo os nossos direitos”, diz líder sindical

Por Claudia Weinman, para Desacato. info. 

A representante do Coletivo Sindical de São Miguel do Oeste/, Ivanir Reisdorfer,  falou sobre os impactos da Reforma Trabalhista na vida dos/as trabalhadores/as e também dos pequenos empresários. Segundo ela, a reforma representa a precarização do trabalho. “Os pequenos empresários estão à mercê das reformas. Se o trabalhador acha interessante ser contratado por hora, ele não vai ter compromisso nenhum com a empresa. Vai trabalhar para você e para o concorrente também. Então não adianta querer depois cobrar ética do trabalhador se não tem ética no trabalho”, iniciou a fala.

Ivanir apontou as principais mudanças que devem acontecer caso a reforma seja aprovada. “O movimento sindical há bastante tempo tem feito luta pela redução da jornada de trabalho que hoje é de oito horas diárias podendo eventualmente estender para 10 horas. O que está sendo proposto agora é que a carga horária chegue até 12 horas diárias, e isso está na contramão de todo bom senso”, disse ela. Outra questão levantada por Ivanir é sobre a garantia de que o trabalhador terá seguridade caso sofra algum acidente de percurso, quando do seu deslocamento de casa até o ambiente de trabalho. “Esse direito sai da pauta com a reforma trabalhista e o trabalhador fica desamparado”, explicou.

O negociado sobre o legislado segundo a Sindicalista, também é outro elemento que impõe perdas sobre os direitos dos trabalhadores/as. “A negociação direta do trabalhador com o empresário, sem passar pelo sindicato representa uma grande perda. Hoje já se tem grandes dificuldades de fazer com que seja cumprida a legislação da forma como ela está e com a interferência do sindicato. Sem o sindicato o patrão poderá fazer a proposta que ele quiser e tudo será negociado, representando em mais perdas para os trabalhadores”, argumenta.

“Muitos empresários defendem essa reforma, mas eles estão à mercê da grande problemática que será gerada”

Segundo Ivanir, a Reforma Trabalhista implica além da perda de direitos dos trabalhadores em um prejuízo aos pequenos empresários. “Não adianta os empresários virem com essa conversa de que se o trabalhador for qualificado ele vai se manter no mercado, isso não existe, essa nova legislação só vai beneficiar os grandes empresários. Os pequenos serão altamente prejudicados com a precarização do trabalho. Um trabalhador que não consegue emprego, ou que trabalha duas horas em um lugar, três horas em outro, se mata trabalhando, certamente não terá dinheiro também para consumir e quem perde com isso? São também esses pequenos empresários que não estão pensando nisso”, argumenta.

Um dos argumentos utilizados hoje para defender a reforma trabalhista é a necessidade, segundo os empresários, de atualizar a legislação. Sobre isso, Ivanir também responde. “Os empresários alegam que é preciso atualizar a legislação trabalhista que está desatualizada segundo eles e que por conta disso tem gerado muitos processos trabalhistas. Bem, os processos trabalhistas são gerados pelo descumprimento da legislação, itens simples são descumpridos, como o pagamento de horas extras que não é feito, o reajuste salarial que não é aplicado, aliado a isso ainda vem o assédio moral no local de trabalho, entre outros itens básicos. Então gente, não adianta acusar a gente de ser “PT”, estamos defendendo os nossos direitos. O que está em jogo são os direitos dos trabalhadores e não a defesa de partidos políticos”, esclarece.

Ainda segundo Ivanir, a reforma trabalhista prevê que o trabalhador quando tiver sua carteira assinada e for demitido sem justa causa, poderá sacar apenas 80% do FGTS e apenas a metade da multa rescisória. “Para quem defende a reforma, me diga, como isso será bom para os trabalhadores? E além disso, como os trabalhadores serão beneficiados não tendo garantia nenhuma no contrato de trabalho. O trabalhador a partir dessa reforma será conhecido como “trabalhador ping pong”, que vai de um lado para o outro trabalhar até não ter mais forças para ganhar um mísero salário, o qual, será negociado diretamente com o patrão. Se o patrão quiser pagar vai pagar, mas se não quiser pagar determinado valor, não será obrigado. E isso vai refletir no comércio também. Sem dinheiro para consumir, pequenos empresários vão falir suas empresas”, afirmou ela.

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