Na França, Dilma diz que golpe foi causado por enquadramento econômico do Brasil

Jornal GGN – Na última terça-feira (31), a ex-presidente Dilma Rousseff participou de um encontro no Senado francês, no qual afirmou que uma das principais causas do golpe que a retirou do poder foi o enquadramento econômico e geopolítico do Brasil.

“Ele se deu devido ao fato de termos transformado uma relação que era unilateral, sobretudo Brasil e países desenvolvidos, em uma relação multilateral”, disse Dilma, ressaltando a importância estratégica dada para a América Latina e a África durante dos governos do PT, a partir de 2003.

No encontro, Dilma se reuniu com senadores e movimentos sociais em Paris, a convite de Laurence Cohen, do Partido Comunista Francês (PCF). Para a petista, é importante entender o que está acontecendo no país no momento para agir e restaurar a democracia. “Tem que insistir na narrativa. E essa narrativa não é só houve um golpe no Brasil. A narrativa é: por que fizeram um golpe no Brasil?”, disse.

A ex-presidente fez um alerta para a possibilidade de um novo golpe em 2018. “Há a possibilidade de tentarem uma eleição indireta, diante de um presidente ilegítimo e do desgaste muito grande com as delações [da Odebrecht] que vão ser divulgadas nos próximos meses, semanas ou dias. E há a possibilidade, em último caso, de inviabilizarem a candidatura de Lula.”

Dilma também disse que o impeachment começou a ser utilizado como estratégia na América Latina, citando o caso de Fernando Lugo em 2012, no Paraguai. “Quando não se derrota por eleição direta, recorre-se a ele”, afirmou, dizendo que democracia em todos os países latino-americanos está ameaçada, principalmente depois dos últimos governos terem conseguido alcançar o desenvolvimento e a distribuição de renda.

“Até 2014, nós andamos contra a corrente. Todos os países da América Latina tiveram melhorias na distribuição de renda e agora constatamos movimentos conservadores. Em toda a América Latina se aproveita a crise econômica e tenta se instituir políticas ultraliberais e ultraconservadoras”, ressaltou.

Dilma também disse que o momento é de afirmar a democracia contra o avanço do neoliberalismo, o crescimento das desigualdades e as restrições democráticas. “A questão democrática é hoje fundamental, pois sem ela não há nem a questão social nem a questão de soberania”.

Em outro ponto, a ex-presidente afirmou que a PEC 55, que congela os gastos públicos por 20 anos, é “o exemplo mais puro de como o neoliberalismo se casa com o estado de exceção e afronta a Constituição”.

“Congelar por vinte anos, em termos reais, todo o gasto com educação, cultura, segurança, ciência e tecnologia, e liberar o gasto em pagamento de juros, é claramente a apropriação do orçamento por uma política neoliberal. Ora, fazê-lo por vinte anos é passar por cima de cinco presidentes, e portanto, de cinco processos eleitorais.”

Em viagem pela Europa, Dilma Rousseff também foi para Espanha, onde participou da conferência “O ataque à democracia no Brasil e na América Latina”, em Sevilha, e também para a Itália, discursando no seminário “A Solidão da Democracia” na Universidade de Salento.

Em Paris, o encontro também teve a presença de representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Partido dos Trabalhadores (PT), de embaixadores do Equador e da Venezuela e de José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça e advogado de Dilma.

Com informações do Blog do Alvorada e RFI

Fonte:Luis Nassif on line

 

http://jornalggn.com.br/noticia/na-franca-dilma-diz-que-golpe-foi-causado-por-enquadramento-economico-do-brasil

 

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