Música e Poesia, no 6º Café AntiColonial, em São Miguel do Oeste-SC

Por Claudia Weinman, para Desacato. info. 

Ser anticolonial não significa negar o campo, pelo contrário, o sentido está ligado a ideia de sermos anti-imperialistas, anticapitalistas, que resistem ao processo de violência, de racismo, de extermínio que de longa data fere os povos do Oeste Catarinense, do Brasil, da América Latina, do mundo. Ser AntiColonial é negar as imposições doloridas feitas pelos sócios do agronegócio, do sistema empresarial. É evidenciar, dentro de um cenário de enfrentamento, que não queremos dividir o Sul do que movimentos racistas denominam como sendo o ‘resto do Brasil’, que negamos o Movimento “O Sul é o meu país” e seguiremos a luta pela libertação dos povos, pela América Latina livre e que vamos dar seguimento a construção da Outra Informação.

Reconhecendo a diversidade dos povos e lutando por ela, para que viva, sempre, é que nesta edição do Café AntiColonial, realizada no dia 08 de outubro, em São Miguel do Oeste-SC, o companheiro, músico, Cantador do Povo, Pedro Alves Pinheiro, apresentou uma de suas composições, denominada “Mestiço”, uma canção que traz simbolismos do povo mestiço que na história, enfrentou e enfrenta conflitos, construiu/constrói resistência e mantem-se na constante luta por liberdade. Em um dos versos, a canção apresenta: “Único povo mestiço, Mãe, Morena e Latina, Pátria, Branca, Ameríndia, América Preta e Andina”.

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Músico Pedro Pinheiro.

Além das canções do Pedro, a diversidade também mostrou-se presente nas poesias de meninos e meninas das favelas, que escrevem e dialogam com sua realidade e com outras, e vão escrevendo, desenhando, vestindo as palavras tão nuas. Eliezer Antunes de Oliveira, companheiro da PJMP, que escreve poesias sobre as realidades de lutas, de resistência, de amor, de dores, também apresentou seus versos, no anseio que essas poesias, canções de liberdade, ecoem e movimentem os povos do mundo, para a transformação social, para a revolução, comunicando de forma diversa, a história, os sonhos, angustias, conquistas.

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Eliezer Antunes de Oliveira.

A noite do Café AntiColonial também recebeu meninos como Vinicius Mergen, Alexandre Barbosa e Samuel Reolon, que apresentaram canções e contribuíram com o momento cultural dessa atividade, de celebração dos 09 anos do Portal Desacato. A Atividade é uma realização da Cooperativa de Trabalho Desacato, em unidade neste ano, com o coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP), Pastoral da Juventude Rural (PJR), com a participação da Associação Paulo Freire de Educação e Cultura Popular (Apafec) e Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), recebendo companheiros/as de diversas organizações do campo e urbanas.

Fotos: Julia Saggioratto e Paulo Fortes.

Legenda foto de capa: Apresentação cultural feita pelos meninos: Vinicius Mergen, Alexandre Barbosa e Samuel Reolon.

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