Mulheres Yanomami realizam sua segunda assembleia

Lidia Santos, secretária da associação das mulheres, prepara a presidente Floriza da Cruz para a assembleia (Foto: Lidia Montanha de Castro-ISA)

A saúde da mulher e suas especificidades estiveram no centro dos debates da II Assembleia das Mulheres Yanomami, realizada na região do Maturacá (AM), Terra Indígena Yanomami, entre 21 e 23 de junho

A saúde da mulher foi o tema da II Assembleia Ordinária da Associação das Mulheres Yanomami – Kumirãyõma, da qual participaram cerca de 150 Yanomami, entre 21 e 23 de junho. Particularidades como os conhecimentos tradicionais para lidar com as doenças e a situação do atendimento nas comunidades foram debatidos durante três dias, na região do Maturacá, município de São Gabriel da Cachoeira. Uma Carta de Recomendações foi elaborada destinada a orientar o trabalho da equipe de saúde para uma melhor relação com a comunidade.

As mulheres identificam muitas doenças ocasionadas pelo aumento do consumo de alimentos da cidade e lembraram a riqueza de alimentos disponível no território, como oko a (caranguejo, na língua Yanomam?) alimento muito apreciado e cuja coleta é feita pelas mulheres.

Diana Moura caça um caranguejo para o banquete dos convidados (Foto: Lucas Lima-ISA)

Na Carta de Recomendações as mulheres alertam o Distrito Sanitário Yanomami sobre a necessidade de atividades pedagógicas para esclarecer e orientar sobre procedimentos específicos, como os exames para prevenção de câncer de colo de útero. E também ressaltaram a importância do conhecimento dos xamãs para os tratamentos das doenças e os conhecimentos e práticas tradicionais para sua prevenção. Tanto as mulheres quanto os homens mais velhos reforçaram junto às mais jovens os cuidados que devem ter durante a primeira menstruação para garantir uma boa saúde e, ainda, o respeito aos resguardos do pós-parto.

Um dos destaques levantados pela assembleia é o apoio que as mulheres têm conquistado nesse breve tempo de vida da associação, expresso nas falas das lideranças masculinas tradicionais e também na presença da Funai, ICMBio e Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), através do seu Departamento de Mulheres. Na última assembleia eletiva da Foirn, realizada em 2016, a presidente da AMY-Kumirãyõma, Floriza da Cruz, foi eleita delegada da Coordenadoria das Associações Indígenas do Médio e Baixo Rio Negro (Caimbrn), fortalecendo a articulação das questões comuns às mulheres indígenas da região.

Mulheres Yanomami reunidas para dar início à assembleia (Foto: Lidia Montanha de Castro-ISA)

Oficina de PGTA

Em seguida à assembleia aconteceu uma oficina regional para elaboração do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) da Terra Indígena Yanomami, processo iniciado em 2015 e que conta com a participação ativa de todas as sete associações indígenas da TIY (veja aqui). Nesta ocasião, o fio condutor das discussões seguiu o mesmo tom da assembleia da Associação das Mulheres Yanomami (AMY) – Kumirãyõma e aprofundou a discussão sobre a utilização dos recursos financeiros acessados pelas comunidades.

É por meio da cadeia produtiva do artesanato que a associação tem promovido essa reflexão entre as mulheres. A oficina foi uma nova oportunidade de discussão e estruturação da cadeia, com destaque para o manejo dos recursos que elas utilizam. Da oficina resultou uma carta de propostas elaborada pela Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca) e a AMY-Kumirãyõma, sobre os principais temas para a garantia do bem viver dos Yanomami envolvendo os recursos financeiros (leia a carta).

Kumirãyõma

A Associação das Mulheres Yanomami – Kumirãyõma (AMY-Kumirãyõma) é a primeira associação de mulheres do maior território indígena do Brasil, a TI Yanomami. Foi criada em 2015 para defender os direitos das mulheres indígenas, contribuir para a defesa do território e fortalecer a cadeia produtiva do artesanato. Localizada na região de Maturacá, no Rio Cauaburis, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), a associação busca trabalhar com a Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca), que existe desde 1998.

Fonte: Socioambiental.

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