Movimentos sociais lançam campanhas para ajudar famílias pobres

Central de Movimentos Populares lançou campanha de arrecadação e site para facilitar logística entre doadores e necessitados na pandemia de coronavírus.

Sempre mobilizados por questões sociais, movimentos voltam suas forças a apoiar os mais vulneráveis à pandemia de coronavírus Foto: Reprodução Rede Brasil Atual

Por Rodrigo Gomes

Movimentos sociais de todo o país lançaram um site para organizar a distribuição de doações para as famílias mais pobres, durante a pandemia de coronavírus. O objetivo da página é indicar pontos de coleta para receber as doações de de cestas básicas e outros itens. E em seguida direcionar os produtos a quem necessita deles. Além disso, a Central de Movimentos Populares (CMP) lançou uma campanha de arrecadação para acrescentar itens que normalmente não compõem as cestas básicas.

“Estamos preocupados com a lentidão e a ausência de propostas concretas por parte dos governos, especialmente do federal, em tomar medidas concretas para ajudar a população mais pobre a enfrentar os efeitos da crise do coronavírus”, explicou o coordenador da CMP, Raimundo Bonfim. A vaquinha virtual busca arrecadar R$ 100 mil para complementar as cestas básicas com itens como como carne, ovos, produtos de higiene e medicamentos.

No site são cadastrados “pontos de solidariedade”, que coletam as doações de cestas de alimento, materiais de higiene e limpeza, e as distribuem por todo o Brasil. O site tem cinquenta e três pontos cadastrados, mas novos locais podem ser incorporados. “São pontos que nós informamos o endereço e telefone de contato para que o doador possa entrar em contato e levar a doação. Esse site tem essa função de estimular também a criação de outros pontos de solidariedade”, disse Bonfim.

Muita carência

“Nós sabemos que essas ações são importantes, mas são insuficientes. Estamos cobrando que o governo de Jair Bolsonaro pague imediatamente a renda emergencial aprovada no Congresso Nacional e tome outras iniciativas no sentido de assegurar o emprego das pessoas que estão nesse momento em quarentena. Lembrando que R$ 600 não dá. Já tem gente passando fome na periferia. Nós estamos defendendo a revogação da Emenda Constitucional 95, para permitir que isso invista mais recursos na área da saúde, a taxação das grandes fortunas, que tem levantamento que mostra que se taxar os super ricos, nós arrecadaríamos R$ 272 bilhões”, defendeu Bonfim.

Ação semelhante foi tomada no mês passado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). O movimento criou uma campanha de arrecadação para compra de álcool gel, máscaras e outros produtos que auxiliem na prevenção ao coronavírus, bem como cestas básicas para distribuir aos mais necessitados. A primeira etapa da arrecadação permitiu apoiar 1.200 famílias em todas as regiões que o MTST atua. O movimento organiza cerca de 50 mil famílias.

O Brasil conta atualmente com cerca de 13 milhões de pessoas vivendo em favelas. Além disso, são 77 milhões de pessoas inscritas no Cadastro Único, via de acesso aos benefícios sociais. Outros 66 milhões de pessoas possuem uma renda muito baixa, de menos de meio salário mínimo por pessoa da família, e 41 milhões de pessoas recebem o Bolsa Família. O país ainda tem 41 milhões de trabalhadores informais. Nesse cenário, a maior preocupação é a falta de condições para se prevenir do coronavírus, inclusive pela impossibilidade de quem está na informalidade deixar de trabalhar .

Favelas

A Central Única das Favelas (Cufa) propôs uma série de medidas para reduzir o impacto da epidemia de coronavírus nas comunidades, entre ações de saúde e socioeconômicas. “Considerando a enorme desigualdade social brasileira, a alta taxa de desemprego e a crescente informalidade do trabalho à qual estão expostas muitas famílias, a crise gerada por essa pandemia irá somar-se a uma situação já delicada, que causará um enorme impacto econômico e social, principalmente para as populações que sempre tiveram seus direitos de cidadania vilipendiados”, diz a entidade.

Além da falta de medidas para apoiar as famílias economicamente, o governo Bolsonaro ainda não iniciou nenhuma ação para enfrentar o coronavírus nas periferias. O Ministério da Saúde informou à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) que tem várias ações em andamento e outras em planejamento para atuar contra a pandemia de coronavírus nas periferias. No entanto, não informa em quais cidades, quantos profissionais envolvidos, quantas pessoas beneficiadas ou qual o cronograma de implantação das demais medidas.

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