Movimentos de Minas repudiam instalação de projetos de mineração

Por Camila Queiroz. Português/Español.

Em manifestação ocorrida hoje (15) no município de Montes Claros, norte do estado brasileiro de Minas Gerais, agricultores, professores, servidores, sindicalistas, membros de ONGs e pastorais sociais declararam repúdio aos “grandes” projetos que o governo pretende desenvolver na região, ligados à produção de gás, construção de barragens e, principalmente, à mineração.

Os manifestantes aproveitaram a presença do governador do Estado, Antonio Anastasia, que esteve no município para anunciar envio de projeto de lei à Assembleia Legislativa, estabelecendo normas para facilitar a atração de investimentos e a instalação de empresas nos municípios da área mineira. Ele também assinou despacho definindo como prioridade governamental a elaboração de um plano regional para os municípios ricos em minerais.

Estão previstos quatro projetos, nos municípios de Grão Mogol, Salinas, Rio Pardo de Minas e Janaúba. As empresas envolvidas são o grupo Votorantim, Vale do Rio Doce, a Mineração e Transporte Minas (MTransMinas), Mineração Minas Bahia (Miba),a empresa Gema e a chinesa Honbridge.

Segundo o coordenador de equipe do Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA/NM), Álvaro Carrara, os projetos são apresentados à população como um ótimo negócio, a “salvação” da região. Contudo, não há diálogo com as comunidades que serão atingidas, apenas a imposição dos projetos, que estão em fase de estudo e devem ser implantados em 2012.

“Essa é a grande questão: não há consulta à população. É a mesma coisa que aconteceu na década de 70, quando vieram projetos de monocultura de eucalipto, barragens, tudo com a promessa de emprego e desenvolvimento, e o que se viu foi a exploração, o comprometimento dos recursos naturais, a expulsão das famílias para a cidade, a desestruturação do modo de produção familiar”, conta.

“Hoje, sem nenhum diálogo, as máquinas já estão chegando, e a população fica só olhando, sem saber quais os métodos dos projetos, quais os impactos”, acrescentou.

Para combater a versão desenvolvimentista propagada pelo governo, o Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Norte de Minas, formado por organizações da sociedade civil e movimentos sociais da região, publicou manifesto em que explicita os pontos negativos dos empreendimentos.

Entre os principais, está a questão da água, consumida em grande quantidade pela atividade mineradora e, por isso, pondo em risco o abastecimento da população. A região é caracterizada como semi-árida, portanto, já não dispõe de recursos hídricos abundantes.

“No Norte de MG apenas uma das empresas que querem o minério tem uma outorga preventiva de 30.700 milhões de litros por ano. Quase o que consome a população inteira de Montes Claros. Ainda pretendem implementar minerodutos (consomem muita água) para levar o minério para exportação”, esclarece o manifesto.

As doenças também constituem grave ameaça aos moradores da região, uma vez que estudos descobriram a existência de uma grande jazida de arsênio, elemento altamente nocivo à saúde, junto à jazida de ouro.

“Onde há exploração de ouro, muitas pessoas são contaminadas pelas diferentes formas de disseminação do arsênio, pela água, pela poeira no ar, e pelo consumo de folhas e frutos que possam ter sido alcançados pela poeira com arsênio, ou pelo consumo de carne de animais ou peixes, que tenham ingerido substâncias com estes elementos”, alertam.

Como consequência, pessoas adoecem de câncer e bebês nascem com má formação. Não é à toa que, segundo o manifesto, em uma escala de 1 a 6 em potencial poluidor, o Projeto de Mineração Riacho dos Machados Ltda. é classificado como um empreendimento de classe 6, portanto, com alto risco de contaminação.

Nem financeiramente os projetos podem levar vantagens à população. Os ativistas do Fórum denunciam que os impostos pagos pelas mineradoras ficam entre 2 a 3% do faturamento líquido, sendo considerados “irrisórios”.

Os empregos não são tantos como o governo anuncia e serão ofertados apenas nos 15 meses iniciais de instalação da mina. Sobre isto, o temor da população é o aumento considerável do número de pessoas na região, que deve gerar, como em outras comunidades que receberam projetos mineiros, crescimento da violência e exploração sexual de crianças e adolescentes.

Depois dos oito anos de exploração mineira previstos no projeto, as empresas controladoras da atividade, a maioria transnacionais, devem ir embora do local, levando os lucros e deixando muitas perdas às comunidades. “De acordo com o estudo do Relatório de Impacto Ambiental (Rima), nesse curto período de tempo a mineradora extrairá cerca de 15 milhões de toneladas de minério aurífero, riqueza inquestionável, sendo que, para isso, produzirá cerca de 144 milhões de toneladas de rejeitos, um lixo que ficará para todos os que permanecerem na região”, enfatizam.

Para ler o manifesto na íntegra, acesse o linkhttp://www.saofranciscovivo.com.br/files/Carta%20Aberta%20Mineraçao%20Norte%20de%20Minas.pdf

Movimientos de Minas Gerais repudian instalación de proyectos mineros

En una manifestación realizada ayer (15) en el municipio de Montes Claros, norte del estado brasilero de Minas Gerais, agricultores, profesores, servidores, sindicalistas, miembros de ONGs y pastorales sociales declararon su repudio a los “grandes” proyectos que el gobierno pretende desarrollar en la región, vinculados a la producción de gas, construcción de represas y, principalmente, a la minería.

Los manifestantes aprovecharon la presencia del gobernador del Estado, Antonio Anastasia, que estuvo en el municipio para anunciar el envío del proyecto de ley a la Asamblea Legislativa y establecer normas para facilitar la atracción de inversiones y la instalación de empresas en los municipios del área minera. También firmó un despacho definiendo como prioridad gubernamental la elaboración de un plan regional para los municipios ricos en minerales.

Están previstos cuatro proyectos, en los municipios de Grano Mogol, Salinas, Río Pardo de Minas y Janaúba. Las empresas involucradas son el grupo Votorantim, Vale del Río Doce, la Minería y Transporte Minas (MTransMinas), Minería Minas Bahía (Miba), la empresa Gema y la china Honbridge.

Según el coordinador del equipo del Centro de Agricultura Alternativa del Norte de Minas (CAA/NM), Álvaro Carrara, los proyectos se presentan a la población como un óptimo negocio, la “salvación” de la región. Sin embargo, no hay diálogo con las comunidades que se verán afectadas; sólo existe la imposición de proyectos que están en fase de estudio y deben ser implementados en 2012.

“Ésta es la gran cuestión: no hay consulta a la población. Es lo mismo que ocurrió en la década del 70, cuando vinieron proyectos de monocultivo de eucalipto, represas, todo con la promesa de empleo y desarrollo, y lo que se vio fue la explotación, comprometer los recursos naturales, la expulsión de las familias hacia las ciudades, la desestructuración del modo de producción familiar”, manifiesta.

“Hoy, sin ningún diálogo, las máquinas ya están llegando y la población se queda solamente mirando, sin saber cuáles son los métodos de los proyectos y cuáles sus impactos”, agregó.

Para combatir la versión desarrollista propagada por el gobierno, el Foro de Desarrollo Sustentable del Norte de Minas, constituido por organizaciones de la sociedad civil y movimientos sociales de la región, publicó un manifiesto en el que explicita los puntos negativos de los emprendimientos.

Entre los principales, está la cuestión del agua, que se consume en gran cantidad en la actividad minera y, por ese motivo, pone en riesgo el abastecimiento de la población. La región está caracterizada como semiárida, por lo tanto, no dispone de recursos hídricos abundantes.

“En el Norte de Minas Gerais sólo una de las empresas que quieren la minería tienen un otorgamiento preventivo de 30.700 millones de litros por año. Casi lo que consume la población entera de Montes Claros. Además pretenden implementar mineroductos (consumen mucha agua) para llevar el mineral a la exportación”, se aclara en el manifiesto.

Las enfermedades también constituyen una grave amenaza para los habitantes de la región, dado que varios estudios descubrieron la existencia de un gran yacimiento de arsénico, elemento altamente nocivo para la salud, junto con un yacimiento de oro.

“Donde hay explotación de oro, muchas personas son contaminadas por las diferentes formas de diseminación del arsénico, por el agua, por el polvo en el aire, y por el consumo de hojas y frutos que puedan haber sido alcanzados por el polvo con arsénico, o por el consumo de carne de animales o peces que hayan ingerido substancias con estos elementos”, alertan.

Como consecuencia, hay personas que sufren de cáncer y bebés que nacen con malformaciones. No es en vano que, según el manifiesto, en una escala de 1 a 6 de la potencialidad contaminante, el Proyecto de Minería Riacho de los Machados Ltda es clasificado como un emprendimiento de clase 6, por consiguiente, con alto riesgo de contaminación.

Ni financieramente los proyectos pueden proporcionar ventajas a la población. Los activistas del Foro denuncian que los impuestos pagados por las empresas mineras quedan entre el entre 2 y el 3% de la facturación líquida, siendo considerados “irrisorios”.

Los empleos no son tantos como el gobierno anuncia y serán ofertados sólo en los 15 meses iniciales de la instalación de la mina. El temor de la población es el aumento considerable del número de personas en la región, que debe generar, como en otras comunidades que recibieron proyectos mineros, crecimiento de la violencia y explotación sexual de niñas y adolescentes.

Después de ocho años de explotación minera previstos en el proyecto, las empresas controladoras de la actividad, la mayoría transnacionales, deben irse del lugar, llevándose los lucros y dejando muchas pérdidas a las comunidades. “De acuerdo con el estudio del Informe de Impacto Ambiental (Rima), en este corto período de tiempo la minera extraerá cerca de 15 millones de toneladas de mineral aurífero, riqueza incuestionable, siendo que, para eso, producirá cerca de 144 millones de toneladas de rechazos, una basura que quedará para todos los que permanezcan en la región”, se enfatiza.

Para leer el manifiesto completo, ingrese a:http://www.saofranciscovivo.com.br/files/Carta%20Aberta%20Mineraçao%20Norte%20de%20Minas.pdf

Fuente: http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=ES&cod=58423

Traducción: Daniel Barrantes

Imagem: Audiência Pública em Riacho dos Machados, fevereiro 2011.

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