Mourão culpa auxílio emergencial pelo aumento de preços dos alimentos

Em razão dos trabalhadores usarem o pouco que receberam para comer, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, relacionou, nesta quarta-feira, 9, a alta no preço de alimentos à injeção de recursos na economia pelo governo durante a pandemia, como o auxílio emergencial.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

“É a questão da lei de oferta e procura. Uma porção de gente comprando porque o dinheiro que o governo injetou na economia foi muito acima daquilo que as pessoas estavam acostumadas”, disse o militar, alegando ainda que a situação atual de escassez de arroz é porque os fazendeiros tiveram prejuízo.

Na verdade, o agronegócio é o setor que mais tem lucrado durante a pandemia. De acordo com dados do IBGE, essa área da economia teve um aumento dos ganhos em 12,9% se comparado ao primeiro semestre de 2019. Além disso, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplica (Ipea) projeta que ainda há espaço para um crescimento ainda maior até o final de 2020.

O que, de fato, é a causa do atual peso da cesta básica no bolso da classe trabalhadora tem sido a ganância dos patrões, capazes de deixar o povo pobre do país sem o que comer em trocar de garantir bilhões para seus cofres. Nesse sentido, uma vez que o real esteja extremamente barato, fruto da profunda crise econômica que assola o mundo inteiro, casada com a já conhecida política de submissão do governo ao imperialismo, é mais lucrativo para os empresários a exportação em massa desses produtos essenciais, deixando pouquíssimos produtos para as famílias operárias, o que significa aumentos escabrosos nos preços que os próprios brasileiros pagam nos alimentos mais básicos.

É um absurdo completo que, em meio a uma pandemia, os empresários escolhem aumentar seus lucros em detrimento da alimentação e da vida dos brasileiros. A verdadeira inversão da realidade que Mourão faz em suas declarações mostra que esse governo de Bolsonaro e todos os militares não serve para garantir nem sequer o mínimo para a população. Para enfrentar a audácia desse agente fardado dos fazendeiros endinheirados e empresas distribuidoras de alimentos, é preciso atacar a raiz da base econômica desses setores e nacionalizar as grandes terras, medida que, além de retirar os lucros astronômicos dos bolsos desses latifundiários e direcionar para o aumento do auxílio emergencial em 2 mil reais, estancaria a devastação do Pantanal.

Empresas do agronegócio, como usinas de açúcar, amplamente mecanizadas, devem ser expropriadas e controladas pelos trabalhadores agrícolas. Planificadas democraticamente pelos trabalhadores, em conjunto com a agroindústria, e aliadas ao pequeno produtor agroecológico, resolveriam ao atual crise de elevação de preços dos alimentos paras a grandes massas urbanas e rurais, pondo fim à agricultura dos venenos, da fumigação e da destruição dos lençóis freáticos e aquíferos. Esse programa entra em choque com os capitalistas que Mourão tanto defende e não pode ser levado sem uma saída política que questione o regime de conjunto ou depositando confiança seja no STF golpista ou no Congresso de Maia, que só no ano passado entregou 12 bilhões de bandeja aos latifundiários.

Chega de apenas trocar os personagens, as instituições têm os pés e as mãos atadas com os fazendeiros. A solução não virá por meio dos representantes do agronegócio em Brasília, sejam eles fardados, de terno ou de toga, mas sim com uma política que imponha o Fora Bolsonaro, Mourão e militares por meio da atuação independente dos trabalhadores, propondo uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana que pudesse determinar que os lucros dos latifundiários, beneficiados pelas isenções e regalias que formam a dívida pública, fossem revertidos para a produção em massa de testes, respiradores para toda a população junto com um auxílio de R$ 2.000. Nesse processo, a força dos trabalhadores da cidade deve se juntar com a pauta do campesinato e varrer de uma vez por todas a manutenção da distribuição desigual das terras no país que foi consagrada na Constituição de 88, garantindo uma reforma agrária radical que colocasse um fim a toda forma de degradação agrícola e pecuária; não apenas à insegurança alimentar, mas aos alimentos envenenados, aos animais criados em confinamento e sem condições sanitárias.

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