Morte de jornalista argentino na Bolívia é denunciada na CIDH

Sebastián Moro, de 40 anos, era colaborador do jornal Página21. Foto: Reprodução/Página12

O jornalista argentino Sebastián Moro, de 40 anos, colaborador do jornal Página12, morreu na Bolívia após passar dias internado em uma clínica em La Paz. Sebastián teria sido agredido por grupos fascistas durante o golpe de Estado que derrubou o presidente Evo Morales. Nesta quarta-feira (11), o jornalista Gustavo Veiga publicou uma nota no Página12 relatando as circunstâncias obscuras que cercam a morte do colega. No dia 14 de novembro, relata Veiga, dois dias antes da morte de Sebastián Moro, a ex-ministra de Segurança, Patricia Bullrich afirmou que todos os jornalistas argentinos ameaçados na Bolívia tinham sido resgatados e socorridos. A ministra, diz Gustavo Veiga, estava no mínimo mal assessorada e informada pior ainda. “Sebastián nunca ficou a salvo dos grupos fascistas que saíram à caça de militantes do MAS (Movimento ao Socialismo, partido de Evo Morales), camponeses, sindicalistas e jornalistas críticos do regime ilegítimo de Jeanine Añez.

Ainda segundo o relato do jornalista do Página12, Sebastián agonizava desde o dia 10 de novembro em uma clínica privada do bairro de Miraflores. “O golpe de Estado contra o governo de Evo Morales acabava de ocorrer. Durante os seis dias que durou sua internação, sua irmã Penélope teve muita dificuldade para obter assistência junto ao consulado argentino. Hoje que seu corpo se transformou em cinzas e sua vida é uma recordação inapagável para aqueles que o conhecerão, sua família busca justiça”, escreve Gustavo Veiga. Segundo o relato da irmã, Sebastián tinha vários hematomas e arranhões no corpo.

Veja mais: Aldeias Urbanas Indígenas em São Paulo e POA: Desafios, dificuldades e construções diárias

“Quando cheguei a Bolívia, na madrugada do dia 11 de novembro, e ao encontrar-me com meu irmão na Clínica Rengel para acompanhá-lo notei certas marcas e golpes em seu corpo que, no meu entender, não correspondiam unicamente com um AVC isquêmico que foi o diagnóstico informado”, disse Penélope. As circunstâncias que cercam a morte levaram a família de Sebastián a denunciar o caso para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Gustavo Veiga reproduz o que disse Rodolfo Yanzón, advogado da família de Sebastián:

“Há pessoas que têm informações sobre o caso e está clandestina por ter passado por situações similares. Lembremos o caso do jornalista José Aramayo que foi privado de sua liberdade e atado a uma árvore. Há chamados telefônicos de Sebastián que foram apagados e estamos fazendo uma perícia sobre isso. E certamente temos um problema porque as autoridades da Bolívia exigiram que a família cremasse o corpo para que pudessem levá-lo para a Argentina. Lamentavelmente não poderemos ter as informações que uma autópsia revelaria. Mas confiamos na leitura fina que os médicos estão em condições de fazer porque há um cenário prévio para pensar que esse AVC foi consequência de uma agressão”.

O último artigo de Sebastián Moro no Página21, “Un golpe de Estado en marcha en Bolívia”, foi publicado no mesmo dia em que o golpe se consumou.

(*) Com informações do Página12.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.