Monólogos Cotidianos – O Voto

Por Guigo Ribeiro, para Desacato.info.

– Dizem que política e religião não se discute. Eu concordo! Se fala de Deus, cada um tem o seu. Se fala de partido, cada um tem o seu. Pra quê? Eu tenho o que eu acredito e ponto. Não vai mudar. Se você inventa de falar o que pensa, dá uma briga lascada e sei lá se tô com cabeça pra isso. Talvez a gente seja tudo burro! Porque o voto, no fim das contas, não vale nada. Repare bem! A gente têm algumas opções. Partido tal, candidato tal e é isso. A gente pega no domingo, vai pra urna, aperta os números e vai embora. Mas quem tá por trás disso? Entende? Vai ganhar quem os caras quiserem que ganhe. Tudo a mesma coisa! Sempre os mesmos candidatos, ideias. Que vai investir na saúde, educação. Porra… isso ainda é uma coisa que tem que ser feita? Ainda tá zuado o sistema de modo que ninguém deu jeito? Deve tá ferrado mesmo. Só pode! Quê? Eu sou trouxa? Não, não, não! Eu já vivi e vi isso tudo ser falado faz um tempão. Por isso que nesse negócio de política nem quero saber! Deixa lá pra quem vai encher o bolso. Não vou perder tempo. Vou votar porque precisa e não quero pagar multa ou ser mesário. Dizem que quem não vota vira mesário na próxima eleição. Tá é maluco! Vou lá, apertar o botão e ponto. E fica tudo igual! Por isso que insisto que apareça algo novo, entende? Um partido novo, pessoas quem vê a coisa diferente. Outro dia no ônibus vi uns jovens falando que tem um partido nessa ideia. Eles criticavam porque era partido de sabe lá qual banco. Essa molecada revolucionária que não entende nada da vida e quer falar sobre o que não sabe. Gente! Isso é óbvio! Se é de banco, os caras tão podres de rico e não vão roubar! Vão se dedicar ao que tem que ser feito e ponto! Mas não. É um problemão porque é de banco e não sei o que. Vai ver que é isso que vai dar jeito nessa lama toda. Outra forma de pensar. Ou ser mais inteligente! Todo candidato, sem tirar nem pôr, fala de segurança. Que vai botar mais polícia pra andar, prender traficante, usuário. Mas se o político quer determinar que um batalhão faça isso, por que não põe logo alguém do batalhão? Põe logo um militar pra resolver tudo e acabou. Queria ver essa baderna se fosse um militar, fardado e armado até o pescoço, queria ver se ia ficar essa zona. Roubou, cadeia! Fez besteira, cadeia! Aí vem gente se mobilizar, fazendo grupo em rede social pra ir contra quem não concorda. Ridículo! Mais ridículo ainda falar que invadiram a página, grupo, sei lá que que era, porque não queria que falassem dele. Candidato tem mais o que fazer, meu Deus! Tem coisa mais importante pra pensar. Mania de colocar cabelo em ovo. Mania de fazer de tudo um problemão enorme. Eu não tenho paciência! Fico aqui, sossegado, faço minhas obrigações e vivo em paz. A política tá lá pra quem quer se meter e se danar. Eu não! Eu quero paz! Deixa o povo se matando, arrumando confusão, indo em passeata. Deixa lá! Vai mudar algo? Não vai! Muda quando colocarem quem vai mexer na zona toda. Sem isso não. Política não se discute então vou ficar aqui tranquilo. Fica aí queimando sua cabeça, fica. Trouxa!

[avatar user=”Guilherme Ribeiro de Santana” size=”thumbnail” align=”left” link=”attachment” target=”_blank” /]Guigo Ribeiro é ator, músico e escritor.

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