Por Ana Rosa Moreno, para Desacato.info.
Tradução de Elissandro Santana. (Port./Esp.)
Ser um ativista em defesa dos Direitos Humanos ou dos ambientalistas no México é um suicídio esportivo radical porque, para começar, você se torna o inimigo número um do governo, das empresas e do crime organizado. Portanto, o trabalho do ativista se torna uma ameaça para aqueles que passam por cima da lei, do povo e da terra.
Mariano Abarca, ativista mexicano e membro da Rede Mexicana de Pessoas Afetadas pela Mineração (REMA), durante toda a vida manteve uma luta constante contra a Blackfire Exploration, uma mineradora transnacional de origem canadense. A empresa de mineração se estabeleceu no município de Chicomuselo, em Chiapas, cujo trabalho foi direcionado à exploração de barita, ouro e antimônio, através de 10 concessões de mineração.
A Blackfire Exploration teve e continua tendo a cumplicidade e a ajuda da Embaixada do Canadá no México, uma vez que pressionou o governo de Chiapas, em setembro de 2008, a iniciar a exploração da barita na região. Também a mina de La Revancha ou Payback que começou a operar em aberto em 2008 teve a intervenção de diplomatas canadenses que obtiveram permissões para o uso de explosivos.
A resistência nas cidades cresceu porque, em primeiro lugar, não havia pesquisas adequadas sobre a empresa mineira canadense na cidade, em segundo, porque a mineração a céu aberto traz consigo o envenenamento de rios e, portanto, a morte de dezenas de espécies de animais e de plantas. Mariano Abarca foi o único que liderou a luta contra a transnacional e a Embaixada, por sua parte, criminalizou a resistência da comunidade e promoveu a versão de que os grupos eram perigosos.
Em 2009, quando os manifestantes exigiram o cancelamento de licenças para a operação da mina La Rechancha, diplomatas canadenses consideraram que esses atos eram oportunistas para obter mais dinheiro da empresa Blackfire.
Em 22 de julho de 2009, uma delegação de Chicomuselo ficou em frente à Embaixada do Canadá na Cidade do México e Mariano Abarca se encontrou com autoridades de relações públicas e explicou que o Blackfire estava lhes afetando severamente: “Além do conflito social, a empresa está usando cerca de 40 funcionários como grupos de choque para repelir a comunidade (…). Estamos preocupados com a contaminação do meio ambiente e com as ameaças contra os que estamos no movimento. Nós achamos que não é justo que pessoas estrangeiras atacem nossos próprios povos e levem nossa riqueza para outro país”. Apesar desta reunião e das advertências, a representação diplomática continuou a agir em favor da empresa.
Três semanas depois, Mariano Abarca foi detido por policiais vestidos de civis em resposta a uma queixa contra ele pelo escritório de relações públicas da Backfire. 1.400 e-mails foram enviados à Embaixada do Canadá solicitando a liberação do ativista. Mariano foi libertado, mas a embaixada insistiu que sua prisão era legal e justificada. A Embaixada também apoiou a queixa da empresa contra Mariano Abarca “pelos crimes de associação ilícita, crime organizado, ataques em canais de comunicação, danos à empresa, perturbação da ordem, ameaças à integridade corporal, integridade coletiva e ao patrimônio do Estado”.
A resistência continuou e, em 7 de setembro de 2009, os moradores de Nueva Morelia tentaram bloquear a via de acesso à mina, mas houve confrontos e ameaças dos trabalhadores corporativos. No mesmo mês, o Comissário de Comércio da Embaixada, Paul Connors, visitou a área de exploração e informou que a Blackfire ajudou a modernizar as estradas, que ficaram “orgulhosos da pegada ambiental modesta” da mina e assegurou que os protestos eram para ganharem mais dinheiro. Em vez de investigar o que estava acontecendo com os grupos de choque que ameaçavam a comunidade, os funcionários se dedicaram a defender os interesses da empresa de mineração.
Mariano Abarca foi assassinado na noite de 27 de novembro de 2009 na frente de sua casa em Chicomuselo. Seu assassino havia trabalhado na Blackfire; ele chegou em uma motocicleta e atirou nele várias vezes na cabeça. Poucos dias antes de sua morte, Mariano apresentou uma queixa contra a empresa de mineração por ameaças de morte. Ninguém prestou atenção. Em 8 de dezembro, o Ministério do Meio Ambiente e Recursos Naturais suspendeu a operação da mina.
No México, a Lei de Mineração favorece esse setor em relação a qualquer outra atividade e as empresas apenas pagam entre R$ 1,22 e quase R$ 20,00 por hectare.
Mariano Abarca já advertiu: “não é justo que os estrangeiros atacem nossos povos e também sejam enriquecidos com base na deposição dos povos do território e seus bens naturais”.
Em maio de 2013, foi apresentado o relatório Minería canadiense no México: Blackfire Exploration e a Embaixada do Canadá um caso de corrupção e homicídio, financiado pelas organizações Mining Watch Canada, United Steelworkers and Common Frontiers, que relata a cumplicidade da Embaixada do Canadá com a mineração e pagamentos de R$ 35.500,00 que Balckfire deu ao prefeito municipal de Chicomuselo, Julio César Velásquez Calderón, “para manter a paz e evitar que os habitantes da comunidade levantem armas contra a mina”.
Em 5 de fevereiro de 2018, a família Abarca Montejo e organizações do México e do Canadá apresentaram uma queixa administrativa ao Comissário para a Integridade da Administração Pública do Canadá (CIAPC ou PSIC, por suas siglas em inglês). Nela se exige a investigação sobre as ações e omissões da embaixada do Canadá no México, porque atentou contra a vida de Mariano Abarca em sua luta contra os impactos das operações da empresa mineira canadense Blackfire Exploration.
Esta é a primeira vez que o Comissário é instado a investigar as falhas da Embaixada do Canadá em relação ao cumprimento de suas políticas relacionadas ao cuidado e respeito dos direitos humanos.
Uma campanha também foi aberta no Twitter #Justice4Mariano para exigir que a Administração Pública do Canadá aceite investigar o papel da Embaixada do Canadá no México durante o processo de criminalização e o assassinato de Mariano Abarca em Chicomuselo, Chiapas.
Justicia para Mariano Abarca
Por Ana Rosa Moreno, para Desacato.info.
Ser activista en defensa de los Derechos Humanos o ambientalista en México es todo un deporte extremo suicida, ya que para empezar te conviertes en el enemigo número uno del gobierno, las empresas y el crimen organizado. Por tanto, el trabajo del activista se vuelve una amenaza para aquellos que pasan por encima de la ley, los pueblos y de la tierra.
Mariano Abarca, activista mexicano y miembro de Red Mexicana de Afectados por la Minería (REMA), en vida mantuvo una lucha constante contra Blackfire Exploration, minera trasnacional de origen canadiense. La minera se asentó en el municipio de Chicomuselo en Chiapas y su trabajo se dirigió a la explotación de barita, oro y antimonio, a través de 10 concesiones mineras.
Blackfire Exploration tuvo y ha tenido la complicidad y ayuda de la Embajada de Canadá en México, ya que esta presionó en septiembre del 2008 al gobierno de Chiapas para iniciar la explotación de barita en la región (barita es el material que se ocupa en los pozos petroleros). También la mina de La Revancha o Payback, que comenzó a operar a cielo abierto en el 2008 tuvo la intervención de los diplomáticos canadienses quienes consiguieron los permisos para el uso de explosivos.
La resistencia en los pueblos iba creciendo porque en primera no existieron las consultas adecuadas de la minera canadiense con el pueblo, en segunda una minería a cielo abierto trae consigo el envenenamiento de los ríos y, por ende, la muerte de decenas de especies animales y vegetales. Mariano Abarca fue quien lideró la lucha en contra de la transnacional. La Embajada, por su parte, criminalizó a la resistencia comunitaria y promovió la versión de que los grupos eran peligrosos.
En el 2009 cuando los manifestantes exigieron la cancelación de los permisos para la operación de la Mina La Rechancha, los diplomáticos canadienses consideraron que estos actos eran oportunistas para obtener más dinero de la empresa Blackfire.
El 22 de julio de 2009, una delegación de Chicomuselo se plantó frente a la Embajada canadiense en la Ciudad de México y Mariano Abarca logró reunirse con funcionarios de relaciones públicas y explicarles que Blackfire les estaba afectando gravemente: “además del conflicto social, la empresa está usando a unos 40 empleados como grupos de choque para repeler a la comunidad (…) Nos preocupa la contaminación del medio ambiente y las amenazas a los que estamos en el movimiento. Pensamos que no es justo que gente extranjera agreda a nuestra propia gente y ellos llevándose la riqueza a otro país”. A pesar de este encuentro y las advertencias, la representación diplomática siguió actuando a favor de la empresa.
Tres semanas después, Mariano Abarca fue detenido por policías vestidos de civiles atendiendo una queja en su contra por la oficialía de las relaciones públicas de Backfire. Mil 400 correos electrónicos fueron enviados a la Embajada de Canadá para exigir su liberación. Mariano fue puesto e libertad pero la Embajada insistía que su arresto era legal y justificado. También la Embajada respaldó la denuncia de la empresa contra Mariano Abarca “por los delitos de asociación ilícita, crimen organizado, ataques a las vías de comunicación, daños contra la empresa, alteración del orden, amenazas contra la integridad corporal, la integridad colectiva y del patrimonio del Estado”.
La resistencia continuó y el 7 de septiembre del 2009 habitantes del ejido Nueva Morelia intentaron bloquear el camino de acceso a la mina, pero hubo confrontaciones y amenazas por parte de los trabajadores del corporativo. En ese mismo mes, el comisionado de Comercio de la Embajada, Paul Connors, visitó la zona de explotación e informó que Blackfire había ayudado a modernizar los caminos, que estaban “orgullosos de la modesta huella ambiental” de la mina y aseguró que las protestas eran para obtener más dinero. En lugar de investigar qué estaba sucediendo con los grupos de choque que amenazaban a la comunidad, los funcionarios se dedicaron a defender los intereses de la minera.
Mariano Abarca fue asesinado la noche del 27 de noviembre del 2009 frente a su casa en Chicomuselo. Su asesino había trabajado en Blackfire. Este llegó en motocicleta y le dio varios disparos en la cabeza. Unos días antes de morir, Mariano presentó una queja contra la minera por amenazas de muerte. Nadie hizo caso. El 8 de diciembre, la Secretaría de Medio Ambiente y Recursos Naturales suspendió la operación de la mina.
En México, la Ley Minera favorece a este sector por encima de cualquier otra actividad y las empresas sólo pagan entre siete y 110 pesos por hectárea concesionada.
Ya lo advertía Mariano Abarca, “no es justo que extranjeros agredan a nuestra gente y que además se enriquezcan con base en el despojo a los pueblos del territorio y de sus bienes naturales”.
En mayo del 2013 se presentó el informe “Minería Canadiense en México: Blackfire Exploration y la Embajada de Canadá un caso de corrupción y homicidio”, financiado por las organizaciones Mining Watch Canada, United Steelworkers y Common Frontiers, en el que se relata la complicidad de la Embajada canadiense con la minera y los pagos de 204 mil 22 pesos que Balckfire dio al presidente municipal de Chicomuselo, Julio César Velásquez Calderón para “mantener la paz y evitar que los habitantes de la comunidad tomaran las armas contra la mina”.
El 5 de febrero del 2018 la familia Abarca Montejo y organizaciones de México y Canadá entregaronuna denuncia administrativa al Comisionado para la Integridad de la Administración Pública de Canadá (CIAPC o PSIC, por sus siglas en inglés). En ella se exige la investigación sobre las acciones y las omisiones de la embajada canadiense en México, porque atentó contra la vida de Mariano Abarca, en su lucha ante los impactos de las operaciones de la empresa minera canadiense Blackfire Exploration.
Esta es la primera vez que se exhorta al Comisionado a que investigue las faltas de la Embajada de Canadá en relación con el cumplimiento de sus políticas relacionadas con el cuidado y respeto de los derechos humanos.
También se ha abierto una campaña en Twitter #Justice4Mariano para demandarle a la Administración Publica de Canadá que acepte investigar el papel de la Embajada de Canadá en México durante el proceso de criminalización y el asesinato de Mariano Abarca en Chicomuselo, Chiapas.
Revisión: Tali Feld Gleiser.
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Ana Rosa Moreno é licenciada em Relações Internacionais e mora em Puebla, México.