Metáfora de esquerda

Por Julio Rudman.

(Português/Español).

Perdi essa batalha. Entre um sexagenário que gosta de se alimentar com massa, doce de leite, bolos e doces, e ela, tão fina, fibrosa e aclimatada nas montanhas, era com certeza ganhadora. Briguei com uma tabua. Assim de babaca fui. Ela levantou quando passei e introduziu seu corpo ereto entre minhas pernas. A pancada foi, como costumam ser os de Estado, feroz, cruenta e supressiva. Sintetizo. Meu nariz, proeminente por natureza, passou da cor vermelha tomate para roxo figo maduro (ou de berinjela selvagem, como diz Graciela), em poucas horas. Os facultativos que, pressurosos, me socorreram na mesmíssima lona do ringue, diagnosticaram “escoriações superficiais em mãos, nariz e queixo”. Isso que no bairro chamamos de arranhões. São queridos amigos, vocês imaginam.

Mas a procissão ia por dentro. A tabuinha assassina dava gargalhadas ao sol. Ergue-se de esquerda a direita. Como acontece com frequência com determinados personagens. Meu cotovelo começou a se inflamar, embora ninguém visse. Era inútil, sua histeria estava oculta sob as blusas de lã, jaquetas e camisetas várias que portava o derrotado, a instâncias de meu anjo da guarda, de polonesa ascendência.

Omiti falar (e aqui salvo o erro) que a ocasião parecia de comemoração. Uma pérola feminina que, a rigor da verdade, não se chama assim, tinha nos convocado a libar, manducar e celebrá-la. O dia era propício e o lugar, montanhescamente inigualável. Puro are puro e uma geleia de fraternais companheiros.

O assunto é que o ferido inchou, ficou rígido e foi cúmplice e, à vez, vítima da dor e deixou toda  iniciativa de atividade para sua direita.

Não é necessária uma queda para que aconteça. Na anatomia humana os cotovelos, se sabe, são os que articulam os movimentos do braço. Ao tentar mexer o meu, o esquerdo, senti uma rajada como de corrente elétrica, uma percepção que, felizmente resultou falsa, de interior quebrado, que me paralisou. Depois, já com analgésicos nadando entre minhas vísceras, descobri que essa sensação de fragmentação das funções não era nem mais nem menos que uma metáfora do recorrente jogo de certa esquerda ultra que termina dando toda a possibilidade de articulação a seus pares destros.

Porém, o episódio teve seu final, não digo que feliz porque meus tecidos moles requerem ainda de várias jornadas de “sana sana codito de rana”, mas, pelo menos, não tem fraturas nem fissuras, tão habituais nestes casos (e nas reuniões celebradas para reunir todas as forças proletárias dos cinco dirigentes que são os que sabem), tal como diagnosticou a bela doutora que me deu tchau na emergência do hospital com um beijo na bochecha. Na esquerda, como corresponde. É que os jovens, qualquer seja seu sexo, já sabem que este avô articula com eles.

Imaginem então que os ossinhos do cotovelo passem a se chamar Emeesete, Peteese, Po, Vanguardaoperária, Correnteaníbalverón e assim até formar uma Frente C.O.D.U.* (Coordenadora Obtusa Deteriorada Umbiguista). Não teria ges

so que os aguente.

A cauda deste textículo não é a amante do cotovelo. Determinados fracassos e dores disparam metáforas da vida cotidiana.

*Trocadilho com a palavra CODO que significa COTOVELO.

 Versão em português: Projeto América Latina Palavra Viva.

http://www.julio-rudman.blogspot.com

Metáfora zurda

Por Julio Rudman.

Perdí esa batalla. Entre un sexagenario que gusta de alimentarse con pastas, dulce de leche, selvas negras y masas secas, y ella, tan fina, fibrosa y aclimatada en las montañas, era una fija apostar a ganador. Me peleé con una tabla. Así de boludo fui. Ella se levantó a mi paso e introdujo su cuerpo enhiesto entre mis piernas. El golpe fue, como suelen ser los de Estado, feroz, cruento y sorpresivo. Sintetizo. Mi nariz, prominente por naturaleza, pasó de color rojo tomate a morado higo maduro (o de berenjena salvaje, como dice Graciela), en pocas horas. Los facultativos que, presurosos, me socorrieron en la mismísima lona del ring charamuscado, diagnosticaron “escoriaciones superficiales en manos, nariz y mentón”. Eso que en el barrio llamamos raspones. Son queridos amigos, ya se imaginan.

Pero la procesión iba por dentro. La tablita asesina carcajeaba al sol. Se irguió de izquierda a derecha, como sucede a menudo con ciertos personajes. Mi codo izquierdo comenzó a inflamarse, aunque nadie lo veía. Era inútil, su histeria estaba oculta bajo los pulóveres, sacos y remeras varias que portaba el derrotado, a instancias de mi ángel guardián, de polaca ascendencia.

Omití decir (y aquí salvo el error) que la ocasión pintaba de festejo. Una perla femenina que, en rigor de verdad, no se llama así, nos había convocado a libar, manducar y celebrarla. El día era propicio y el lugar, montañescamente inigualable. Puro aire puro y una mermelada de fraternales compañeros.

El asunto es que el herido se hinchó, se puso rígido y fue cómplice y, a la vez, víctima del dolor y le dejó toda  iniciativa de actividad a su derecha.

No hace falta una caída para que suceda. En la anatomía humana los codos, se sabe, son los que articulan los movimientos del brazo. Al intentar mover el mío, el izquierdo, sentí una ráfaga como de corriente eléctrica, una percepción que, felizmente resultó falsa, de interior roto, que me paralizó. Después, ya con analgésicos nadando entre mis vísceras, descubrí que esa sensación de fragmentación de las funciones no era ni más ni menos que una metáfora del recurrente juego de cierta izquierda ultra que termina otorgándole toda la posibilidad de articulación a sus pares diestros.

Sin embargo, el episodio tuvo su final, no digo que feliz porque mis tejidos blandos requieren todavía de varias jornadas de sana sana codito de rana, pero, al menos, no hay fracturas ni fisuras, tan habituales en estos casos (y en las reuniones celebradas para reunir todas las fuerzas proletarias de los cinco dirigentes que tienen la precisa), tal como diagnosticó la bella doctorcita que me despidió en la guardia del hospital con un beso en la mejilla. En la izquierda, como corresponde. Es que los jóvenes, cualquiera sea su sexo, ya saben que este abuelo articula con ellos.

Imaginen entonces que los huesitos del codo pasen a llamarse Emeesete, Peteese, Po, Vanguardiaobera, Corrienteaníbalverón y así hasta formar un Frente C.O.D.O. (Coordinadora Obtusa Deteriorada Ombliguista). No habría yeso que los aguante.

La coda de este textículo no es la amante del codo. Es que ciertos fracasos y dolores disparan metáforas de la vida cotidiana.

http://www.julio-rudman.blogspot.com

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