Memória negra do Sul catarinense integra Coleção Terras de Quilombos

Envio de Vanessa Ibrahim.

A presença negra em redutos considerados majoritariamente de colonos europeus, em Santa Catarina, aos poucos vem sendo agregada à história do estado. É o caso da trajetória da Comunidade Quilombola Família Thomaz, do município de Treze de Maio/SC, uma das narrativas que compõem a Coleção Terras de Quilombos, lançada em dezembro pelo Incra, numa parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Em linguagem acessível, o livreto dá publicidade às informações contidas no Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), uma das etapas para regularização do território quilombola pelo Incra, em que constam os estudos históricos, antropológicos e ambientais que permitem caracterizar a comunidade. No texto, o leitor é apresentado ao escravo negro Custodio Manoel Thomaz que, nos idos de 1888, com a abolição, recebeu a doação de terras de seu antigo senhor na então Colônia Azambuja, hoje município de Treze de Maio. Ali criou seus filhos e netos mas, com o passar das décadas, seus descendentes foram sendo expropriados do local, sobretudo pela dificuldade em se integrar à vizinhança devido ao preconceito racial. Somente agora, em 2015, com a assinatura do decreto presidencial que declarou a área como de interesse social, as terras começam a retornar oficialmente à família Thomaz.

Documentos que comprovam a posse da terra e os marcos da passagem da família pela localidade integram o relato e confrontam a tese de historiadores locais, que resistentes à identificação do município com a data da abolição da escravatura, contestavam a presença de escravos na localidade. Mas a resistência negra está nos símbolos oficiais do município, em estátuas e, em breve, no território quilombola Família Thomaz.

O livreto da comunidade e todos os demais estão disponíveis para download no site do Incra: www.incra.gov.br/memoria_quilombola.

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