Médicos alemães pedem lockdown reforçado para evitar caos em hospitais

Foto: AFP

Diante de aumento de infecções, especialistas que atuam na linha de frente defendem paralisação total do país por duas semanas. Alemanha enfrenta terceira onda da pandemia.

Publicado em Deutsche Welle Brasil com informações da Reuters.

Médicos intensivistas da Alemanha pediram neste sábado (27/03) a imposição de um lockdown total de duas semanas para evitar o colapso do sistema de saúde do país.

O diretor da Associação Interdisciplinar Alemã de Terapia Intensiva e Medicina Emergencial, Christian Karagiannidis, afirmou ao jornal Rheinischen Post que é necessária uma paralisação reforçada, combinada com a ampliação da vacinação e testagem, para evitar que as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do país fiquem sobrecarregadas.

Karagiannidis ressaltou ainda que a Alemanha enfrenta o início do aumento exponencial de pacientes que necessitaram leitos de UTIs. O pedido dos médicos ocorre em meio à terceira onda da pandemia no país.

O médico também pediu ainda que autoridades voltem atrás da planejada flexibilização do atual lockdown, que já permitiu abertura de determinados estabelecimentos comerciais, e destacou que os planos de reabertura da economia são completamente inadequados para o atual momento. “Peço aos políticos que não abandonem funcionários de hospitais”, acrescentou.

Os apelos de Karagiannidis surgem um dia após autoridades de saúde da Alemanha alertarem que a terceira onda da pandemia será “mais difícil de conter” do que as duas primeiras, em grande parte devido à explosão da transmissão da variante britânica do coronavírus, que, além de ser mais contagiosa, é mais severa.

Karagiannidis também repetiu a preocupação do ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, que afirmou na sexta-feira que o sistema de saúde corre o risco de colapsar em abril, se os números de casos continuarem subindo.

Transmissão em alta

O Instituto Robert Koch (RKI), a agência de controle e prevenção de doenças da Alemanha, reportou neste sábado a maior incidência de covid-19 pela média móvel de sete dias no país registrada desde meados de janeiro. A taxa chegou a 124,9 casos por 100 mil habitantes, contra 119 na véspera. A incidência de novos casos é uma das principais variáveis utilizadas na Alemanha para guiar o relaxamento ou endurecimento das restrições.

O país contabilizou 20.472 casos em 24 horas, elevando o total para mais de 2,75 milhões de infecções desde o início da pandemia. Foram registradas ainda 157 mortes diárias em decorrência da doença. Com isso, o total de óbitos chegou a 75.780.

Na sexta-feira, o presidente do RKI, Wieler alertou que o número de novas infecções diárias na Alemanha poderão chegar a 100 mil, caso não se tomem suficientes medidas preventivas. Ele pediu ainda que os alemães não percam a oportunidade de se vacinar.

Wieler também destacou que, embora 10% da população alemã já tenha recebido a primeira dose da vacina, os ganhos com a imunização estão sendo prejudicados pelo aumento das infecções.

Recuo sobre lockdown reforçado

A combinação de números de novos casos em alta, uma campanha de vacinação irregular e a ira da população sobre propostas de novas restrições tornaram esta semana especialmente tumultuada para o governo da chanceler federal Angela Merkel.

Na quarta-feira, a chefe de governo recuou de planos anunciados menos de 24 horas antes, que endureciam o confinamento especial de Páscoa, que previa um longo feriadão de cinco dias consecutivos, obrigando o fechamento de quase todo o comércio, indústria e outros setores econômicos por dois dias extras – em tempos normais o fechamento de Páscoa tem duração de três dias.

Na ocasião, Merkel afirmou que a forma como a medida havia sido anunciada “foi um erro”, mas citou que o recuo ocorreu por causa de dificuldades burocráticas, pelo curto espaço de tempo para implementar as medidas e pela natureza vaga do anúncio original. “Infelizmente, não planejamos suficientemente”, disse a chanceler.

Ainda que o lockdown especial de Páscoa tenha sido abandonado, o confinamento permanece em vigor no país, assim como uma série de medidas rígidas de restrição impostas desde novembro. Reuniões privadas só são possíveis com um máximo de cinco pessoas de duas residências diferentes (crianças com menos de 14 anos não são incluídas nesse limite).

Apesar do início da flexibilização nas últimas semanas, ainda vigoram a obrigação de usar máscaras cirúrgicas (como a do tipo FFP2) no comércio e transporte público, e a proibição de atendimento interno em restaurantes. Bares, espaços culturais e esportivos permanecem fechados.

O atendimento em grandes lojas também só vem ocorrendo com hora marcada em grande parte do país. Algumas regiões com maior incidência de infecções vêm adotando medidas ainda mais rígidas. Grandes eventos também continuam proibidos.

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