Masp recebe a exposição do pintor e escultor italiano Amadeo Modigliani

Por Elaine Patricia Cruz*.

O traço da sobrancelha se une ao nariz. Os pescoços são longilíneos. Um constante uso de cores que passam dos tons terrosos e quentes para os cinzas, azulados e frios. Essas são algumas das características das obras de Amedeo Clemente Modigliani, expostas no Museu de Arte de São Paulo (Masp), onde permanecem até o dia 15 de julho.

Ao entrar na exposição Modigliani: Imagens de uma Vida, o visitante é levado a caminhar por uma linha do tempo, que conta a história do pintor e escultor italiano, nascido em Livorno (Toscana), em 12 de julho de 1884. “Após seguir essa linha do tempo, você terá uma cultura que lhe será transformadora”, assegura Olívio Guedes, curador da exposição, em entrevista à Agência Brasil.

A exposição conta com 61 obras, entre elas 23 cedidas por amigos e parentes de Modigliani. Há também obras da mulher dele, Jeanne Hébuterne, como um desenho em que ela retrata o marido, e pinturas do mestre Guglielmo Micheli (1866-1926), com quem Modigliani aprendeu história da arte e as técnicas de pintura do nu artístico e do retrato. Entre as obras de Modigliani, há desenhos, pinturas e esculturas. Uma delas é réplica de Tetê, uma das mais caras esculturas já vendidas no mundo, leiloada em 2010 por 43,2 milhões de euros. Há também manuscritos, cartas e fotografias que traçam um panorama da vida do artista e da vida dele em Paris, no início do século 20. “É uma mostra educativa”, definiu o curador.

Filho de judeus, cresceu em meio a dificuldades financeiras e doenças como febre tifóide e tuberculose. “Ele nasceu tísico, fraco, com problemas pulmonares. Mas isso foi muito importante para ele: quanto mais ele sentia a doença, mais forte sua alma ficava. Era também um homem muito bonito, mulherengo, elegante.

Mas a Itália ficou pequena para Modigliani. Em 1906, se mudou para Paris, a capital francesa referência da arte da cultura da época. Lá, criou a fama de bêbado e mulherengo, mas foi lá que passou a conviver com os principais nomes da cena artística do início do século passado, marcada pelo movimento impressionista.

“Ele começou a beber de uma fonte que não conhecia”, disse o curador. Se encantou pelo mestre da pintura Paul Cézanne (1839-1906). “Esse foi um período de grande explosão de conhecimento”. Entre 1909 e 1914, ele pintou somente três quadros, dedicando-se mais à escultura. Apenas 27 feitas por Modigliani no período são conhecidas no mundo. Com a saúde frágil, Modigliani desenhava compulsivamente. Não se sabe ao certo quantos desenhos fez ao longo da curta vida, mas estima-se este número em em cerca de 3 mil. Modigliani morreu no dia 24 de janeiro de 1920, aos 35 anos. No dia seguinte, a viúva Jeanne Modigliani, grávida de oito meses, se matou, deixando a filha do casal, de apenas dois anos, aos cuidados de uma tia.

“A exposição está magnífica. Traz os elementos da vida dele, desde criança, na Itália, e depois, a vida em Paris. mostra o lado do homem, de seu mundo e de seu tempo e como tudo isso se refletiu em sua obra”, disse Alberto Velloso Lima, editor de livros de arte.

A exposição, que começou a temporada no Brasil pelo Espírito Santo e já passou pelo Rio de Janeiro, irá para o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, após deixar o Masp.

*Repórter Agência Brasil.

Imagem: Pintura de Modigliani: Mulher com tranças.

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