Mapa da violência 2016: jovens, as principais vítimas

Mortes por armas de fogo correspondem a 70% das mortes violentas no país. A pesquisa da Flacso tem por base o Sistema de Informação de Mortalidade, mesma base de dados usada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) no Atlas da Violência 2017.

Apesar de identificar, assim como o Ipea, o aumento da escalada da violência no nordeste em maior escala que em outras regiões, o Mapa da Violência da Flacso definiu como território de pesquisa municípios com no mínimo 10 mil habitantes. O Atlas da Violência pesquisou cidades até 100 mil habitantes.

Violência disseminada

Em reportagem publicada nesta segunda-feira (26) pelo portal UOL, jovens moradores de Mata de São João buscam oportunidade em outras cidades com menor índice de homicídio para não virar estatística. Mesmo assim todos têm uma história de violência para contar.

É o caso de Javã Araújo, 18 anos, que vê no curso de eletromecânica no Polo Industrial da vizinha Camaçari, um caminho para o futuro. Ele perdeu um amigo assassinado por causa do tráfico. A mesma expectativa é a de Fabricio de Souza, de 24 anos, que está empregado no Complexo Ford Nordeste.

Julio Jacobo, responsável pelo Mapa e também pela atualização com os números mais recentes, afirma que há um “processo de ocultação da realidade”. “O governo federal sabe disso (das estatísticas), a polícia sabe disso, você sabe disso, mas quais as medidas que estão sendo tomadas?”

Presença ostensiva do Estado

De acordo com ele, os homicídios tendem a aumentar com o agravamento da crise econômica. De outro lado, as cidades ao redor de Mata de São João também registram elevados índices de assassinatos, inclusive Camaçari, que está em 37º lugar no ranking da Flacso. A chegada do pólo industrial também contribui para os índices de criminalidade.

“(o poder público) não acompanhou as demandas do crescimento econômico dessas regiões. Não havia educação, não havia segurança. Isso foi a festa da bandidagem”, afirmou Jacobo.

A secretaria de estado de segurança pública da Bahia e a prefeitura de Mata de São João contestam a metodologia usada para chegar ao resultado final. De acordo com a secretaria de estado, há Estados que contabilizam uma chacina como um só caso. São Paulo é um desses estados que diferem da metodologia usada por especialistas e organismos internacionais.

O sociólogo Thiago Neri, integrante do Programas de Estudos em Políticas e Gestão de Segurança Pública da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o único elemento (do Estado) que a juventude conhece é a presença ostensiva do carro da polícia. “Nos bairros periféricos, (o Estado) vai quando quer, onde quer e como quer”.

Ausência de política pública

Alternativas para a comunidade surgem na própria comunidade. É o caso da Associação Skate em Ação, que desde 2015 tem formado skatistas profissionais: em quase dois anos foram 20. O projeto, gratuito, não recebe verba da prefeitura.

“Para um rapaz da periferia, que não tem acesso ao esporte, ao trabalho, à educação, e vê o traficante pagar a conta de luz que os pais desse jovem, desempregados, não puderam pagar, me questiono: qual a referência de vida que ele vai ter?”, questionou Mauricio Shaman, vice-presidente da Skate em Ação.

De acordo com o Mapa da Violência, de 1980 a 2014 aumentou 700% o homicídio de jovens, em sua grande maioria homens, negros e moradores da periferia. O estudo mostrou através de dados de 2015 que cada 114 pessoas assassinadas em um dia, 67 eram da faixa etária de 15 a 29 anos. No mesmo ano, 18. 217 pessoas foram assassinadas no nordeste. Desse total, 61% eram jovens.

Fonte: Portal Vermelho. 

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