Manning é condenado pela maioria das acusações, mas não por “ajuda ao inimigo”

A juíza militar Denise Lind anunciou nesta terça-feira (30/07) o veredicto do soldado norte-americano Bradley Manning, responsável por vazar centenas de milhares de documentos secretos dos Estados Unidos para o Wikileaks, considerando-o inocente da acusação mais grave, de “ajuda ao inimigo”. Entretanto, ele foi condenado por inúmeras violações à lei de espionagem, podendo ser sentenciado a uma pena máxima de 136 anos na prisão.

Agência Efe

O soldado Bradley Manning durante o anúncio de seu veredicto na tarde de hoje (30/07)

Entre as 17 acusações pelas quais Manning foi considerado culpado estão as de espionagem e de roubo de documentos sigilosos.  Ele forneceu ao Wikileaks vídeos de ataques aéreos em que civis foram mortos, centenas de milhares de informações sobre incidentes nos fronts das guerras do Iraque e do Afeganistão, dossiês de homens presos sem julgamento em Guantánamo e cerca de 250 mil despachos diplomáticos.

Durante todo o julgamento, que durou oito semanas, a promotoria insistiu em acusar Manning de ter colaborado com inimigos dos EUA, como a rede terrorista Al Qaeda, enquanto a defesa argumentava que seu objetivo era apenas mostrar à sociedade os bastidores do Exército norte-americano e das guerras em que o país se envolveu. Se fosse condenado por essa acusação, o soldado poderia ser sentenciado à prisão perpétua, sem possibilidade de redução.

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Apesar de ter sido inocentado da acusação mais grave, Manning ainda pode encarar muitos anos de prisão, considerando-se a soma das penas máximas de suas condenações, que chegam a mais de 130 anos. Sua sentença deve ser anunciada amanhã (31/07) pela manhã.

Bradley Manning, de 25 anos, está preso desde os 22, quando foi detido no Iraque, onde presta serviços de inteligência aos Estados Unidos. A jornalista Alexa O’Brien, que esteve presente em todos os dias do julgamento do soldado, escreveu em sua conta no Twitter as acusações individuais pelas quais ele foi condenado e afirmou que está “voltando para o funeral de um homem jovem”.

A família de Manning fez uma declaração, publicada pelo jornal The Guardian, em que se diz “obviamente desapontada com o veredicto de hoje”, mas contente porque a juíza Lind concordou que “Brad nunca quis ajudar os inimigos da América de nenhum jeito. Ele ama seu país e estava orgulhoso de usar seu uniforme”. Os familiares também agradeceram o apoio da equipe de defesa de Manning e das pessoas que se manifestaram a favor dele, sem as quais ele não poderia se defender “do poder completo do Exército e do governo norte-americanos”.

O Wikileaks, de quem Manning foi fonte confessa, se manifestou através do Twitter, dizendo que as condenações são uma amostra de um “extremismo de segurança nacional perigoso por parte do governo Obama”. O portal também afirmou que a condenação por cinco acusações de espionagem é “um novo precedente muito grave para o fornecimento de informações à imprensa”.

A Anistia Internacional também se pronunciou, apontando que “é difícil não chegar à conclusão de que o julgamento de Manning teve o objetivo de enviar uma mensagem a todos: o governo dos EUA está atrás de você”. Em comunicado, a instituição afirmou que “as prioridades dos EUA estão de cabeça para baixo”, já que julgaram o soldado, mas se recusaram a investigar denúncias de tortura e outros crimes que violam leis internacionais.

*Com informações do Guardian e do New York Times

Fonte: Ópera Mundi

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