Mais de dois anos após desaparecimento de 43 estudantes no México, pais ainda lutam por verdade e justiça

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Padres de Los 43 continuam questionando e exigindo investigações sobre o desaparecimento de seus filhos (Foto: Karlo Reyes / Fotoreporteros MX)
Parentes e amigos dos jovens sequestrados pela Polícia, demandam maior dialógo com as autoridades.
“Porque, se nos tiraram vivos, os queremos vivos!” brada um coral de dezenas de pais e mães, todos camponeses e indígenas. “Esta luta vai continuar até que encontremos a verdade. Até que nos digam onde estão nossos filhos”, diz um dos Padres de Los 43, organização dos parentes e amigos dos estudantes mortos em 26 de Setembro de 2014, no estado de Guerrero, no sudoeste mexicano. Quinta-feira, 26/01/17, eles se manifestaram na Cidade do México, exigindo uma reunião com a Procuradoria Federal, para discutir as investigações.

Marcando 28 meses depois de uma das maiores violações dos Direitos Humanos da América Latina, ainda pouco se sabe o que ocorreu naquela fatídica noite. Alunos das Escolas Normales de Ayotzinapa, um colégio rural dedicado a filhos de pobres ou camponeses do Estado de Guerrero, no sudoeste do país, viajavam para Iguala, a cerca de duas horas a Norte da cidade. Lá eles iam negociar transporte para que outros estudantes viajarem até a capital e poderem participar em uma marcha em homenagem às vítimas de um massacre histórico, ocorrido em 1968 quando forças federais fuzilaram centenas de estudantes. A ironia do destino os tornaria vítimas de outra chacina. Sem aviso, a Polícia do Estado abriu fogo a um dos ônibus, matando 6 pessoas e ferindo 40. Outros 43 foram detidos pela Polícia, mas desapareceram imediatamente depois.

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No mesmo ano, as autoridades mexicanas deram a “verdade histórica” do crime: a Polícia teria entregado os estudantes a um cartel de drogas local, Guerreros Unidos, que incinerou os corpos num lixão nas redondezas. Mais de 130 pessoas foram presas, incluindo o prefeito de Iguala, assim como oficiais da Polícia e traficantes. Porém, uma equipe internacional de especialistas expôs a “mentira histórica”: as provas da versão oficial foram conseguidas a partir de tortura, não havendo evidências forenses que colaboram com a conclusão das investigações mexicanas.

O relatório acabou mostrando que o desejo do Governo Mexicano era encerrar o clamor social diante dos crimes, e não descobrir e punir os verdadeiros culpados. O episódio chamou atenção de todo o mundo para os atentados aos direitos humanos no México, assim como a perseguição de comunidades rurais e indígenas, junto com a corrupção de suas próprias instituições. Já quase na metade do terceiro ano de investigações, vemos um país que se recusa a responder os pais que não se cansam de questionar.

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Fonte: Jornalistas Livres.

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