Madero vê encalhe de sanduíches após declaração sobre mortes por coronavírus

Foto: Reprodução de vídeo

Por Esmael Morais.

Segundo o dicionário Aurélio, encalhe significa “mercadoria que não teve saída, que não encontrou comprador.” Pois bem, os sanduíches da rede de restaurantes Madero encalharam e não têm compradores.

O empresário Júnior Durski, proprietário do Madero, afirmou neste sábado (16) que seu faturamento despencou por causa da pandemia do novo coronavírus. Depois de falar que o país não deveria parar “por 5 ou 7 mil mortes”, ele lamentou a queda no número de clientes.

Júnior Durski ressaltou que precisará se reinventar no ramo dos restaurantes após a pandemia. Segundo ele, um restaurante em Curitiba, que costumava receber 400 pessoas por dia, atualmente serve apenas 30 clientes ao dia.

A entrevista foi dada à rádio Bandnews FM. A explicação encontrada pelo empresário para queda das vendas é o medo da população de sair de casa e se infectar com o novo coronavírus.

Durski também disse que precisará demitir funcionários para manter a saúde do negócio. Ainda no início da pandemia, ele contou ao jornal O Estado de S. Paulo que sua empresa dispensaria 600 pessoas para diminuir o rombo econômico.

Leia mais: Dono do Madero diz que não se pode parar a economia por conta de 5 ou 7 mil pessoas que vão morrer

No início da crise da saúde pública, em março, o proprietário do Madero causou revolta na população depois de colocar a economia acima das vidas perdidas pela virose.

“O país não aguenta, não pode parar dessa maneira. As pessoas têm que produzir e trabalhar. Não podemos (parar) por conta de cinco ou sete mil pessoas que vão morrer. Isso é grave, mas as consequências que vamos ter economicamente no futuro vão ser muito maiores do que as pessoas que vão morrer agora com o coronavírus”, disse.

Moral da história: o Madero teve a marca atingida pelo bolsonarismo doentio de Júnior Durski.

Leia mais: Dono do restaurante Madero demite mais de 600 funcionários

País quebrado, contratos descumpridos

O País quebrado, somado à pandemia de coronavírus, tem sido o ambiente perfeito para o descumprimento de contratos privados.

Fundamentados na Constituição e nos códigos Civil, de Processo Civil e de Defesa do Consumidor, os contratos significam, resumidamente, em acordo de vontade entre duas ou mais pessoas, em relação a um objeto lícito e possível, a fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Ocorre quando ambas as partes assumem, reciprocamente, uma obrigação.

Na crise econômica criada pelo presidente Jair Bolsonaro e seu “Posto Ipiranga”, o ministro Paulo Guedes, os contratos estão sendo relativizados e descumpridos. Portanto, uma ofensa ao lema do liberalismo “laissez faire, laissez aller, laissez passer, le monde va de lui-même” (“deixe fazer, deixe ir, deixe passar, o mundo vai por si mesmo”).

Embora se posicionem como baluarte do capitalismo, contra o comunismo, Guedes e Bolsonaro não servem a nenhum dos dois sistemas econômicos. Eles são inservíveis numa perspectiva de desenvolvimento, seja pela direita, esquerda ou centro.

Seria desonestidade intelectual dos “agentes econômicos” atribuir à Codi-19 a atual depressão no mercado brasileiro. Ela é preexistente, qual seja, já era sabida e enxergada por nós desde a famigerada reforma trabalhista, congelamento de investimentos na saúde e na educação, agravada pela reforma da previdência, dentre outras medidas que visaram concentrar renda nas mão de banqueiros e rentistas, que ferravam os trabalhadores e a população.

Dito isso, uma pesquisa da empresa Sigalei, a pedido do Estadão, rastreou 352 propostas já em estudo no Congresso, em 15 Assembleias Legislativas e na Câmara Municipal de São Paulo que propõem de corte de juros em empréstimos a suspensão de pagamento por serviços públicos essenciais e redução no preço das mensalidades escolares durante a pandemia.

Os dados da Sigalei – empresa de inteligência de tecnologia política e regulatória – mostram que, apenas na área de serviços essenciais (água, energia, telefonia e internet), há 160 projetos que tratam, entre outros assuntos, de proibição de cortes de fornecimento, suspensão de cobranças e estabelecimento de gratuidade em alguns serviços. Na maioria dos casos, porém, não há estudos do impacto das medidas sobre as empresas fornecedoras. Na prática, não se sabe quem pagará a conta.

“É a institucionalização da insegurança jurídica”, diz a economista Luciana Yeung, professora do Insper. Pesquisadora na área de Análise Econômica do Direito, ela afirma que a quebra de contratos pode gerar dificuldades para a recuperação de empresas em diversos setores.

Na prática, o que dizem a Sigalei e o Estadão é o seguinte: Guedes e Bolsonaro podem ser tudo, menos liberais. Eles preveem que a proliferação de propostas legislativas que podem levar à quebra de contratos é uma resposta política à crise econômica e social no País.

Como foi dito antes, o Brasil vive um colapso econômico, mas pode ainda ser piorado por se transformado no novo epicentro mundial do coronavírus.

O Brasil com 233.511 casos confirmados e 15.662 mortes, é o quinto país com mais coronavírus. Os dados são da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde.

Definitivamente, o “neoliberalismo” sucumbiu mais uma vez. Que venha [de volta] o “Welfare State” –o Estado de Bem-Estar Social.

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