Macri: A marionete das corporações

Mauricio Macri no Congresso na abertura das sessões ordinárias da assemblea legislativa. Foto: David Fernandez.
Mauricio Macri no Congresso na abertura das sessões ordinárias da assemblea legislativa. Foto: David Fernandez.

Por Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

(Português/Español)

No discurso lido pelo presidente Mauricio Macri no día 1° de março ante o Parlamento, supunha-se que ficariam estabelecidas as pautas de governo para este ano. Porém, o mandatário leu um discurso feito sob medida das corporações que, desde um mês antes, vinham dizendo-lhe, em diferentes notas nos jornais,  o que ele devia falar: menoscabar a gestão do governo anterior para justificar a toma de dívida externa, e instalar o tema do narcotráfico como um grave problema que deve ser resolvido, o que permitirá não só a compra de armamento de guerra para militarizar as polícias; mas também o controle social com falsos operativos nos bairros mais humildes.

O paráfrase cansativa do presidente fez dormir um par de legisladores de sua própria aliança de governo; e sublevou outros, de signo contrario, por suas mentiras ou sua hipocrisia.

Prometeu coisas que já existem na Argentina por lei, como a escolarização obrigatória a partir dos 3 anos de idade; ou o envio ao Congresso de um projeto modificando a tabela de aplicação do imposto de renda, algo que a Constituição Nacional expressa como obrigatório em matéria de legislação impositiva. O insólito é que justamente uma de suas promessas de campanha era que eliminaria esse imposto aos trabalhadores.

Foi uma grande encenação para o triste papel da marionete das corporações.

A insolência com a que este beneficiário da ditadura pronunciou a frase: “A 40 anos do golpe de Estado, dizemos nunca mais à violência institucional” só se viu superada pela realidade: lá fora, a apenas 100 metros do Congresso, a polícia estava reprimindo com cassetetes, gases e balas de borracha, uma manifestação de bancários que reclamavam pelas demissões no Banco Central. Estes trabalhadores tinham sido demitidos porque eliminaram a área desse banco que estava investigando a cumplicidade e o calote do poder econômico durante a ditadura de 1976.

“Temos uma democracia viva que cresce com muita paz e tranquilidade” disse sem se alterar com seu tom monótono; mas nós os habitantes não podemos nos locomover com liberdade, porque qualquer policial pode nos pedir os documentos de identidade, nos colocar contra a parede  e revisar nossos pertences.  Os dirigentes da Associação de Trabalhadores do Estado são perseguidos, igual que Milagro Sala na província de Jujuy, que permanece detida ilegitimamente e sem causa.  Outra dirigente de ATE,   Silvia León, sofreu o sequestro de seu filho enquanto se discutia a data base dos docentes. Seu filho de 20 anos foi interceptado andando pela rua com um amigo por pessoas que se identificaram como policiais, e agiam como tais; os mantiveram em cativeiro durante 5 horas dentro do carro, se mexendo o tempo todo e passando por diferentes pedágios, em um rádio de 60 km. Os deixaram na sua própria casa, após roubar seus pertences. Outro dirigente sindical, Roberto Baradel, do Sindicato Único de Trabalhadores da Educação da província de Buenos Aires —SUTEBA— recebeu uma mensagem estremecedora no computador de sua filha pequena. Os meios de comunicação mais importantes silenciaram esses fatos. Sem verdade não há justiça e sem justiça não há paz.

“Que ninguém creia que seremos tolerantes com aquelas empresas que querem ficar por cima da Justiça” foi a frase mais hilariante, porque desde a sua chegada, Mauricio Macri não tem feito outra coisa que revogar leis por decreto ou assinar decretos para desarticular leis que impediam as práticas monopólicas. Toda a equipe do governo é formada por gerentes de empresas multinacionais!

Enquanto seguia mentindo com impunidade, sem sentido, numa encenação lastimável, o Ministro da Economia Alfonso Prat Gay ex-funcionário da banca J.P. Morgan  recebia seu novo secretário de Política Econômica, Vladimir Werning, diretor de… J.P. Morgan! que será o encarregado de tramitar novas dívidas com a banca internacional.

Para que se entenda como está funcionando o governo de Macri: o ministro da Energia, ex-diretor da empresa petrolífera holandesa Shell, dispôs que Aerolíneas Argentinas agora compre a essa empresa o combustível de seus aviões e, ao mesmo tempo, planeja a demissão de 2.000 funcionários da petrolífera estatal YPF.

Por outra parte, a diretora de Aerolíneas Argentinas, ex-gerente de General Motors América-latina, está eliminando rotas aéreas dessa empresa, e portanto, planeja demitir 1.600 trabalhadores. Estas perdas de rotas permitem a expansão da linha aérea LAN, chilena, empresa à que pertencia o vice-chefe de gabinete de Mauricio Macri; quem por sua vez, também se vê favorecido com a redução de Aerolíneas Argentinas, porque muitos voos domésticos no sul do país dos quais esta empresa abriu mão, agora os fará a empresa aérea Mac Air, do Grupo Macri.

No discurso, Macri falou da importância da educação pública de qualidade. Dois dias mais tarde deu de baixa o plano nivelador mais importante da Argentina: o Plano Conectar Igualdade, que entregava para cada aluno do segundo grau um netbook, e instruia docentes e alunos no uso das novas tecnologias. E logicamente, deixou sem emprego 1.000 pessoas que desenvolviam software grátis, assistência técnica, interagiam com docentes e diretores/as para conhecer as necessidades em sala de aula e fomentavam a independência das grandes corporações mundiais.

O Ministro da Saúde, Jorge Lemus, mantém em “segredo” o que já é impossível de dissimular: a epidemia de dengue. Demitiu 1.000 funcionários e deu de baixa os convênios com as universidades que se encarregavam de levantar os potenciais problemas de saúde e mandavam a campo agentes sanitários, para chegar ao doente antes que a morte. Também não está comprando vacinas, e, portanto, está em risco a continuidade do plano de vacinação.

Converteram o país numa grande Empresa para benefício pessoal, e nesta, o Poder Judiciário cumpre as funções  de assessoria  jurídica, enquanto que os meios de comunicação são sócios e publicitários.

Quando o Presidente saiu do Congresso, vendo que apenas uns 100 partidários tinham se congregado na porta para vê-lo passar, Macri disse frente a câmera que o filmava no carro presidencial: “Muita gente queria vir, mas não veio por causa da chuva”. Fazia pelo menos 6 horas que não chovia.

Parece que o braço invisível do mercado consegue mexer os fios do presidente, mas não consegue fazer com que o povo se mexa de acordo com a sua vontade.

Tradução: Tali Feld Gleiser para Desacato.info.


La marioneta de las corporaciones 

Por Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

En el discurso leído por el presidente Mauricio Macri el día 1° de marzo ante el Parlamento, se suponía que quedarían establecidas las pautas de gobierno para el presente año.  Sin embargo, el mandatario leyó un discurso hecho a medida de las corporaciones que desde un mes antes, venían diciéndole, en diferentes notas en los diarios,  qué debía decir: denostar la gestión del gobierno anterior para justificar la toma de deuda externa, e instalar el tema del narcotráfico como un grave problema a resolver, lo que permitirá no sólo la compra de armamento de guerra para militarizar las policías; sino también el control social con falsos operativos en los barrios más humildes.

El parafraseo cansino del presidente, durmió a un par de legisladores de su propia alianza de gobierno; y sublevó a otros, de signo contrario, por su mentiras o su hipocresía.

Prometió cosas que ya existen por ley, en Argentina, como la escolarización obligatoria a partir de los 3 años de edad; o el envío al Congreso de un proyecto modificando la escala de aplicación del impuesto a las ganancias, algo que la Constitución Nacional señala como obligatorio en materia de legislación impositiva, lo insólito, es que justamente una de sus promesas de campaña, era que iba a eliminar dicho impuesto a los trabajadores.

Fue una gran puesta en escena para el  triste papel de la marioneta de las corporaciones.

El desparpajo con el que este beneficiario de la dictadura, pronunció la frase: “A 40 años del golpe de Estado, decimos nunca más, a la violencia institucional”, sólo se vio superado por la realidad: afuera, a apenas 100 metros del Congreso, la policía estaba reprimiendo con bastonazos, gases y balas de goma, una manifestación de empleados bancarios que reclamaban por los despidos en el Banco Central. Estos trabajadores habían sido despedidos porque eliminaron el área de ese Banco que estaba investigando la complicidad  y las estafas del poder económico durante  la dictadura de 1976.

“Tenemos una democracia viva que crece con mucha paz y tranquilidad” dijo sin inmutarse con su tono monocorde; pero los habitantes no podemos movernos con libertad, ya que cualquier policía puede pedirnos los documentos de identidad, poniéndonos contra la pared  y revisando nuestras pertenencias.  Los dirigentes de la Asociación de Trabajadores del Estado, son perseguidos, tal como Milagro Sala en Jujuy, que permanece detenida ilegítimamente y sin  causa.  Otra dirigente de ATE,   Silvia León, sufrió el secuestro de su hijo mientras se  discutían las paritarias docentes.  Su hijo de 20 años fue interceptado mientras caminaba por la calle con un amigo por personas que se identificaron como policías, y actuaban como tales; y los mantuvieron en cautiverio por 5 horas, dentro del auto, moviéndose todo el tiempo y pasando por diferentes peajes, en un radio de 60 km. Los dejaron en su propia casa, luego de robarles sus pertenencias. Otro dirigente sindical, Roberto Baradel, del Sindicato Único de Trabajadores de la Educación de la provincia de Buenos Aires – SUTEBA, recibió un mensaje estremecedor en la computadora de su pequeña hija. Los medios de comunicación más importantes, silenciaron estos hechos. Sin verdad, no hay justicia y sin justicia, no hay paz.

“Que nadie crea que seremos tolerantes con aquellas empresas que se quieren poner por encima de la Justicia” fue la frase más risueña, ya que desde su llegada, Mauricio Macri no ha hecho más que derogar leyes por decreto o firmar decretos para desarticular leyes que ponían coto a las prácticas monopólicas. ¡Todo el plantel del gobierno está formado por gerentes de empresas multinacionales! Mientras seguía mintiendo con impunidad, sin sentido, en una puesta en escena lamentable, el Ministro de Economía Alfonso Prat Gay ex empleado de la banca  J.P.Morgan, ponía en funciones a su Secretario de Política Económica, Vladimir Werning, directivo de… ¡J.P. Morgan! Que será el encargado de tramitar nuevas deudas con la banca internacional.

Para que se entienda cómo está funcionando el gobierno de Macri:  el ministro de Energía, ex director de la petrolera holandesa Shell, dispuso que Aerolíneas Argentinas ahora le compre a esa empresa el combustible de sus aviones y al mismo tiempo, planifica el despido de 2.000 empleados de la petrolera estatal YPF.

A su vez, la directora de Aerolíneas Argentinas, ex gerente de General Motors Latinoamérica, está eliminando rutas aéreas de esa empresa, y por ende, planea despedir a 1.600 trabajadores.  Estas pérdidas de rutas,  permiten la expansión de la línea aérea LAN, chilena, empresa a la que pertenecía el vicejefe de gabinete de Mauricio Macri; quien a su vez, también se ve favorecido con el achicamiento de Aerolíneas Argentinas, ya que muchos vuelos de cabotaje en el  sur del país, que esta empresa resignó,  ahora los hará la empresa aérea Mac Air, del Grupo Macri.

En el discurso, habló de la importancia de la educación pública de calidad. Dos días más tarde, dio de baja el plan nivelador más importante de la Argentina: el Plan Conectar Igualdad, que le entregaba a cada alumno de la escuela secundaria una netbook, e instruía a docentes y alumnos en el uso de las nuevas tecnologías. Y por supuesto, dejó sin empleo a 1.000 personas que desarrollaban software gratis; asistencia técnica, interactuaban con docentes y directivos para conocer las necesidades en el aula, y fomentaban la independencia de las grandes corporaciones mundiales.

El Ministro de Salud, Jorge Lemus, mantiene en “secreto” lo que ya es imposible de disimular: la epidemia de dengue. Despidió a 1.000 empleados, y dio de baja los convenios con las universidades, que se encargaban del relevamiento de potenciales problemas de salud y desplegaban en el campo a agentes sanitarios, para llegar al enfermo antes que la muerte; y no está comprando vacunas, por lo que se encuentra en riesgo la continuidad del plan de vacunación.

Convirtieron el país en una  gran Empresa para beneficio personal, y en esta, el poder judicial cumple las funciones de asesoramiento jurídico; mientras que los medios de comunicación, son socios y publicistas.

Cuando salió del Congreso, viendo que apenas unos 100 partidarios se habían congregado en la puerta para verlo pasar, Macri  dijo ante la cámara que lo filmaba en el auto presidencial: “Mucha gente quería venir pero no vino por la lluvia”. Hacía por lo menos, 6 horas que no llovía.

Parece que el brazo invisible del mercado puede mover los hilos del presidente, pero no logra hacer que el pueblo se mueva a su antojo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.