M pelo Mundo: o site de viagem feito por e para mulheres

Por Bruna Leão.

Para as mulheres, viajar é uma experiência que se distingue em muitas questões em relação a experiência dos homens. Quando uma mulher decide viajar tem que enfrentar diversos desafios que estão ligados à fatores culturais, machismo e insegurança.

Sabendo desse cenário, a jornalista Nathalia Marques criou, em 2015, o portal M pelo Mundo que tem como objetivo empoderar as mulheres que desejam realizar sua primeira viagem sozinhas e proporcionar dicas para aquelas que já possuem experiências.

“Criei o M pelo Mundo, pois senti que havia a necessidade de ter um site que falasse sobre o tema VIAGEM a partir do ponto de vista das mulheres. Quando viajava sempre me questionava se um destino era seguro ou não e procurava dicas de outras mulheres. A partir disso, percebi que deveria existir um site que fosse como uma amiga para as viajantes e pudesse reunir dicas e informações para elas”, explica Nathalia Marques, criadora e editora do M pelo Mundo.

Com uma rede de colaboradoras, o M pelo Mundo oferece dicas e notícias para mulheres que querem viajar sozinhas, com os filhos, com as amigos ou companheiros, morar no exterior ou fazer intercâmbio. Além disso, o portal também tem a função de fomentar o debate sobre a igualdade de gênero e por isso publica artigos sobre o tema com foco no segmento de turismo.

Nós entrevistamos a Nathalia que nos contou um pouco mais sobre como é para uma mulher viajar sozinha em um mundo machista. Confira:

Bruna: Você acha que as mulheres precisam ter um cuidado extra ao viajarem sozinhas?

Nathalia: Sim, infelizmente temos que ter cuidados extras, pois vivemos em um mundo extremamente machista e inseguro para nós. Uma mulher viajando sozinha é vista como um alvo fácil. Por conta disso, temos que tomar diversos cuidados. Eu, por exemplo,  sempre uso um aplicativo que indica minha localização para amigos ou familiares; ando com o número do consulado, da polícia e não costumo curtir tanto a noite como faço quando estou no meu país ou cidade, sempre fico em hostel com quarto feminino. Enfim, são uma série de cuidados que infelizmente as vezes até nos limitam de curtir o local como deveria e que os homens, por exemplo, não precisam ter.

B: Escolher o destino de uma viagem também é algo que mulheres devem ter especial atenção?

N: A questão do destino é algo muito pessoal. No entanto, é fato que existem muitos destinos que são considerados perigosos para as mulheres. É muito comum ver pesquisas listando quais são os destinos mais seguros e inseguros. O que eu indico é que as mulheres que querem viajar sozinhas procurem saber mais sobre a região, cultura e vejam se realmente vale a pena.

B: O machismo desencoraja mulheres a viajarem sozinhas?

N: Com certeza. São raras as mulheres que pegam uma mochila e vão com a cara e a coragem, porque existe muito medo. Então, quando uma mulher decide viajar sozinha, existe toda uma preparação antes. Além disso,  o fato dos noticiários sempre alertarem sobre a criminalidade, por exemplo, certamente inibe sim. No entanto, apesar da criminalidade afastar as mulheres de alguns destinos, nós brasileiras estamos em quinto lugar dos países em que mulheres mais viajam sozinhas. Esse é um dado muito importante, que quer dizer que muita coisa tá melhorando.

B: Apesar de todos os cuidados que precisam tomar por serem mulheres, vale a pena viajar sozinha?

N: Viajar sozinha é uma das melhores coisas que já aconteceu na minha vida. Então, estou sempre incentivando que mulheres façam isso apesar do medo e contratempos. A gente vive numa sociedade em que desde pequena somos ensinadas a se doar pros outros, quando viajamos sozinhas é você por você mesma, se conhecendo, atendendo as suas necessidades, é uma quebra de uma corrente cultural. Também tem a questão de que você não precisa ter um homem ao seu lado pra estar bem, pra ser feliz. Viajar sozinha é ótimo pra autoconhecimento, sempre indico.

Mas acho importante destacar que vivemos em um país bastante desigual, então não utilizo o discurso “viaje sozinha porque só assim você vai ser empoderada” porque eu acho que isso é muito elitista. Existem muitas mulheres que não viajam sozinhas e são extremamente empoderadas, então quero deixar claro que viajar sozinha não é pré-requisito de empoderamento. Se você não pode viajar sozinha agora, viaje quando der e se não der pra viajar, também não viaje. Eu acho que a gente não tem que pressionar as mulheres pra viajarem sozinhas se elas não tem condições pra isso.

Fonte: Não me kahlo.

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