Lula fala em referendo revogatório de algumas medidas de Temer, mas atua para ajudar capitalistas

Por Fernanda Montagnner.

Lula iniciou nessa segunda-feira sua caravana por Minas Gerais, apostando no discurso do “Lulinha paz e amor, não tão amável assim”, jogando com a polarização social afirmando até que, se eleito, fazer um referendo que revogue as medidas de Temer. Mas a fachada de apelo popular com uma mão, não esconde sua segunda mão (direita) buscando alianças com empresários e acenando as elites que pode ser o melhor candidato para conter a luta de classes e sustentar o capitalismo.

Depois de aliar-se à oligarquia nordestina, Lula renova seus velhos laços com os capitalistas mineiros. Além de fazer seus comícios, Lula busca novas alianças e acordos com os empresários em Minas. O ex-presidente irá comemorar seu aniversario na Coteminas, em Montes Claros (MG) como sinal de aproximação para reerguer uma ponte com o empresariado, afagando o filho de José de Alencar (1931-2011), seu vice e fundador da têxtil agora presidida por Josué.

Além dos empresários mineiros, Lula tem uma relação de longa data com um dos principais acionistas da Kroton Educacional, o empresário Walfrido dos Mares Guia. O maior monopólio de educação no Brasil, que registrou lucro líquido de R$ 493,673 milhões no primeiro trimestre de 2017. A relação dos dois é tão próxima que o empresário emprestou seu avião Cessna Citation CJ3 por diversas vezes ao petista.

Através da Coteminas e da Kroton, Lula tenta tecer boas relações com empresários rompidos com o petismo como aqueles da CNI e da FIESP. Outro sinal de “bandeira branca” para os empresários golpistas é que toda menção a um hipotético referendo revogatório menciona a PEC 55 e nunca os interesses que realmente tocam os empresários: a reforma trabalhista e a terceirização irrestrita, mantendo estes intocáveis.

Por sua vez, o governo do PT foi o que mais abriu espaço para os monopólios educacionais com programas como REUNI. Esse projeto facilitou a entrada de uma parte da população no ensino superior, e é usando como uma das principais propagandas da atual campanha petista.

Contudo, o que o PT não fala, é que não só o projeto endivida milhares de jovens, como é uma forma de transferir investimento público a iniciativa privada. Ao invés de criar vagas nas universidades públicas e aumentar o acesso e a permanência, o PT aumentou sim, foi os lucros da Kroton e seus acionistas. Essa é a contra-cara da busca dos reitores que Lula também fará em Minas, onde, como de costume, acenderá velas para diferentes atores, mas para no fundo, como sempre ajudar os bilionários.

Essa aliança do PT com os empresários e seu discurso popular é a marca da falida conciliação de classes. Da ideia falsa de que é possível empresários e trabalhadores avançarem juntos, ou que se um empresário avança os trabalhadores vão se beneficiar com empregos.

Todo o discurso de Lula em Minas Gerais perpassou essa ideia, que no seu governo os trabalhadores começaram a consumir e viajar. Contra uma direita que tenta se apoiar na decadência da falida hegemonia lulista que tinha como base cidadãos-consumidores Lula tem a oferecer mais do mesmo.

Foi no governo petista que o trabalho terceirizado deu recorde de expansão. O trabalho escravo não deixou de existir, pelo contrário. As pessoas puderam comprar uma ou outra coisa, mas isso não mudou a intensa exploração do trabalho, a retirada de direitos, os salários baixos, se a vida parecia melhor do que hoje, de forma alguma estava boa como o PT quer fazer parecer.

Como dissemos, além dos empresários, Lula também irá buscar apoio das reitorias das universidades federais, e partidos da base do governador Fernando Pimentel (PT). Lembrando que Pimentel é aliado ao PMDB no Estado com seu vice Antônio Andrade e o presidente da Assembleia, deputado estadual Adalclever Lopes (PMDB). Outros deputados estaduais do PMDB também estarão presentes na caravana. O partido golpista e ajustador está junto com o PT em Minas, mais um exemplo do que Lula declarou recentemente, que para se eleger é preciso alianças, mesmo com setores de direita que ele ”não gosta, mas tem voto”.

Os ajustes não vem apenas do Planalto: Pimentel vem aplicando ataques aos servidores do Estado de Minas. Após atrasar o salário de outubro dos servidores públicos, Pimentel prometeu agora pagar a segunda parcela do salário de setembro até esta terça-feira (24), essa já é a terceira vez que o governador atrasa os salários e deixa os trabalhadores sofrerem sem ter como comprar comida, pagar transporte e todos os custos da vida.

Além disso o petista, apesar dos discursos pró educação de seu partido, abriu para que empresas privadas administrem as escolas públicas, conforme Pimentel declarou, “Estão querendo atender à lógica do mercado e não investir na educação como bem público e fundamental. O governo de Minas Gerais quer entregar a gestão de escolas públicas para empresas por meio de projeto de PPP e isso é privatizar o ensino público”. Segundo o projeto de lei de sua autoria, a PL 4135/17, que cria fundos estaduais de financiamentos de investimentos e abre as portas para aprivatização da educaçãopor via das Parcerias Público Privadas (PPP), favorecendo as empresas e grandes construtoras.

E assim como Dilma reprimiu as manifestações de 2013 e 2014, Pimentel também reprime quem luta contra a precarização da educação. Mostrando com é uma pratica petista.


As alianças do PT com os partidos golpistas são para preservar o sistema capitalista e o regime de 88 em crise

O PT assimilou todos os modos de governo do regime, fez ajustes contra os direitos trabalhistas e cortes sociais, foi esse partido que abriu espaço para a direita e ainda aceitou o golpe institucional sem dar batalha. Agora o Lula apresenta essa proposta de “referendo revogatório” das medidas do governo Temer.

Sabemos que não passa de um discurso eleitoral, pois não só o PT já vinha aplicando ataques, como durante as lutas dos trabalhadores contra as reformas, foi esse partido que por via da sua influência sindical, paralisou e traiu as greves. Também nos anos 90 falava contra as medidas de FHC mas não se movia contra elas, deixou-as intactas depois de entrar no governo, mesmo movimento que se repete farsescamente.

Agora que o chicote golpista vem sobre as costas dos trabalhadores com a reforma da Previdência e que até militares começam a soltar suas asas, o PT quer fazer as pessoas voltarem a acreditar no seu projeto de conciliação de classes. Mas não buscam nem disfarçar: numa Caravana com Renan Calheiros no Nordeste, e sua busca por empresários em Minas Gerais e com mil e um acordos com os partidos golpistas. O PT quer na verdade salvar “sua pele” e salvar todo o regime político pra evitar qualquer tipo de luta social e dos trabalhadores.

É isso que tem a oferecer aos empresários ao passo que Lula pode fazer um discurso mais “vermelho” conforme o público.

Fonte: Esquerda Diário.

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