Lá vai “La Chamana”

Por Raul Fitipaldi.

Chavela Vargas, a mulher diversa nascida em Costa Rica e há 70 anos nacionalizada mexicana, a dona da voz sensual, rouca, diferente e distinta, o corpo feito para o manto vermelho que cobriu seu corpo, a poesia feita para o amor e a Pátria Grande, a pulsação do amores proibidos, foi-se embora. Já viaja na eternidade a inquieta Chavela Vargas, uma das maiores entidades artísticas da Nossa América.

Aos 93 anos Chavela partiu para sempre. Escolheu Federico García Lorca para se despedir dos palcos semanas atrás, na Espanha. Seu disco “A Lua Grande” foi o epitáfio poético com que abrilhantou sua impossível partida. Chavela fica entre nós. Foi nos braços de Chavela Vargas que amanheceu a expressão de enfrentamento ao conservadorismo de gênero, à visão piegas da mulher bem comportadinha e frágil no palco. Chavela foi um desafio aos costumes machistas, cretinos e autoritários. Mas, sobretudo, Chavela foi uma intérprete incomparável.

Faleceu faz menos de uma hora. Faleceu fisicamente, sua voz está guardada para sempre em nossa memória no espaço mais alto da cultura.

Chavela Vargas, viveu já tantas vidas que, sem dúvida, amanheceremos muitas vezes entre seus braços, porque uma Chamana não morre.

 

Chamana, feminino em espanhol de chamán (xamã em português)

 

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