Jornada pedirá fim da megamineração, da repressão aos lutadores sociais e respeito aos recursos naturais

Por Natasha Pitts.

Hoje (23), por volta das 17h, a Praça de Maio, em Buenos Aires, Argentina, será tomada por manifestantes contrários à megamineração. A intenção é fortalecer as manifestações que já acontecem há mais de dois meses e pedir o cancelamento das leis mineiras, o fim da lei antiterrorista, a não criminalização dos/as lutadores/as, o fim da repressão e respeito aos recursos naturais e à autodeterminação dos povos.

A Jornada Nacional Contra a Megamineração, que está sendo convocada pela União de Assembleia Cidadãs – UAC, já recebeu apoio de 35 coletivos, assembleias, redes, organizações, frentes e correntes políticas. Os representantes destes movimentos farão concentração na Praça dos Dois Congressos antes de partirem para a Praça de Maio. Os interessados em se juntar à mobilização podem escrever enviando sua adesão para: [email protected].

À medida que a mineração vem crescendo na Argentina também aumentam as expressões contrárias a esta atividade ofensiva ao meio ambiente e às pessoas. Prova disso é que há dois meses a população do Norte do país está chamando a atenção de seus governantes para os prejuízos provocados pela mineração. Belén, Famatina, Andalgalá, Amaicha, Tinogasta e Cafayate são exemplos de municípios que estão em mobilização constante para livrar suas águas e demais recursos naturais das garras das mineradoras.

“Estes levantamentos são parte de uma luta que vem de anos, e é o resultado de uma construção coletiva que foi, desde o começo, abandonada pelas autoridades nacionais e provinciais e os meios massivos de comunicação”, esclarece UAC, assegurando que em virtude da repressão que os manifestantes vêm sofrendo e pela necessidade de se fazer ouvir este povo, toda a população argentina está convidada a participar da Jornada Nacional Contra a Megamineração, iniciativa que busca conseguir mais vitórias em favor do povo.

Até o momento já foi possível conseguir saldo positivo. Em Famatina, onde moram apenas 6.500 habitantes, a firmeza e constância das ações conseguiu a suspensão de um projeto mineiro a céu aberto que renderia 25 bilhões de dólares em 30 anos.

Esta vitória motivou as populações de Catamarca e Tucumán, que há duas semanas iniciaram um protesto bloqueando os caminhões que abasteciam a maior jazida da Argentina, em Bajo de la Alumbrera (ouro e cobre). A ação provocou a prisão de 22 manifestantes, entre eles ecologistas, que foram soltos poucas horas depois, dando continuidade aos protestos.

Em La Rioja, dez mil pessoas protagonizaram uma marcha contra um projeto da mineradora canadense Osisko, mesmo cientes de que 30% dos lucros ficariam na cidade. O fato é que a população não deseja o dinheiro da mineração e é consciente de que esta atividade inviabiliza outras mais importantes e não ofensivas, como a agricultura e o turismo. O governador Luis Beder Herrera, quem a população exigia que renunciasse, decidiu suspender o projeto até conseguir o apoio social.

Apesar das constantes mostras de que a população não deseja a mineração em seu território e valoriza a água e os recursos naturais, o governo da presidente Cristina Fernández de Kirchner ostenta com orgulho os números da mineração: em 2011, os investimentos mineiros chegaram a 1.936 milhões de euros.

Mais informações no site: http://asambleasciudadanas.org.ar/

Fonte: Adital

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