Incríveis coincidências do impeachment

Por Juremir Machado da Silva.

Depois que o impoluto Eduardo Contas na Suíça Cunha abriu o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff começaram a aparecer coisas incríveis.

Só coincidências.

1 – Eliseu Padilha percebeu repentinamente que era desprestigiado no governo e, um dia após a deflagração do processo de impeachment por Cunha, pediu para sair do cargo que ocupava. Padilha, que jamais mostrou melindres pessoais, sendo conhecido por seu estômago de avestruz, uma incrível capacidade de engolir jacarés sorrindo, descobriu sua subjetividade. De uma hora para outra lembrou que tinha problemas pessoais para resolver.

2 – Michel Temer, eleito para ser vice-presidente, cuja função é substituir presidente, percebeu repentinamente que era figura decorativa, que não era respeitado, que era esnobado, que não inspirava confiança, que estava muito magoado e que tinha de revelar seu ressentimento.

3 – Eduardo Cunha deu-se conta subitamente de que o relator do seu caso na comissão de ética da Câmara de Deputados era do seu campo político e que isso poderia afetar a neutralidade do processo com um viés favorável a ele, Cunha. Pediu ao STF que o relator fosse trocado. O STF, apesar de certamente louvar o prurido ético de Cunha, não viu razão para atendê-lo.

4 – O PP, cujos representantes lideram a lista de investigados pela Lava-Jato, acordou para a necessidade de transparência, clareza, ética, honestidade e combate à corrupção.

5 – O PSDB descobriu que Michel Temer, quando não estava decorando o ambiente, na condição de presidente interino, também pedalou. Os tucanos só não lembram de pedaladas de FHC. A memória tucana é muito seletiva e será estudada em laboratórios americanos.

6 – A oposição que, quando era situação, chamava de golpe as tentativas petistas de impeachment contra Itamar Franco e FHC, agora se revolta contra esse rótulo.

7 – O PT que, quando era oposição, chamava de impeachment o golpe que queria aplicar em Itamar e em FHC, agora se revolta contra o golpismo dos seus adversários.

8 – O voto secreto, que era considerado quase banido no Congresso Nacional, reapareceu.

9 – A oposição, que clama por honestidade, trabalha unida com o corrupto Eduardo Cunha.

10 – Michel Temer não consegue entender a desconfiança de Dilma em relação ao PMDB.

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Foto de capa: Reunião da Comissão de Ética da Câmara. Lula Marques/Agência PT

Fonte: Contexto Livre.

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