Imagens mostram segundo caso de tortura no supermercado Ricoy, em São Paulo

Nas novas cenas, homem aparece chicoteado e criança é ameaçada; empresa de segurança tem ex-PM entre os sócios

Uma unidade do Ricoy Supermercados, na cidade de São Paulo (SP), foi palco de outra bárbara sessão de tortura. Em imagens obtidas com exclusividade pelo Brasil de Fato, um homem aparece amarrado e com diversas marcas de chicotadas. O expediente é o mesmo utilizado pelos seguranças do comércio para martirizar um jovem negro de 17 anos, caso que viralizou na última segunda-feira (2).

Em uma das imagens, os seguranças empilharam produtos que a vítima teria tentado roubar no Ricoy, embalagens de linguiça e frango congelados, chicletes, desodorante e um shampoo. Em outro registro, é possível ver a mesma vítima, com o rosto machucado, encostado em uma estrutura com o logotipo do Ricoy.

Com as imagens, o Brasil de Fato também recebeu um vídeo em que um funcionário do supermercado tortura psicologicamente uma criança. “Você vai ficar em uma cela cheio de moleques da sua idade, ou mais velho, tem uns lá que gostam de abusar de outro moleque. Olha que legal. Tem uns que vão te dar uma surra bem dada. Olha que legal”, diz o funcionário do comércio ao garoto que supostamente havia tentado praticar roubo.

Para o presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado de São Paulo (Condepe-SP), Dimitri Sales, com a reincidência, o supermercado deve ser responsabilizado e ter seu alvará cassado.

“As dependências do estabelecimento estão sendo utilizadas para a prática de tortura. Logo, esse caso tem que ser levado muito mais sério que a agressão a um jovem negro, a responsabilização cai para além dos funcionários, é uma responsabilização contra o estabelecimento”, afirma Dimitri.

Ainda de acordo com o presidente do Condepe, as novas imagens apontam para mais “uma violação inaceitável de direitos humanos, eles estão praticando tortura, cárcere privado e maus tratos. As medidas agora devem severas. O que sugere é que não é mais a prática de um funcionário isolado, é uma prática corriqueira do estabelecimento”.

Ex-policial militar

O Ricoy contrata os serviços da KRP Zeladoria Valente Patrimonial para o setor de segurança. A empresa tem entre seus sócios Alfredo Geromim Valente, Orlando Geromim Valente e o ex-tenente coronel Claudio Geromim Valente.

O último, esteve envolvido na morte de uma jovem de 19 anos em 1995, quando era policial. Claudio Valente respondeu a um processo por homicídio doloso, quando há intenção de matar, acusado de ter disparado contra a jovem, enquanto ele espancava um adolescente abordado durante uma operação policial. O processo foi arquivado em março de 2009.

Seguranças identificados

Na última terça-feira (3), a Polícia Civil identificou os seguranças que chicotearam o adolescente de 17 anos no mês de agosto no Ricoy Supermercado, são Waldir Bispo dos Santos e Davi de Oliveira Fernandes, ambos funcionários da KRP Zeladoria Valente Patrimonial. Nas imagens divulgadas pelo Brasil de Fato, não é possível identificar os agressores.

Em nota, o Ricoy afirmou que “está chocado com a tortura sem sentido” e que os “seguranças não prestam mais serviços para o supermercado”. Nossa reportagem não conseguiu contato com KRP Zeladoria Valente Patrimonial, nenhum dos telefones disponíveis da empresa foi atendido.

Veja as imagens recebidas pelo Brasil de Fato:

Edição: Rodrigo Chagas

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