I Conferência Internacional de Agricultura Urbana em Berlim

Como tema principal a Conferencia tratou de políticas públicas municipais na promoção da Agricultura Urbana (AU), também foram debatidos os temas sobre cooperação entre Norte e Sul Global para a promoção da AU e a importância da AU para estratégias de programa sobre mudanças climáticas. A conferência contou com representantes governamentais e não governamentais, ativistas sociais, políticos de diferentes esferas e pesquisadores.

Sendo um dos poucos brasileiros a participar, fui convidado pelo organizadores, justamente por estar atuando com o tema da Agricultura Urbana desde 2003 e ter feito esta transição de praticante para ativista social e agora ocupando a política institucional como vereador no legislativo de Florianópolis/SC.

Na ultima plenária geral, com aproximadamente 200 pessoas, fiz minha participação no painel em formato de aquário que tinha uma pergunta motivadora: “O que precisamos para promover agricultura urbana em nível global?”. Dividindo o espaço com representantes de Quito, Berlim e Maputo, pude falar da experiência de construção da sociedade civil através das ONGs, Movimentos Sociais e grupos autogestionados que há quase 2 décadas são os grandes promotores da AU no Brasil e em Florianópolis.

Falei da importância das redes como a Rede Semear Floripa – Agricultura Urbana em Florianópolis e do Coletivo Nacional de Agricultura Urbana que promoveu o Encontro Nacional de Agricultura Urbana (ENAU) em 2005 no RJ. A ausência de uma política nacional de AU, o decreto municipal, fruto da construção na Rede Semear e a tramitação do PL da Política Municipal de Agroecologia e Produção Orgânica do nosso mandato que vem chegando ao final de sua tramitação na Câmara Municipal de Florianópolis chegando também estiveram na fala.

A denúncia do Golpe do Temer com a força da bancada ruralista, a destruição da Amazônia e a injusta disputa de modelo da AU com a cadeia agroalimentar do agronegócio global que tanto destrói comunidades, populações, trabalhadores rurais, indígenas, usurpam dos ecossistemas e dos ambientes equilibrados deixando as externalidades de degradação, populações extintas e as pessoas doentes pelo alto nível de contaminação por agrotóxicos e fertilizantes químicos sintéticos estiveram presentes em minha fala.

Sabendo que a agricultura urbana promove a aroecologia, amplia a diversidade agroalimentar, diminui a distancia entre quem planta e quem consome, pode ser uma potente ferramenta pedagógica e questionadora do agronegócio, gera renda e preserva recursos, ainda assim, vive sem apoio financeiro dos governos. Temos como exemplo o caso que no Brasil os agrotóxicos não pagam ICMS, em contrapartida não temos um programa de agricultura urbana e em Santa Catarina não temos ao menos um programa de agroecologia. Diante disso, precisamos repensar a cadeia agroalimentar onde o alimento é visto somente como mercadoria e o lucro está no centro para também avançarmos com a Agricultura Urbana no nível global.

Oficinas e rodas de apresentações de experiências dos continentes africano e asiático, da América Latina, Oriente Médio e Leste Europeu estiveram dentro da programação. Muitos projetos acontecendo pelo mundo, muita resistência e muita gente vivendo da Agricultura Urbana. Ficou a certeza que está valendo toda a luta que travamos, todo esforço de incluir no orçamento do município apoio financeiro para AU, nas mendas propus desde capacitações até infraestrutura, mas infelizmente foram reprovadas no PPA e LDO. Ainda espero incluir na LOA, se o plenário aprovar nossas emendas, pois só assim haverá compromisso da gestão com o tema, pois muitos trabalhadores e trabalhadoras da rede pública municipal já desenvolvem ações em parceria como a sociedade civil e universidades no âmbito da agricultura urbana em diferentes secretarias como a de saúde, educação, Comcap, Floram, etc.

Por fim, tivemos 3 saídas de campo conhecendo projetos em Berlim e arredores, desde jardins coletivos, áreas que a prefeitura arrenda ou cede para os moradores, parques agrícolas, ocupações de coletivos artísticos e de agricultura urbana em áreas abandonadas, etc. Todas ações inspiradoras, porém que deixam a certeza que temos muitos projetos de ponta no Brasil e em Florianópolis Não estive com olhos e olhares colonialistas e de transferência tecnológica, estive como um agente politico e ativista na busca de ampliar as relações em rede no nível global, bem como de avaliar nossas praticas e perceber o quanto temos de potencialidades nas ações diárias no Brasil e em Florianópolis. Mas também com olhos abertos para me inspirar, para enxergar o belo e ter parâmetros comparativos.

Continuaremos nesta construção neste misto de ativista social e político institucional cheio de práticas, projetos, sonhos e utopias já vividas.

 

Marcos José de Abreu – Vereador de Florianópolis/SC pelo PSOL

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