Grupo curitibano oferece acolhimento e educação para população trans

Transgrupo atua desde 2004 e foi selecionado para o Projeto Legado 2018

Os desafios enfrentados por transexuais no Brasil são imensos. Segundo a organização europeia Transgender Europe, somos o país que mais mata pessoas transexuais e transgêneros no mundo, grupo que tem a alarmante expectativa de vida de apenas 35 anos. Segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), rede que articula mais de 200 instituições brasileiras, em 2017 houve 179 mortes. 67,9% das vítimas tinham entre 16 e 29 anos, 23% entre 30 e 39 anos, 7,3% entre 40 e 49 anos, e 1,8% acima dos 50 anos.

Aqueles que não entram para os índices de mortes, convivem com o preconceito que gera exclusão em diferentes âmbitos: saúde, cidadania, educação, cultura, entre outros. Para promover o direito de pessoas trans, combater estigmas e gerar empoderamento foi criado em 2004 o Transgrupo Marcela Prado, organização social paranaense que faz parte da turma 2018 do Projeto Legado. “O Transgrupo é uma iniciativa criada pelo próprio movimento para atender as demandas da população trans, especialmente em questões jurídicas, como a luta pelo nome. Temos o propósito de trabalhar com o empoderamento para que eles tenham fortalecimento pessoal diante das inúmeras violências que sofrem”, explica a coordenadora pedagógica da instituição, Maíra Godoy.

Atendendo cerca de 5 mil pessoas por ano, a equipe de voluntários do Transgrupo também presta atendimento a portadores do vírus da Aids. Na área de educação, foi criado o curso preparatório gratuito “Tô passada”, projeto gratuito destinado à comunidade LGBTI para oferecer a possibilidade de um novo futuro. “Grande parte dessa população não tem acesso à educação. A escola é uma instituição hostil que acaba sendo um trauma na vida. O ‘Tô passada’ segue a pedagogia da libertação para ajudar quem quer se formar no Ensino Médio, passar no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e fazer uma faculdade”, diz Maíra. O curso é oferecido de terça a quinta e não tem limite de idade. Na edição deste ano, que já encerrou o período de inscrições, serão recebidos 20 alunos. Os professores são todos voluntários.

No Projeto Legado, o Transgrupo passa a ser o aluno. O aprendizado sobre empreendedorismo social vai ajudá-los a continuar quebrando as barreiras cotidianas de pessoas que só desejam ter o direito de ser quem elas quiserem. Essa é a primeira vez que a aceleração do Instituto Legado recebe uma organização dedicada à população Trans.

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