Governo dos Estados Unidos emite sanções contra companhia aérea venezuelana

Secretário do Tesouro afirmou que empresa traslada “funcionários corruptos do regime de Maduro em todo o mundo”

Empresa criada por Hugo Chávez emprega mais de duas mil pessoas e realiza vôos nacionais e internacionais desde 2004. – Divulgação

Por Michele de Mello.

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou, na última sexta-feira (07/02), sanções contra o Consórcio Venezuelano de Indústrias Aeronáuticas e Serviços Aéreos (Conviasa), impedindo a estatal de fazer viagens ao território estadunidense, assim como realizar qualquer tipo de transação comercial com o país.

Também adicionou a estatal à lista de empresas bloqueadas pela Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC – pela sigla em inglês).

A companhia estatal venezuelana já havia sido afetada pela Ordem Executiva 13.884, emitida pelo presidente Donald Trump em agosto de 2019, o chamado bloqueio total.

A nova medida aprofunda o bloqueio, pois prevê que as propriedades que estejam sob controle de empresas ou cidadãos estadunidenses e apoie financeira, material ou tecnologicamente a Conviasa e suas aeronaves serão sancionadas.

Isso pode incluir empresas de manutenção de aviões, provedores de combustível, empresas de seguros, pessoas ou empresas que queiram alugar aeronaves e até mesmo passageiros que contratem os serviços da Conviasa.

Em um comunicado, a OFAC afirma que a ação não impede que os venezuelanos viagem, já que poderiam “voar com outras companhias aéreas que não estão sancionadas”.

O vice-presidente de Economia Tareck El Aisami afirmou que o governo solicitou ao Ministério Público abrir uma nova investigação ao deputado Juan Guaidó que viajou para o exterior pedindo novas sanções internacionais contra o país. Também garantiu que a empresa com mais de dois mil funcionários seguirá operando. “O serviço que a Conviasa presta é para o povo e vai além de assuntos ideológicos”, sentenciou El Aisami.


O vice-presidente de Economia, Tareck El Aisami participou de um ato no aeroporto internacional Simón Bolívar com os trabalhadores da Conviasa. / El Nacional

A frota da Conviasa é composta por cerca de 40 aeronaves, sendo 32 aeronaves de produção estadunidense, incluindo 16 aviões da Embraer, antiga estatal brasileira que agora está sob administração da gigante estadunidense Boeing, depois de ter suas ações vendidas pelo governo de Jair Bolsonaro. O que significa que a suspensão de vendas pode afetar 80% das aeronaves que dependem de peças de reposição fabricadas pelos Estados Unidos.

Além de realizar voos comerciais, a Conviasa é responsável pelas viagens do Plan Vuelta a la Patria (Plano de Volta à Pátria), que ajuda venezuelanos que emigraram do país, querem voltar, mas não tem condições para pagar a viagem. Cerca de 17 mil cidadãos foram repatriados, através do programa social, criado em outubro de 2018 pelo governo bolivariano.

A companhia aérea venezuelana também traslada atletas nacionais para competições internacionais e realiza os voos da Mision Milagro (Missão Milagre) destinada a oferecer tratamento e cirurgias oftalmológicas a pacientes venezuelanos, em alguns casos no exterior.

A empresa foi criada em 2004, pelo ex-presidente Hugo Chávez, com o propósito de que fosse a maior empresa de serviços aéreos do país. Pelo vínculo estatal, a Conviasa foi uma das primeiras companhias a aceitar a criptomoeda Petro como forma de pagamento de passagens aéreas.

O Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e o Congresso Bolivariano dos Povos convocaram um ato, no centro de Caracas, para esta segunda-feira (10/02), em solidariedade aos trabalhadores e em rechaço às medidas ingerencistas dos Estados Unidos contra a Conviasa.

Edição: Leandro Melito

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