Governo chileno pode não comparecer à cúpula Mapuche

Santiago do Chile, 10 jan (PL) A cúpula convocada por comunidades Mapuche para o próximo dia 16 de janeiro, a fim de atenuar as tensões na região chilena da Araucanía, poderia carecer de representação governamental, segundo posição fixada por La Moneda.

Convocada pelo Conselho de Todas as Terras, pela Aliança Territorial Mapuche e por líderes históricos do movimento de recuperação de terras, a reunião traçou como objetivo conseguir um diálogo com as autoridades.

Também se propõe baixar os níveis de tensão existentes na região, depois de uma série de incêndios provocados por pessoas encapuzadas e o reforço da presença policial.

No entanto, a respeito da convocação para a cúpula, a porta-voz governamental, Cecilia Pérez, disse que La Moneda tem vontade de dialogar, mas só com aqueles que “respeitam a institucionalidade chilena”.

Pérez referia-se à denominada Área de Desenvolvimento Indígena (ADI), criada na cidade de Ercilla, e que agrupa mais de trinta comunidades indígenas.

“Os que hoje pedem para dialogar, não se aproximaram nunca da ADI, acreditamos que é a oportunidade de serem integrados ao trabalho institucional e continuarem avançando entre todos”, declarou a porta-voz.

A ADI foi anunciada pelo presidente Sebastián Piñera em outubro de 2012 e, segundo disse o Executivo, o plano está dirigido ao desenvolvimento integral, econômico e social, e à proteção da história e cultura dos povos originários.

No entanto, a comunidade mapuche de Temucuicui recusou a iniciativa por considerá-la parte de uma estratégia governamental para ocultar os conflitos sobre a reivindicação de terras ancestrais e os atropelos na região.

O porta-voz dessa comunidade autônoma, Jorge Huenchullán, assegurou que a ADI é uma ação das autoridades contra as mobilizações que acontecem em Ercilla, onde o problema a resolver é a devolução de territórios originários.

“Os mapuches não estamos lutando para que encontrem um caminho e comecem uma série de assistencialismo para nossa gente, por isso repudiamos a ADI, não tem validade para nós”, assinalou o líder comunitário depois do anúncio da iniciativa.

Huenchullán chamou o Governo de Piñera a focar os esforços para a devolução dos terrenos e que depois se proceda à conformação de organismos do Estado. Além disso, enfatizou que a essência do conflito não está sendo abordada com a ADI.

De acordo com uma reportagem da Rádio Universidad de Chile, o senador Andrés Zaldívar recomendou ao Governo que participe de todos os espaços de diálogo possíveis e destacou que “é um tema da realidade da sociedade chilena que precisa de uma solução”.

No entanto, o Intendente de Temuco, Andrés Molina, disse que não é momento de conversar e chamou Aucán Huilcamán, o líder do Conselho de Todas as Terras, a reconhecer as autoridades chilenas e respeitar as comunidades que optaram por participar da ADI.

O subsecretário do Interior, Rodrigo Ubilla, manifestou por sua vez que o Governo respeita as formas de organização dos mapuches, porém só aceita a ADI.

Em um dos incêndios provocados recentemente, um casal de latifundiários morreu. Líderes mapuches negaram qualquer relação das comunidades que dirigem com o fato, cujos autores ainda não foram identificados.

Dois indígenas foram detidos, um deles ferido depois do incidente, mas as propriedades queimadas e os detalhes do grupo que provocou o incêndio não foram revelados. As autoridades qualificam-nos de terroristas.

tgj/et/es

Modificado el ( jueves, 10 de enero de 2013 )

Fonte: Prensa Latina

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